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06 DE DEZEMBRO DE 2015

Umbigo próprio

Por: Fernando De Maria

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O anúncio por parte da Prefeitura da criação da agência de fomento Investe Santos é, a princípio, uma ideia interessante com potencialidade para atrair investidores à Cidade. A proposta é inspirada na Investe São Paulo, agência de Promoção de Investimentos e Competitividade criada em 2008 pelo Governo do Estado. Afinal, qualquer ação voltada para a geração de empregos e renda deve ser valorizada.

No entanto, de nada adianta a criação da nova unidade pública se ela não for dotada de estrutura e profissionais capacitados para repetir outros exemplos concretos cujo custo/benefício é discutível. O mesmo vale se ela não estiver conectada com outras ações e projetos que não se limitem a Santos.

Afinal, vivemos em uma região metropolitana, uma verdadeira conurbação que nem sempre é tratada pelas autoridades com a devida importância e merecimento que os 4% dos seus mais de 1,7 milhões de moradores representam em âmbito eleitoral e demográfico no Estado, mas que não recebem a mesma contrapartida percentual de investimentos públicos.

Temos bons motivos para atrair investidores diante da nossa potencialidade logística em razão do porto e do potencial náutico, marinho e marítimo, alavancado pela cadeia de petróleo e gás, hoje em baixa em razão das denúncias contra a Petrobras, mas que pode ser um sinalizador de bons negócios em um futuro não tão distante. Porém, não podemos nos esquecer dos sérios problemas, como o bolsão de miséria em nosso entorno, e a infraestrutura sofrível de acesso ao cais santista, incluindo a pista sul da Anchieta, única ligação do transporte de cargas do planalto ao litoral, apenas para citar alguns exemplos.

Não bastasse, em decorrência da preservação da Serra do Mar, as cidades enfrentam restrições de ocupação do solo. São incontáveis os projetos que foram anunciados ao longo das últimas décadas que acabaram morrendo em razão dos impedimentos ambientais.

Para que tal iniciativa seja coroada de êxito, o que esperamos, é necessário a união de esforços também com outros municípios vizinhos para que se um projeto não puder ser instalado na cidade X, que vá para a Y, mas pelo menos fique na região.

Não dá para nossos governantes olharem seus próprios umbigos e esquecerem esta ligação contínua de terra que banha o litoral paulista. E neste sentido, a Agem- Agência Metropolitana deveria ser a fomentadora e articuladora para ‘vender’ a Baixada Santista, algo que não faz.

Regiões como Campinas e São Carlos tiveram seus impulsos econômicos graças também aos polos tecnológicos implantados em razão das universidades, peças fundamentais neste processo, que devem ser convidadas a participar efetivamente. E para tanto, são necessários investimentos em qualificação e profissionais. Alguém se habilita a bancar a conta?

Há a necessidade de se fazer um amplo banco de dados regional, destacando as potencialidades e enfrentando as fraquezas. Só assim seremos capazes de atrair investidores. Caso contrário, veremos a criação de mais um cabide de empregos.

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