Estamos encerrando um ciclo olímpico único. Com um ano de atraso e com recorde de medalhas em meio a pandemia. Santos, a cidade mais esportiva do Brasil, foi determinante para esse desempenho único.
Seria fácil lembrarmos dos atletas que se prepararam e trouxeram medalhas, em especial a Ana Marcela da Maratona Aquática e o Kelvin Hoefler do skate com ligações quase que umbilicais com a Baixada Santista. Mas, quero destacar um medalhista de ouro que foi a Tóquio e, mais uma vez, fez a diferença: Rogério Sampaio.
Em 1992, ele foi aos tatames de Barcelona e, quando ninguém esperava nada dele, trouxe o segundo ouro do Judô brasileiro, honrado a memória do irmão Ricardo Cardoso Sampaio, que havia falecido pouco antes da Olimpíada e com certeza estava em cada o-soto-gari dado até aquela final.
Após parar como atleta, começou sua carreira de dirigente, não só em sua academia, onde ajudou a formar nomes como Leandro Guilheiro e Daniele Zangrando, mas como dirigente tendo presidido por anos a Fundação Pró-Esportes de Santos.
Vi de perto sua coragem mudar os rumos de um esporte de Santos. Em 2007, o Futebol Feminino do Santos FC conquistou a Liga Nacional, o primeiro título de relevância das Sereias da Vila. Em uma cerimônia de reconhecimento do título, vislumbrei uma oportunidade de resolver um problema que sempre fazia o técnico Kleiton Lima reclamar: campos de treinos. Sim, o primeiro título das Sereias foi produzido em treinos nas praias do Canal 2 e não nos gramados.
Com o roteiro da solenidade nas mãos, vi que Sampaio era o segundo a falar, depois do presidente do Santos, Marcelo Teixeira. Procurei Rogério e pedi: em seu discurso fale que as meninas que não tem campo para treinar. Ele me questionou se o presidente do Santos não ficaria bravo. Logo disse que conhecia bem o presidente e que, se ele falasse, com certeza Teixeira, que desconhecia a profundidade do problema, iria fazer algo.
Tomei a atitude de falar com ele na esperança de ajudar a modalidade de alguma forma. Começamos o evento, e Sampaio mostrou sua coragem em um discurso duro ao falar do problema. Na hora, Marcelo Teixeira me chamou e perguntou o que era. Rapidamente expus o absurdo. Teixeira voltou ao púlpito e disponibilizou os campos para os treinos das meninas. Mais uma medalha de Sampaio nos bastidores de forma discreta, como ele é.
Também foi importante para trazer Marta, Cristiane e a primeira Libertadores de Futebol Feminino para Santos em 2009, representando a Prefeitura de Santos na organização da competição.
Depois, esteve no Ministério do Esportes e atendendo chamado de seu ex-técnico Paulo Wanderley assumiu como Executivo do COB em 2018, em meio as diversas denúncias que recaíram sobre a entidade. Neste desafio, construiu com sua dedicação esse ciclo olímpico único, marcando seu nome fora dos tatames como um dos maiores Executivos do Esporte nacional.
Deu ippon na pandemia, nas divergências entre atletas da mesma modalidade como vimos no skate, em problemas de doping como vimos no voleibol feminino, uso indevido de uniformes no futebol. Enfim, não teve adversidade que esmorecesse nosso campeão.
Rogério dignifica o legado da Cidade mais esportiva do país!! O recorde de medalhas brasileiras em uma única Olimpíada é mais uma marca com selo Rogério Sampaio.

Aldo Neto é jornalista, publicitário, especialista em Jornalismo Esportivo, Político e Marketing Eleitoral
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