Finalmente, o Santos venceu pela primeira vez na Taça Libertadores da competição. Mas não faltou sofrimento, drama, tumuto, expulsões, cagadas e outros termos não publicáveis. O placar de 3 a 2 sobre o Colo Colo do Chile, nesta quarta-feira (6), na Vila Belmiro, foi o resultado de um jogo, como diria o presidente Luis Álvaro, com DNA de Libertadores. Teve catimba, expulsões, briga, farta distribuição de cartões vermelhos, luta, entrega, golaços… Os gols do Santos foram de Elano (de falta), de Danilo (na força e na vontade) e de Neymar (um golaço).
Mas, o Santos se complicou. Isso porque sofreu três baixas importantíssimas para o jogo contra o Cerro Porteño do Paraguai, no próximo dia 16, em Assunção. Vai precisar vencer os paraguaios sem Elano, Neymar e Zé Eduardo, expulsos. O craque alvinegro levou o vermelho na comemoração do gol, porque resolveu festejar com uma máscara feita em sua homenagem. Como já tinha amarelo, foi para o chuveiro mais cedo. Zé Love foi excluído por trocar empurrões com o zagueiro Scotti. Já Elano levou o vermelho quando já estava no banco, por reclamação acintosa.
Na outra partida da rodada, o Cerro Porteño-PAR venceu o Deportivo Táchira-VEN por 2 a 0. Agora, o grupo 5 tem o Cerro na liderança com oito pontos, Colo Colo em segundo com seis, o Peixe em terceiro com cinco e Táchira em quarto com dois. A próxima partida do Santos na competição é contra o líder Cerro, na próxima quarta-feira (13), às 19h30, no Estádio Olla Azulgrana, em Assunção, no Paraguai.Antes do confronto, o time santista volta as atenções para o Paulista. A equipe enfrentará o Americana, domingo (10), às 18h30, no Estádio Décio Vitta, em Americana.
Do camarote da presidência, Muricy Ramalho assitiu a tudo. O treinador será apresentado nesta quinta-feira (7) e terá de quebrar a cabeça para montar a equipe para o confronto contra os paraguaios, que o Peixe precisa vencer para não depender de outros resultados na última rodada para avançar às oitavas.
O Santos entrou em campo passando um pouco do ponto. A vitória do Cerro Porteño sobre o Deportivo Táchira, por 2 a 0, fez com que o Peixe entrasse em campo muito pressionado. Afinal, os paraguaios foram a oito pontos, deixando Colo Colo com seis e o Peixe com dois. Um tropeço deixaria os santistas longe demais das oitavas. Por isso, o time entrou em campo com apenas dois. Por isso, nervosismo, a bola queimando nos pés, passes equivocados. Mas o espírito já era diferente. Ao contrário do que aconteceu nos primeiros três jogos, o Peixe jogou Libertadores, enfim. Foi determinado na marcação e procurou abafar o Colo Colo desde o início.
O clima da Vila Belmiro ajudou. A torcida também pareceu entender que o ambiente do Alçapão conta muito. Esgotou os ingressos e empurrou o time desde o minuto inicial. Paulo Henrique Ganso, que foi hostilizado por um grupo de descontentes após a derrota para o Palmeiras, por 1 a 0, domingo passado, teve seu nome gritado. “Paulo Henrique é o maestro do Peixão!”.
Logo aos 11 minutos, metade do estádio soltou o grito de gol. Numa cobrança de falta de Elano, a bola balançou a rede, mas pelo lado de fora. A galera do lado oposto às cabines de imprensa comemorou, com a impressão de que a bola havia entrado. O lance acendeu ainda mais o estádio. Os santistas não deixaram de incentivar nem quando Jorquera, aos 26 minutos, cobrou falta da esquerda e acertou o travessão de Rafael. Foi o único lance de perigo do Colo Colo.
O Peixe continuava tomando conta da partida. Estava difícil entrar tabelando pelo meio da zaga chilena. O jeito era chutar de fora. Afinal, o goleiro Castillo, como sabe bem o torcedor do Botafogo, não é dos mais confiáveis. Danilo arriscou aos 29, mas o goleiro defendeu. Aos 34, não teve jeito. Numa linda cobrança de falta, de pé direito, Elano acertou o ângulo esquerdo de Castillo. Explosão na Vila Belmiro, especialmente no camarote do presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. A seu lado, o técnico Muricy Ramalho, que vibrou muito.
