Tragédias repetidas | Boqnews
Foto: Divulgação / Fotos Públicas Prédio em São Paulo

Opiniões

08 DE MAIO DE 2018

Tragédias repetidas

Por: Humberto Challoub

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O trágico incêndio ocorrido no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, trouxe à tona mais uma vez o drama envolvendo famílias que ocupam sub habitações em edificações abandonadas e em áreas de risco, sobretudo nas grandes cidades da região Sudeste onde se localizam os maiores adensamentos urbanos do País.

Ao longo de décadas, as iniciativas governamentais adotadas para o setor falharam ao não priorizar projetos que visam oferecer condições dignas de moradia às populações de baixa renda, que deveriam incluir também obras de infraestrutura urbana e de saneamento, extremamente necessárias para a melhoria das condições de vida dessas comunidades.

Mais do que nunca é preciso entender que os investimentos feitos para a ampliar a oferta de moradias não é um gesto de benevolência ou paternalismo do Estado.

Ao contrário, na mesma proporção em que recursos são destinados à melhoria das condições de habitabilidade, são necessários menos dispêndios com a saúde e à segurança pública, gerando também benefícios à sociedade como um todo.

Da mesma forma, há de se considerar a geração de empregos diretos para a execução das obras e a movimentação de toda uma cadeia produtiva que, reconhecidamente, resulta em impactos positivos a muitos outros segmentos importantes da economia nacional.

Participação coletiva

No esforço de priorização e implantação de projetos habitacionais dirigidos às populações de baixa renda torna-se imprescindível a participação das administrações municipais, Poder Judiciário e órgãos ambientais, na definição de áreas a serem destinadas a este fim.

O excesso de burocracia e a falta de zelo na aplicação de verbas públicas têm sido, ao longo da história, um dos principais entraves à execução de projetos de construção de casas populares, especialmente quando ferem interesses de grandes grupos econômicos ou são motivados por objetivos eleitorais.

Mesmo que muitas vezes se atribua viés político às iniciativas governamentais dessa natureza, especialmente em períodos que antecedem disputas eleitorais, toda ação voltada a reduzir o imenso déficit habitacional brasileiro merece o apoio de toda a sociedade, que dela haverá de se beneficiar direta ou indiretamente.

Prédio em São Paulo

Foto: Divulgação / Fotos Públicas

Com transparência e rigorosa fiscalização no uso dos recursos, de forma a evitar o desvio de finalidade e as conhecidas práticas de corrupção que alimentam cofres de partidos e engordam o caixa de grandes empreiteiras, é possível criar um novo paradigma para um setor fundamental à melhoria da qualidade de vida de milhões de brasileiros e, dessa forma, evitar a repetição de tragédias a partir da união de esforços e vontade política de nossos governantes.

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