
Robinho, Diego, Neymar, Paulo Henrique Ganso, Alan Patrick… Jogadores que já apareceram ou estão hoje em voga no futebol brasileiro. O que possuem em comum, além de suas fortes ligações com o Santos – apenas Robinho e Diego não estão mais na Vila Belmiro -, esses atletas? A “procedência”. Antes de despontarem nos gramados usando a camisa do Peixe, todos passaram por aquele que ainda hoje, mesmo com a freqüente redução das faixas etárias para que os meninos debutem no campo: o futsal.
E em 2011, as linhas que aproximam o Peixe do esporte com origens uruguaias, mas aprimorado em território brasileiro, estarão ainda mais próximas. Será a estréia do Santos em uma divisão de elite do futebol de salão nacional. No ano que começa, o Alvinegro Praiano disputará pela primeira vez a Liga Futsal, além do Campeonato Paulista da modalidade.
E o time, talvez inspirado pela mística de quem teve Pelé e, mais recentemente, a craque Marta no feminino, aposta as fichas naquele que é considerado o maior jogador brasileiro de futsal: Falcão.
O primeiro “gostinho” do craque das quadras na Cidade poderá ser presenciado neste domingo (26), quando a Arena Santos – palco do futsal santista nas competições em 2011 – recebe o confronto entre as seleções brasileiras de atletas que atuam no Brasil contra a de jogadores que estão em clubes do exterior, a partir das 10 horas.
E quem comparecer poderá ver alguns dos futuros companheiros de Falcão no Peixe: Índio, Neto, Valdin, Djony e Pixote, todos selecionáveis.
O novo time alvinegro começou a ser idealizado no meio do ano, de acordo com o diretor de esportes do Santos, João Maria Menano.“Estendemos as escolinhas para as categorias sub-17 e sub-20, e criamos o time de futsal feminino, pelos Jogos Abertos. Entendíamos que esse esporte é um bom complemento ao futebol de campo, além de possibilitar ao jogador uma outra opção que não o campo”, explica.
Por sua vez, em Santos, havia a intenção de que se formasse uma nova equipe de alto rendimento em um esporte que não o futebol e que pudesse valorizar a Arena. “Foi quando o futsal apareceu”, relembra Menano. “Esportes assim necessitam de ídolos para que os projetos sejam encaminhados. Foi quando procuramos o Falcão, e ele logo topou. Conheceu a Arena e aceitou nosso trabalho. Trouxe o patrocinador (Cortiana Plásticos) com ele e colaborou com a vinda do (Fernando Ferretti, técnico) à equipe”, conta.
Não foi somente Ferretti, ex-comandante da seleção brasileira, que Falcão trouxe para o litoral paulista. Com ele, vieram mais seis jogadores de seu antigo time, o atual campeão da Liga Futsal Malwee/Jaraguá/Cimed (SC), além de outros dois integrantes da comissão técnica da equipe catarinense. Os demais atletas santistas em 2011 vêm de times como Minas e Florianópolis, boa parte dele com passagens pela seleção brasileira. São nove novos atletas, além de outros cinco provenientes do elenco sub-20 do Santos Futebol Clube/Cortiana Plásticos.
O parceiro é quem, na verdade, permitirá que o Peixe dispute a Liga Futsal. Como a competição trabalha no sistema de franquias, cabe à dona da franquia em questão montar o time, podendo para tal fazer parcerias, nos moldes da NBA. Casos, no futsal, de São Caetano/Corinthians/UNIP ou Palmeiras/Jaguaré/Osasco.
“Eles (Cortiana) já encerraram o time que possuíam no Sul, com o término da temporada, e se uniram conosco”, explica o diretor de esportes. Apenas um jogador da antiga equipe da franquia (Ricardinho), porém, estará no elenco santista.
Ideias
Um dos problemas que o time teria para 2011 seria o de local para treino. Após a FIFA assumir o futebol de salão, foram estabelecidos novos tamanhos para as quadras (30×17, para partidas nacionais, e 42×38, em jogos internacionais). O que, segundo Menano, não poderia ser alcançado no Ginásio Athiê Jorge Cury, onde eram realizadas as escolinhas e as partidas das categorias de base do futsal santista.
A partir de 2011, tanto o time profissional como os de formação treinarão nos dois ginásios da Fundação Lusíada (Unilus). “Eles entram na parceria com recursos e a cessão dos locais para treinamento”, explica.
No tocante aos valores, Menano afirma que a modalidade será auto-sustentável. “O Santos não terá despesas. Os pagamentos serão feitos a partir dos patrocínios da Unilus, da Cortiana, e de outros que estão sendo concluídos, além da renda das escolinhas”, diz. Em média, o salário de um jogador profissional de futsal varia de R$ 8 mil a R$ 10 mil.
Apesar das expectativas no tocante a resultados que surgem com a equipe e da possibilidade de dar ação à Arena Santos, outro dos objetivos da vinda do futsal está no incentivo à prática desportiva por parte de jovens. “Vamos trabalhar para a formação de jogadores e treinadores, inspirados pelo Falcão e pelo Ferretti, que é referência para técnicos no mundo”, considera.
Atualmente, o clube conta, nas escolinhas, com turmas de, no máximo, 25 crianças, e aproximadamente 260 inscritos. “ A idéia é formar aqui novos talentos para o salão, e que podem até mesmo aparecer para o campo depois”, diz.
Há ainda a perspectiva de que a equipe recém-criada, e cuja apresentação de estreia está prevista para o próximo dia 24 de janeiro, possa dar mais impulso à relação do esportista com a educação. “Com a realização de torneios interescolares, com divulgação na mídia e inclusive do futsal feminino, o esporte ganhou visibilidade e possibilitou trocas. Entre meninos do salão e do campo, temos cerca de 60 atletas com bolsas nas escolas”, destaca.