A beleza filtrada e seus efeitos na autoestima | Boqnews
Foto: Nayara Andrade

Autoestima

19 DE NOVEMBRO DE 2025

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A beleza filtrada e seus efeitos na autoestima

Filtros e padrões virtuais estão moldando a percepção estética e impulsionando a busca por intervenções que apagam a identidade

Por: Da Redação

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“Filtro é estética, não é identidade”. A frase, repetida diariamente pela cirurgiã-dentista Dra. Erika Kugler, traduz a realidade que ela observa no consultório. Estudos da Royal Society for Public Health já apontam o Instagram como uma das redes sociais mais prejudiciais à autoestima corporal entre jovens, e esse impacto vem ganhando novas camadas com a popularização da beleza digitalizada.

Segundo a especialista, adolescentes e jovens adultos chegam cada vez mais inseguros, munidos de selfies filtradas como modelo de referência para procedimentos estéticos. “Hoje, muitos pacientes já vêm com um modelo de rosto salvo no celular. A comparação virou gatilho — nem sempre saudável”, explica.

Quando a Beleza Vira Filtro

A ascensão dos filtros faciais transformou o espelho em um espaço de comparação constante. “Grande parte das pacientes chega ao consultório já com uma estética padronizada em mente, baseada em influenciadores e recursos digitais”, afirma Dra. Erika.

Entre os procedimentos mais procurados estão rinomodelação, preenchimento labial, contorno de mandíbula, ‘fox eyes’ e skinboosters — técnicas que favorecem uma aparência altamente fotogênica, mas que podem diluir a identidade facial.

“Muitos adolescentes me dizem que preferem a versão filtrada do próprio rosto. A aparência natural passa a ser vista como um defeito.”

Filtro Não é Rosto — e Nem Deveria Ser

Para a especialista, os padrões irreais impostos pela estética digital — com peles sem textura, narizes afilados e olhos alongados — empobrecem a diversidade e intensificam inseguranças. “O algoritmo criou um padrão único, eternamente jovem e exageradamente simétrico. Isso não representa a beleza real, que é feita de movimento, textura e autenticidade.”

Dra. Erika reforça que sua atuação vai além da técnica: envolve ética e educação. “Meu papel não é copiar um filtro, mas orientar. A harmonização precisa respeitar o possível e o saudável. Quando percebo uma demanda baseada em distorção de autoimagem, recuso o procedimento.”

Entre o Autocuidado e a Pressão Estética

A especialista destaca que existe uma diferença importante entre cuidar de si e ceder às pressões estéticas. “O autocuidado nasce de dentro. A pressão estética nasce do medo: de não ser suficiente, de não se encaixar no padrão. É aí que o profissional precisa ser sensível.”

Para ela, o consultório é também um espaço de acolhimento. “Começo pela escuta ativa. Quando identifico sinais de sofrimento emocional, indico psicoterapia. Estética e saúde mental precisam caminhar juntas.”

Naturalidade, Identidade e o Futuro da Estética Consciente

Dra. Erika observa um movimento crescente em direção a uma estética mais humana e real. “A beleza está na imperfeição. Nos traços que contam história.”

Ela acredita que profissionais, mídia e influenciadores têm papel fundamental nessa mudança. “É urgente mostrar bastidores reais, respeitar limites e falar sobre saúde mental. Estética deve ser sobre liberdade — não sobre comparação.”

Sobre a Dra. Erika Kugler

Cirurgiã-dentista especializada em harmonização orofacial, atua com foco em estética ética, natural e personalizada. Defende uma abordagem integrada entre saúde emocional e imagem pessoal, acreditando em resultados que valorizam a individualidade e acolhem cada paciente.

Instagram: @dra.erikakugler

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