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Briosa

14 DE OUTUBRO DE 2016

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A um ano do centenário, Portuguesa Santista coroa temporada

Seis temporadas e 108 jogos depois, acabou o martírio da Portuguesa Santista na quarta e última divisão de São Paulo. E com direito a título, algo que o torcedor rubro-verde desde que Samarone calou o Moisés Lucarelli e garantiu a conquista da divisão de acesso (atual Série A2) de 1964. No momento que o capitão […]

Por: Colaborador
Da Redação

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numerosSeis temporadas e 108 jogos depois, acabou o martírio da Portuguesa Santista na quarta e última divisão de São Paulo. E com direito a título, algo que o torcedor rubro-verde desde que Samarone calou o Moisés Lucarelli e garantiu a conquista da divisão de acesso (atual Série A2) de 1964. No momento que o capitão Ricardinho ergueu a taça da Segunda Divisão (como é chamado o torneio), após a vitória por 3 a 0 sobre o Desportivo Brasil (William, Ricardinho e Erik) os 4.672 pagantes da manhã do último domingo (9) presenciavam um momento histórico: a primeira conquista do clube em seu estádio, Ulrico Mursa.

Subir esse ano seria mais difícil que nas temporadas anteriores. Isso porque seriam apenas duas vagas – e não mais quatro – na A3. Ao contrário dos três últimos anos, não teria mais a parceria da Kourusport, empresa que comandou o futebol do São Vicente no acesso de 2012 e que passou a trabalhar só com a base. “Decidimos buscar profissionais que tivessem experiência nessa divisão e que saberiam reconhecer atletas com o perfil para o torneio”, explicou o gerente de futebol da Briosa, Rogério Conde.

Paralelo à busca por reforços, a Briosa se reaproximou do Santos. O Peixe acertou o empréstimo de 14 jogadores da equipe B ao time rubro-verde, além de ceder Marcelo Passos, da comissão técnica “reserva” do Alvinegro para ser auxiliar do treinador Ricardo Costa, ex-Santo André e Guarani. Ele assumiu com o desafio de ser o primeiro a comandar a Portuguesa até o fim de uma Segundona.

A parceria com o Santos, porém, não foi aceita tão facilmente por torcedores e conselheiros mais apaixonados, que encaravam o Peixe como rival e que tentaria “levar vantagem” contra a Briosa. “Sou conselheiro do Santos, acompanho os clubes desde pequeno, mas a nossa diretoria sempre teve em mente que a Portuguesa vinha em primeiro lugar. Muita gente não entende o que acontece nos bastidores, então tivemos de superar essa pressão. O momento do clube era delicado, então entendemos que deveríamos nos aproximar de quem está bem e poderia ajudar”, disse Conde.

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Dentre os vários jogadores emprestados, o mais badalado era Jean Chera. O meia, que um dia foi apontado como a grande promessa do futebol brasileiro e que chegou a receber R$ 30 mil com 15 anos de idade, voltou ao Santos para ganhar R$ 900, após rodar por vários clubes e sem completar 10 jogos como profissional. Pela Briosa, Chera fez o seu primeiro gol (e o segundo também), mas, após uma lesão no tornozelo, abandonou o tratamento e foi devolvido ao Peixe, antes de ter seu contrato rescindido.

O detalhe é que dos 14 inicialmente cedidos pelo Santos, só seis ficaram no elenco até o fim, sendo dois deles titulares fundamentais: o volante Carlos Alberto e o atacante William, artilheiro com 19 gols. Ambos têm contrato com o Peixe até o fim do ano, mas, após o bom desempenho na Briosa, devem renovar o vínculo. “Foi uma grande experiência para eles. É difícil quando um atleta está numa equipe de ponta e é emprestado para um time na divisão em que estávamos. Mas eles logo se enturmaram e fizeram um grande trabalho”, enalteceu o capitão Ricardinho.

A campanha foi consistente. Em 26 jogos, só uma derrota. Em casa, a Briosa foi imbatível: sete vitórias (uma delas histórica, 7 a 0 sobre o Atlético Mogi) e seis empates. E a torcida cresceu junto do time. Se a média de público da primeira fase (sem considerar o clássico com o Jabaquara) foi de apenas 683 pagantes, a do mata-mata disparou para 3.113. “Tenho um carinho grande pela torcida. Eles nos acompanharam dentro e fora de casa. Sempre tiveram muito respeito “, disse Ricardinho.

