Santos possui 40 mil mulheres a mais que homens | Boqnews
Foto: Raimundo Rosa/PMS

cidade mais feminina do Brasil

07 DE MARÇO DE 2025

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Santos possui 40 mil mulheres a mais que homens

Se fosse uma cidade exclusivamente habitada por mulheres, ela seria a 162ª mais populosa do Estado de São Paulo

Por: Da Redação

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Santos, no litoral paulista, é a cidade mais feminina do Brasil, em termos proporcionais. Ao todo, são 418.608 santistas, sendo 228.881 mulheres e 189.727 homens.

Em números, uma diferença de 39.154 pessoas. Se fosse uma cidade exclusivamente habitada por mulheres, ela seria a 162ª mais populosa de São Paulo. Os dados se baseiam nos números divulgados pelo IBGE, que reforça o título der Santos como a cidade mais feminina do Brasil.

Aliás, tal título já tinha sido obtido no censo de 2010. Ambos de forma proporcional, é claro.

No Brasil, o número de homens em relação ao grupo de 100 mulheres é de 94,2. Ou seja, 94,2 homens para cada 100 mulheres – apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino.

Isso mostra que a tendência histórica de predominância feminina na composição por sexo da população cresceu. Afinal, em 1980, eram 98,7 homens para cada 100 mulheres; em 2010, 96,0.

Em Santos, a proporção é de 82,89 – confirmando ser a maior do Brasil. Ou seja, para cada 100 mulheres existem 82,89 homens.

E ainda: de cada 100 santistas, 55 são mulheres – portanto 55% da população santista é feminina. O Boqnews apurou que a proporção encontrada em Santos é a maior do País entre os 5.568 municípios.

Portanto, isso a torna como a cidade mais feminina – em termos proporcionais – do Brasil. Algumas cidades chegam próximo a esta proporção, a ampla maioria formada por capitais.

Casos de Belo Horizonte (86,77 homens para cada 100 mulheres), Olinda (PE), com 84,89; Recife (PE), com 84,87; Salvador (BA), 83,81; Fortaleza (CE),86,57. E ainda: Vitória (ES), 86,18; São Luís (MA), 87,23; Aracaju (SE), 84,81, entre outros.

 

Sexo x grupos etários

Para concluir o porquê Santos antecipa uma tendência nacional que será corroborada nos próximos censos nacionais é que a razão de sexo por grupos etários no Brasil e nas grandes regiões mostra uma maior proporção de homens na população com até 19 anos de idade, partindo de 103,5 homens para cada 100 mulheres na faixa de 0 a 4 anos.

Em Santos, a população até 19 anos totaliza 83.349, sendo 42.448 homens e 40.901 mulheres.

Assim, a partir dos 20 anos, o cenário se altera – como ocorre no Brasil – só que a partir dos 25  anos. Entre 20 a 24, são 12.330 homens e 12.633 mulheres.

 

Semulher

Nesta sexta-feira (7) ocorreu o lançamento da Semana da Mulher de Santos, na Casa da Mulher. De acordo com a secretária da Mulher, Cidadania, Diversidade e Direitos Humanos (Semulher), Nina Barbosa, a secretaria existe há dois anos, mas já realizou tantas ações importantes.

“Fazer um lançamento desse calendário do mês da mulher na Casa da Mulher, um espaço que foi criado para acolher, para encaminhá-la para serviços necessários, principalmente para aquela mulher em vulnerabilidade, que é vítima de violência doméstica. Nós temos a Guardiã Maria da Penha que faz o acompanhamento das mulheres que tem medida restritiva em relação ao agressor, assistente social que vai fazer todo diagnóstico, do que ela precisa”.

“Se ela precisa de ajuda da segurança pública, do Judiciário ou do Desenvolvimento Social. Então é um combo, porque cada mulher tem suas individualidades, tanto na hora da alegria, quanto na hora da tristeza, e nós precisamos estar atento com olhar sensível.”

 

Capacitação

A secretária informa que Santos precisa que as famílias, mulheres e meninas tenham dignidade e possam ter independência, por isso que faz questão e vai atrás desses parceiros para fazer cursos de capacitação, como a parceria com o Sebrae e com Associação Comercial de Santos firmada nesta sexta (7).

“A mulher pode sair até do ciclo de violência, não só a violência física, mas existe as violências patrimonial e moral. Na prática, ela vai ter oportunidade de graça que é uma obrigação do poder público ofertar isso e de fazer curso de capacitação”, acrescenta Nina.

“Então nós temos uma oficina aqui (na Casa da Mulher), de costura, temos ateliê de cabeleleiro, cursos profissionalizantes, temos cozinha industrial equipada e ela precisa se profissionalizar, mas como que ela vai ganhar dinheiro e sustentar a família dela depois dela aprender essas atividades? Então, entra todo treinamento e expertise do Sebrae para que essa mulher se desenvolva”.