Quando Muricy e todos os outros alvinegros ainda pulavam comemorando o belo gol de Elano, Zé Eduardo recebeu pela meia esquerda e acertou um ótimo passe para Danilo, que entrava por trás. O volante driblou o goleiro e tocou para o gol. A bola ainda desviou na zaga e entrou. Aliviados, os jogadores alvinegros passaram a tocar a bola com mais calma, envolvendo o Colo Colo, que começou a sair mais, sem, no entanto, ameaçar o gol alvinegro.
Os 12 primeiros minutos do segundo tempo viraram o jogo de ponta cabeça. Aos seis minutos, Neymar vez um gol antológico. Ele se antecipou a Cabión, passaou por Scotti, aplicou um chapéu em Cabrera e toca por cima de Castillo. Na comemoração, colocou uma das máscaras do seu rosto que foram distribuídas por um dos seus patrocinadores. O árbitro uruguaio Roberto Silvera não gostou da brincadeira e lhe deu o cartão amarelo. Como já tinha um, por falta em Jorquera no primeiro tempo, foi expulso.
Esse lance fez o clima esquentar muito dentro de campo. Em seguida, Zé Eduardo e Scotti trocaram empurrões e foram expulsos. Trocando em miúdos: o Peixe terá um jogo decisivo contra o Cerro Porteño, no dia 16, em Assunção, e não poderá contar com sua maior estrela, Neymar, e com seu principal centroavante: Zé Eduardo. Complicou. Como Paulo Henrique Ganso, que já tinha amarelo, também estava nervoso, o interino Marcelo Martelotte o tirou do campo, para a entrada de Alex Sandro
Mas a escalação para a semana que vem era um problema para Muricy Ramalho resolver depois. Ainda havia jogo. Com nove atletas em campo, o Peixe tratou de se acalmar. Passou a tocar a bola, marcando forte e tentando achar algum contra-ataque. O Colo Colo, com um jogador a mais em campo, martelou até diminuir, aos 36. Jerez recebeu às costas de Pará, pela esquerda, invadiu a área e tocou por cima de Rafael. A pressão chilena aumentou muito. Os santistas, cansados, se desdobravam para tentar afastar a bola de sua área. Agora, era uma luta contra o tempo.
Tempo que demorava a passar. Para piorar as coisas, Alex Sandro sentiu o joelho e ficou caído no chão. O Santos, que já não tinha muita gente em campo, ficou escancarado. Aos 41, Rúbio recebeu no setor que deveria ser ocupado por Alex, driblou Rafael e diminuiu.
O jogo que estava tranquilo, se transformou em um drama. Dentro e fora de campo. Já no banco, após ser substituído, Elano arremessou uma toalha em direção à delegação do adversário e também foi expulso. O Colo Colo seguia em cima, mas também estava bastante tenso em campo. Jorquera discutiu com o juiz e também levou o vermelho. Foi o último ato de um jogo que teve cara de Libertadores, não necessariamente uma cara boa.
100 jogos pelo Peixe
O volante Adriano completou 100 jogos com a camisa do Peixe nesta quarta-feira (06).
Ficha Técnica
SANTOS 3 X 2 COLO COL-CHI
Local: Estádio Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 6 de abril de 2011, quarta-feira
Horário: 21h50 (horário de Brasília)
Árbitro: Roberto Silvera (Uruguai)
Assistentes: Mauricio Espinosa e Marcelo Costa (ambos do Uruguai)
Público: 11.871 pagantes
Cartões amarelos: Neymar, Elano, Léo (Santos); Wilchez, Magallaes e Cabrera (Colo Colo)
Cartão vermelho: Neymar, Zé Eduardo e Elano (Santos); Scotti e Jorquera (Colo Colo)
Gols: SANTOS: Elano, aos 33, e Danilo, aos 35 minutos do primeiro tempo; Neymar, aos seis minutos do segundo tempo; COLO COLO-CHI: Jérez, aos 36, e Rubio, aos 41 minutos do segundo tempo
SANTOS: Rafael; Pará (Bruno Aguiar), Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Danilo, Elano (Maikon Leite) e Paulo Henrique Ganso (Alex Sandro); Neymar e Zé Eduardo. Técnico: Marcelo Martelotte (interino).
COLO COLO: Castillo; Magallaes, Scotti, Cabrera e Jérez; Mena (Cabión), Salcedo (Gazale), Fuenzalida (Rubio), Jorquera e Wilchez; Miralles. Técnico: Américo Gallego