Santos é a base da seleção brasileira. Não, o assunto não é o futebol, mas o tamboréu, esporte genuniamente santista, cujo Campeonato Mundial, que será realizado em setembro, em Marseille (França), terá novamente a participação de uma delegação do Brasil, após ausência em 2010 pela falta de recursos financeiros. Em território francês, a equipe fará sua quarta participação no torneio e disputará a categoria principal, depois de conquistar os títulos dos níveis C (2007) e B (2009).
A expectativa da Associação Nacional de Tamboréu (ANT), que gerencia o esporte no País, é de voltar da França com pelo menos um terceiro lugar. Para ir além do desempenho, a esperança é de que a participação, da forma como se dará, seja o primeiro passo para a profissionalização da modalidade. A entidade teve o projetoTamboréu de Santos e do Brasil para o Mundo aprovado no Programa Municipal de Incentivo Fiscal de Apoio ao Esporte (Promifae), para formação de três equipes (masculino, feminino e sub-16) visando a disputa do Mundial.
Os recursos serão provenientes da dedução de impostos municipais por parte de pessoas físicas ou jurídicas, que podem destinar até 20% de seus tributos às atividades esportivas. A aprovação no Promifae permite a captação de até R$ 40 mil em deduções. O valor supre as despesas com equipamento, viagem e estadia — a alimentação fica a cargo da organização do Mundial. A Memorial Necrópole Ecumênica já está confirmada como um dos apoiadores, e até a ocasião da viagem, serão firmadas novas parcerias para que o montante seja completado.
Segundo o coordenador de projetos da ANT e jogador da seleção, Maurício Fernandes, até 2009 as participações brasileiras se deram sempre com dinheiro dos atletas. “Na última vez, foram quase R$ 4,5 mil por pessoa. Nem pudemos levar jogadores reservas”, lembra. “Esse ano, já levaremos 21 atletas, cinco titulares e dois reservas por equipes. A aprovação junto ao Promifae é o primeiro passo para o profissionalismo”, avalia.
Lapidando na raiz
O avanço da modalidade tem como perspectiva a captação de novos praticantes, a partir da criação de escolinhas. Neste sábado (9), serão inaugurada duas unidades. Uma em frente ao Clube Ópera 5/Memorial, no Embaré. Outra na Avenida Conselheiro Nébias, no Boqueirão. “Nosso trabalho é totalmente de base. O foco será nas crianças. São eles que trarão os novos atletas. Precisamos tirar o mito de que o tamboréu é um esporte de idoso. Temos inclusive a ideia de lançar um novo projeto para formalizar essas escolinhas juntamente com a Prefeitura, trazendo as escolas para esses projetos”, destaca o presidente da ANT, Paul Simons.
Espaço à integração não faltaria, segundo o secretário de Esportes, Paulo Musa. “Nosso maior núcleo do programa Escola Total, desenvolvido junto com a Secretaria de Educação, está no Portuários, onde existem várias quadras de tamboréu. E temos, ainda, a praia”, considera.
Fernandes, considerado o melhor jogador do País, faz coro à perspectiva do rejuvenescimento da categoria. “Fui escolhido como o melhor do Brasil aos 40 anos. Mas não deveria ser assim. O melhor do País deveria ter 23, 25 anos. Por isso é importante preparar esse jovem. E o caminho rumo à profissionalização, com a criação das escolinhas e a participação nesses torneios, podendo até ser futuramente chamado para defender um desses clubes europeus e receber 20 a 25 mil euros no futuro. É o incentivo”, avalia.