 

Proteção e direitos

Sobre como essa realidade da presença feminina maior que a masculina impacta diretamente as políticas públicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos das mulheres na cidade, a sexóloga, psicopedagoga e escritora, Christiane Andréa explica que o fato de se ter mais mulheres do que homens pode influenciar de diferentes formas a implementação de programas de apoio às mulheres em situação de violência. Por um lado, a maior presença feminina pode contribuir para um maior engajamento da sociedade na causa, promovendo debates, redes de apoio e iniciativas voltadas à proteção e ao acolhimento.

“Por outro lado, a demanda por esses programas também pode ser maior, o que pode representar desafios na garantia de atendimento adequado para todas as mulheres que precisam de suporte. A eficácia das iniciativas depende não apenas da quantidade de mulheres afetadas, mas também do acesso à informação, do fortalecimento da conscientização e da colaboração entre diferentes setores da sociedade.”

Portanto, nesse contexto, a educação desempenha um papel fundamental na transformação social e na promoção da igualdade de gênero. E a sexóloga aborda que essa conscientização precisa começar desde a infância, pois é nesse período que se moldam valores e comportamentos por meio da interação social.

“Por isso, nós, escritoras, nos dedicamos à literatura infantojuvenil como uma ferramenta poderosa para inspirar novas gerações a construírem um mundo mais justo e igualitário. Precisamos lançar as discussões de igualdade de gênero e da violência contra mulheres nas escolas.

Pensando nesta necessidade urgente publiquei a primeira obra literária nacional destinada a atender a Lei nº 14.164 de 2021, que institui a Semana Escolar de Combate à violência contra a mulher e meninas, o livro “Por Todas as Flores do Mundo” – Uma Oficina Poética de Prevenção para Meninas – Papales Editorial – com o objetivo de levar essas discussões aos adolescentes e jovens, fortalecendo esse movimento.”

Conscientização

Segundo Christiane para aumentar a conscientização e a mobilização da comunidade em relação aos direitos das mulheres, é essencial investir em educação desde a infância, promovendo debates e discussões que desconstruam estereótipos. O uso estratégico das mídias e da cultura ajuda a disseminar informações e inspirar mudanças, enquanto o engajamento comunitário fortalece redes de apoio e incentiva a participação ativa de todos, incluindo o gênero masculino.

“Educar é preciso! A educação é o caminho fundamental para a conscientização da igualdade de gênero. A educação dos pais desempenha um papel fundamental na construção de uma sociedade mais igualitária, pois é dentro de casa que muitas das primeiras percepções sobre gênero são formadas. Quando mães e pais educam suas filhas e filhos com base no respeito, na equidade e na liberdade de escolha, contribuem para a desconstrução de estereótipos e para a criação de indivíduos mais conscientes e empáticos.”

Desse modo, ela cita que conversas abertas sobre direitos, divisão equilibrada das responsabilidades domésticas e o incentivo a brincadeiras e interesses sem distinção de gênero são atitudes que fortalecem a ideia de que meninas e meninos têm as mesmas capacidades e oportunidades. Dessa forma, a educação dentro do lar se torna um dos pilares para uma sociedade mais justa e inclusiva.

“E nós escritores temos um papel fundamental neste processo criando dentro do imaginário infantil as muitas possibilidades de empoderar meninas e libertar os meninos.  Inclusive, em outubro, lançarei um novo livro sobre essa temática, reafirmando o compromisso de levar essa discussão para as crianças de forma acessível e envolvente.”

Além disso, a psicopedagoga menciona que é fundamental lutar por políticas públicas eficazes, garantir a aplicação de leis que protejam as mulheres e ampliar a representatividade feminina em espaços de poder. Essas ações, quando combinadas, criam um impacto duradouro na luta pela igualdade de gênero.

Ambiente igualitário

Se Santos é a cidade mais feminina do Brasil, as mulheres em Santos já estariam vivendo em um ambiente igualitário? Christiane reforça que em nenhum lugar do mundo existe a igualdade de gênero e em Santos não seria diferente. Há países com maior igualdade de gênero como Islândia, Finlândia, Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Alemanha, Namíbia.

“No Brasil, legalmente homens e mulheres têm os mesmos direitos, mas na prática há disparidades de oportunidades e tratamentos.Para engajarmos essa mudança da sociedade precisamos acreditar na força e na capacidade das mulheres. Quem melhor sabe o que é prioritário para as mulheres do que as mulheres?”.

Assim, são elas que têm um papel fundamental na formação da família e na educação dos filhos, transmitindo valores e conhecimentos para as futuras gerações, então precisam apoiar outras mulheres nos cargos de poder político para que realmente haja as mudanças necessárias.

“Enquanto não conseguirmos mudar este cenário político equilibrando pelo menos 50% entre homens e mulheres nesses cargos, não conseguiremos avançar. Então eleja, apoie, financie, dê espaço a outras mulheres!”

 

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