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08 DE ABRIL DE 2011

Sonhar, comprar e chorar

Por: Fernando De Maria

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O impacto é impressionante. Primeiro, um estande perfeito, cuidadosamente decorado para você se sentir (muito) bem. O atendimento é VIP. Belas recepcionistas te aguardam com um sorriso sempre estampado no rosto. 


Segundo, anúncios publicitários e panfletos em abundância, onde o cliente é orientado pelas moças-bandeiras, que, sob sol ou chuva, empunham suas placas para mostrar o caminho do empreendimento dos sonhos (?) recebendo parcos trocados (R$ 25) por uma jornada das 9h30 às 18 horas, sem direito a refeição nem água. E ninguém fiscaliza.
A imagem se tornou comum nos últimos anos. O objetivo maior restringe-se às vendas. O sonho da casa própria passa a ser uma realidade em razão das facilidades oferecidas e das maravilhas que o novo local terá para você e seus filhos. No entanto, para muitas famílias o sonho virou pesadelo.


A reportagem publicada na última edição do Boqueirão e sua repercussão mostra que no afã de se construírem torres e mais torres famílias estão à mercê da sorte e da boa vontade das incorporadoras. Em todo o País, aliás.


Casos não faltam para ilustrar. Sou testemunha do drama de um casal, cujo casamento ocorrerá em junho próximo – já adiado em razão da demora na entrega do imóvel  – que não sabe o que fazer após o enlace, pois o apartamento, ainda em construção na Rua Maria Máximo, na Ponta da Praia, não estará pronto a tempo. Assim, presentes e eletromésticos deverão ser guardados ou adiados, sob o risco de se perderem na validade ou na falta de uso.


Levantamento da Tapai Advogados, com base em dados no Tribunal de Justiça, revela que a expansão do número de ações judiciais contra construtoras e incorporadoras cresceu 400%. Em 2010, foram 696, contra 142 dois anos antes. As líderes são Tenda, Gafisa, MRV, Cyrela e Ecoesfera.


O advogado Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário, tem uma lista de tristes histórias de compradores que viram o sonho da casa própria virar pesadelo, como a do cidadão que vendeu a casa para o recebimento das chaves do novo imóvel, mas, como a obra não foi entregue a tempo, acabou sendo despejado da sua ex-casa.


O próprio advogado paulistano tem em mãos o caso de um comprador de uma unidade do Porto Cidade (Rua República do Equador, na Ponta da Praia), que ofereceu aos compradores até show do cantor Jorge Ben Jor no seu lançamento. A obra deveria ter sido entregue em março de 2010. Só agora, nas mãos da espanhola PDG – líder do segmento no mundo- começa a ter seu ritmo acelerado.


As construtoras alegam que o índice de reclamações é ínfimo em relação ao volume de unidades ofertadas. Por menor que seja, porém, o drama do atraso não paga os transtornos provocados de forma que a expressão da alegria no início da compra é substituída pela raiva e choro no final. As novas torres surgem.

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