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Opiniões

28 DE MAIO DE 2017

Trapalhadas circenses

Por: Fernando De Maria

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Não dá para ignorar as sucessivas trapalhadas que os políticos costumam colocar em prática na hora de lidar com situações de maior pressão. Dois exemplos na última semana atestam esta realidade.

Primeiro, o pedido do acuado presidente Michel Temer para que as Forças Armadas fossem acionadas para defender as sedes dos três poderes em razão dos milhares de manifestantes que invadiram a Capital protestando contra o governo – especialmente em relação aos vândalos que depredaram prédios e equipamentos públicos.

Acuado com a possibilidade de sair chamuscado das labaredas que surgiam no meio da multidão, Temer recorreu ao passado ao convocar os militares, ignorando o papel da Polícia Militar de Brasília, provocando desconforto junto ao governador local, Rodrigo Rollemberg.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que permanece no PPS, apesar do seu partido já ter desembarcado da nau governista, reiterou que a presença dos militares deveu-se ao pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, temeroso que os manifestantes invadissem o Congresso.

Maia, porém, disse que havia solicitado a Força Nacional – sem qualquer relação com o Exército -, mas Temer optou pelas Forças Armadas. Colocou mais lenha na fogueira no já tenso ambiente.

Na verdade, a presença dos militares para proteger os prédios públicos foi apenas uma cortina de fumaça para mudar o foco da mídia em relação aos sucessivos escândalos que surgem diariamente. O Palácio tenta ser algo que na prática já não existe mais. Caminha para ser um governo zumbi até as eleições do próximo ano. Se não ocorrerem mudanças no caminho, é claro.

Zumbis, aliás, são o retrato das milhares de pessoas que foram dispersadas da Cracolândia, na Capital, em uma ação compartilhada entre os governos municipal e estadual, capitaneadas pelo midiático prefeito João Dória e seu mentor, Geraldo Alckmin. Ninguém ignora que algo precisava ser feito para solucionar aquela chaga.

O problema foi a separação da ação policial – eficiente sob o ponto de vista da prisão de traficantes – mas uma tragédia em termos de políticas públicas, tanto na área social como de saúde. O problema que estava concentrado em uma região agora espalhou-se por outros pontos da Capital.

O melhor diagnóstico foi dado pela ex-secretária de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, Patrícia Bezerra, que pediu demissão em razão da forma “desastrosa” como a operação foi feita, sem integração com os setores sociais e de saúde pública. Diante de tais episódios, resta rir ou chorar neste circo político?

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