O clima de 2002 estava imperando na Vila Belmiro no domingo (26), assim como a esperança santista de derrubar o rival, invicto na temporada, e dar um importante passo rumo ao título paulista. No entanto, apesar da pressão, que se deu durante todo o jogo, o Santos pecou na pontaria, fez apenas um em diversas tentativas, e viu o Corinthians, visitante inspirado, chegar três vezes ao gol de Fábio Costa, marcar três tentos e colocar uma mão na taça do Estadual.
A vitória por 3 a 1 permite ao Timão perder por até dois gols de diferença no próximo domingo (3), no Pacaembu, que ainda assim leva mais um caneco para casa. Algo que fica ainda mais difícil quando se lembra que, desde que assumiu o clube do Parque São Jorge, em janeiro do ano passado, Mano Menezes nunca deixou sua equipe ficar três tentos atrás do adversário no placar.
As jogadas santistas começaram principalmente pelo lado direito, com Luizinho, Pará e Neymar. No entanto, o trio parecia perdido, e, além de não conseguir chegar com maior perigo ao gol de Felipe, deixou uma verdadeira avenida na defesa. Opção que acabou utilizada nas tentativas de contra-ataque corintianas, e que, em um desses raros avanços, aos 10 minutos, foi fatal. Morais recebeu na direita e, próximo à grande área, foi derrubado. Chicão mostrou porque é o mestre das bolas paradas no Timão, e acertou o canto do goleiro Fábio Costa, enganado pela trajetória da bola, e que nada pode fazer.
O gol desesperou o Santos, que passou a, de maneira até afobada, buscar o empate. O lado de jogo mudou, passando agora pela esquerda com um esforçado Triguinho e um Madson pouco inspirado. Ainda assim, o time de Vagner Mancini pecava com muitos impedimentos e a dificuldade em passar pela zaga corintiana. Numa das retiradas de bola, a zaga santista ficou apenas olhando e viu Ronaldo dominar, em posição legal, a pelota com tranquilidade. Com a experiência de quem já foi por três vezes o melhor do mundo, o Fenômeno invadiu a área e tocou na saída do arqueiro, ampliando o marcador.
Como se não bastasse a eficácia do rival, o time da Vila Belmiro via, ainda, os atacantes desperdiçarem lance atrás de lance. No meio-campo, Germano vinha muito bem, ganhando todas as disputas, e Paulo Henrique fazia a ligação com o ataque. De seus pés, saíram alguns dos melhores lances do Peixe, como um passe milimétrico para Kleber Pereira, que, no alto de sua experiência, agiu como juvenil: tentou driblar o goleiro Felipe, que fechou bem o ângulo, conseguiu espalmar a bola e ainda fez milagre no rebote, chutado por um apagado Neymar.
No segundo tempo, o Santos voltou mais determinado, embora seguisse com seu setor ofensivo em tarde tétrica. Triguinho, que vinha bem, é que assumiu a responsabilidade, e em passe perfeito de Madson, cruzou a bola rasteira na área. Mal posicionado, Felipe acabou esbarrando na bola e a empurrando para o gol, fazendo a Vila explodir, bem como os cânticos de “Santos, o time da virada; Santos, o time do amor”. Gol esse que reduzia a vantagem corintiana e dava sangue novo aos donos da casa.
Cânticos esses que secaram não muito tempo depois, e com uma verdadeira ducha de água fria magistral. Após bola perdia no setor ofensivo e rápido contra-ataque, Ronaldo dominou a bola no meio da metade do campo santista. Tirou Triguinho da jogada e, com um toque sutiu, encobriu um adiantado Fábio Costa, fazendo a bola morrer no fundo das redes, em um gol “de Copa do Mundo”. O oitavo tento do Fenômeno com a camisa do Corinthians fechou o placar em 3 a 1, e fez com que o Mosqueteiro da Capital colocasse uma mão e mais alguns dedos na taça do Paulista.