23 de julho de 2021, uma data que ficará para a história do esporte mundial. Afinal, se tudo correr como planejado, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio vai acontecer neste dia.
Faltando um pouco mais de dois meses para a competição mais importante do esporte mundial, ainda há vários questionamentos em relação aos protocolos contra a Covid-19.
Certamente, a maior preocupação das autoridades japonesas e do Comitê Olímpico Internacional (COI) é um possível surto de casos durante a competição. Porém, no início do mês, a farmacêutica Pfizer anunciou um acordo com o COI para vacinar os atletas que vão disputar os Jogos, o que significa um grande passo na realização da competição que deveria ter acontecido no ano passado. Inclusive, alguns países já começaram a imunizar os atletas, como o Brasil.
Outro questionamento é em relação ao controle dos veículos de imprensa no País e a presença do público nos locais de competição. A única certeza é que não existirão torcedores de outros países em Tóquio.
Nesta semana, o diretor geral do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Rogério Sampaio participou do programa Jornal Enfoque/Manhã de Notícias, onde destacou a preparação do Brasil para a disputa das Olimpíadas. Rogério Sampaio conquistou a medalha de ouro no judô nas Olímpiadas de Barcelona no ano de 1992, um momento que é lembrado até hoje pelos amantes do esporte no Brasil.]
Ao todo, os atletas ficarão em 9 localidades distintas em cidades japonesas.
Expectativa
Sampaio destacou que o Brasil pode ter um recorde no número de atletas em Jogos no exterior. Ele citou que o País pode ultrapassar a marca de 19 medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.
O Brasil deve ter entre 250 a 300 atletas disputando as Olímpiadas. Confirmados até o momento são 217. O número oficial só será conhecido, após o término das seletivas e dos torneios Pré-Olímpicos de algumas modalidades que ainda vão acontecer.
O diretor geral do COB relembrou que o Brasil tem uma história vencedora no Japão “Tem vários atletas brasileiros que são idolatrados no país asiático, podemos citar Zico, Ayrton Senna. Além disso, a seleção conquistou o penta campeonato da Copa do Mundo de Futebol em 2002 em Yokohama”.
Protocolos contra a Covid
Logicamente, o maior adversário dos atletas nas Olímpiadas de Tóquio é o coronavírus. Afinal, já pensou se preparar por quase cinco anos e acabar sendo infectado pela Covid-19, ficando de fora da competição?
Assim, os protocolos de segurança serão rígidos para garantir a realização do evento, incluindo a testagem diária nos atletas.
Segundo Rogério Sampaio a credencial de quem estará nos Jogos equivale a um passaporte, sendo que cada credencial terá um chip para mapear o trajeto que a pessoa fará ao longo dia. “Não vamos poder pegar transporte público. A delegação deverá ir direto do alojamento para os locais de competição. Então, um jantar em restaurante estará proibido, por exemplo”.
O diretor geral do COB explicou que se um atleta brasileiro testar positivo para doença ele será excluído dos Jogos, mesmo que a competição seja depois do período de isolamento, pois ele pode transmitir o vírus para mais pessoas da delegação. Sampaio também detalhou que o lugar mais perigoso em relação a disseminação do coronavírus é a Vila Olímpica, principalmente no refeitório.
Questionado sobre a distribuição de vacinas para os atletas e a delegação brasileira, o diretor do COB salientou que todas as pessoas que forem para as Olímpiadas, como jornalistas e árbitros serão imunizados.
Ao todo, 1800 brasileiros – entre atletas, dirigentes e equipes de Imprensa – vão receber o imunizante, distribuídos pelo COI.
“Para cada vacina que o COI envia para o Comitê Brasileiro, são enviadas também mais duas para que outras pessoas que não estão no movimento olímpico possam ser vacinadas. Dessa forma 3.600 brasileiros serão beneficiados com a primeira e segunda dose que será enviada ao Ministério da Saúde”.
Legado
Infelizmente, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não deixaram um legado que se esperava na questão social e de infraestrutura do País, basta lembrar das investigações de corrupção de pessoas ligadas ao evento. Todavia, na questão esportiva, os Jogos de 2016 deixaram um ótimo legado para o esporte brasileiro.
O Brasil tem como espelho a Grã-Bretanha que viu os resultados na competição crescerem de forma considerável quando foi sede das Olímpiadas. Para se ter uma ideia, nos Jogos de Pequim (2008), foram 51 medalhas no total; em Londres (2012) foram 65 e nos últimos jogos no Rio de Janeiro, foram 67 medalhas, ficando apenas atrás dos Estados Unidos no quadro de medalhas.
Claro que o Brasil não vai chegar ao patamar de brigar com as potências esportivas, contudo o País quer mais medalhas. Em 2012, foram 17, na última 19. Vale destacar que as Olímpiadas no Rio de Janeiro despertaram o interesse de crianças por diversas modalidades. De acordo com Sampaio, os Jogos trouxeram um aprimoramento nas estruturas de treinamentos e maior investimento aos atletas, por meio de projeto de leis.
Por fim, ele citou que já iniciaram também o planejamento para as Olimpíadas de Paris em 2024.
Confira a entrevista completa
Esportes com mais chances
Faltando pouco mais de dois meses para os jogos, já é possível fazer um panorama com as modalidades que o Brasil tem mais chances de medalhas. Algumas são quase certeza de bons resultados, como a vela, vôlei e vôlei de praia. É importante frisar que o vôlei masculino vive um momento delicado, pois o técnico Renan Dal Zotto segue em recuperação, após ser intubado devido às complicações causadas pela Covid-19.
Modalidades coletivas
Nos últimos jogos, o vôlei masculino conquistou a medalha de ouro, assim como o vôlei de praia com a dupla Alison e Bruno Schmidt. Além disso, não podemos esquecer que o vôlei feminino foi ouro em Pequim 2008 e Londres 2012.
O futebol masculino é outra modalidade que chega forte para buscar o ouro pela segunda vez, com bons jogadores à disposição, o técnico André Jardine terá uma dura missão para convocar os atletas, lembrando que no masculino é permitido apenas três jogadores com mais de 24 anos. Já no futebol feminino do Brasil ainda está um passo atrás das principais potências da modalidade, como os Estados Unidos, o ouro parece um sonho distante, mas a possibilidade de uma medalha é real. O handebol pode surpreender, principalmente no feminino, onde o país alcançou boas colocações nos mundiais, inclusive conquistou o torneio em 2013.

Equipe do vôlei masculino conquistou medalhas nas últimas quatro Olímpiadas/ Foto: Divulgação
Esperança de ouro
Dentre as maiores apostas do Brasil para o ouro nos Jogos está Isaquias Queiroz (canoagem) e Ana Marcela Cunha (maratona aquática). Nos Jogos de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu a entrada de novas modalidades, o que foi bom para o Brasil que também vai brigar pelo ouro no surf e skate.
Não se pode esquecer das lutas que o Brasil tem tradição, principalmente no judô que ainda terá a seletiva para definir os atletas. Além disso, podem pintar medalhas no boxe e no taekwondo.
O atletismo, natação e ginástica artística sempre trazem conquistas para o Brasil nas Olímpiadas e tomara que neste ano não seja diferente. O ciclismo, hipismo, tiro esportivo e levantamento de peso completam a lista com possibilidades de medalha, porém tudo pode acontecer e um bom resultado não está descartado em qualquer modalidade.