Planejamento 2017 e “novo” Ulrico são prioridades

O acesso à Série A3 obriga a Portuguesa Santista a começar o planejamento da temporada mais cedo que nos últimos anos. Isso porque o campeonato está previsto para iniciar entre o final de janeiro e o começo de fevereiro – a Segundona só começa em abril. Outra diferença é que enquanto na “Bezinha” (como é apelidada a quarta divisão paulista) há um limite de apenas três jogadores acima de 23 anos entre os relacionados, a exigência não existe nas séries A1, A2 e A3.

Definições que, já na semana seguinte à conquista do Estadual, são discutidas. Ainda mais porque 2017 é o ano do centenário. O gerente de futebol rubro-verde, Rogério Conde, preferiu não entrar em detalhes. “O que posso dizer é que os atletas estão felizes, a comissão também. Todos, é claro, pensam numa valorização, o que entendemos. Mas tudo dentro de uma realidade”, resumiu. Apesar disso, garantiu que sua ideia é montar um time que brigue por mais um acesso. “Não entro em nada para não ganhar”, resumiu.

Há, ainda, a obrigatoriedade de um estádio à disposição com capacidade para 10 mil torcedores – o Ulrico Mursa possui, atualmente, 5.134 lugares. Segundo Conde, o clube já trabalha para liberar a arquibancada que fica atrás de um dos gols. “Falta só o guarda-copos, que vai ser providenciado. Pode aumentar a capacidade em 1.500, 1.600 lugares”, disse. “Outras adaptações vão ser feitas. Na última reunião com a Federação Paulista (FPF) já foram levantadas algumas mudanças necessárias, a aprovação está encaminhada”, completou.

Um plano B seria, mantida a parceria com o Santos, incluir a Vila Belmiro como um dos estádios onde a Portuguesa poderia mandar seus jogos pela A3, como ocorreu em 2009 (Briosa x Batatais). Conde, porém, crê que isso não será necessário e espera estreitar a relação com o Peixe de outras formas. “Há, por exemplo, a possibilidade de disputar o Paulista sub-20, que é uma vitrine a mais caso o Santos se interesse em nos auxiliar”, disse.

Arena?

Portuguesa e Santos, inclusive, podem estar juntos em outra empreitada. O Alvinegro quer erguer uma arena para cerca de 29 mil torcedores utilizando a área da Associação Atlética dos Portuários e parte do terreno da Briosa que pertence à União e está cedido ao clube rubro-verde. O Ulrico Mursa seria demolido e um novo estádio construído, com capacidade para 10 ou 12 mil pessoas.

A proposta divide conselheiros e torcedores da Briosa – alguns criticaram o presidente Modesto Roma Júnior durante a final da Segundona, dizendo que o Ulrico não era seu “quintal”. A estes, o projeto que mais agrada é do empresário Armênio Mendes, com a construção de uma arena para 12 mil torcedores como parte de um complexo com shopping, estacionamento e sede social. “As duas propostas são excelentes, e em ambas a Portuguesa é beneficiada. Cada uma tem sua peculiaridade. O próprio Santos ainda não aprovou a arena em seu conselho”, analisou Conde.

Em seis anos, Briosa ficou duas vezes no “quase”

Ao longo da trajetória rubro-verde na Segundona, o acesso esteve perto duas vezes. No ano de “batismo”, em 2011, a Portuguesa Santista fez a melhor campanha do campeonato, mas caiu na quarta e última fase. Na ocasião, a suposta escalação irregular de um jogador do Barretos fez com que a decisão da vagas na A3, entre a Briosa e o time do interior, acabasse no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Após um longo processo – que adiou a primeira rodada da A3 – o BEC foi absolvido, e o time do litoral seguiu na quarta divisão. Com pouco tempo para montar o elenco, a equipe fez a segunda pior campanha do torneio: três empates, sete derrotas.

Em 2014, o acesso bateu na trave. E mais uma vez com o Barretos no meio do caminho. A equipe chegou à última rodada da quarta fase precisando só de um empate com o BEC, fora de casa, para garantir vaga na A3. Perdeu por 1 a 0.

Ricardinho: “Formamos uma família”

“Acho que a mentalidade aqui no Brasil ainda é de que jogadores de 30, 35 anos, não podem atuar em alto nível”. A constatação é do meia Ricardinho, que faz 41 anos em novembro. E foi vestindo a camisa da Portuguesa Santista que ele mesmo provou que o senso comum está errado. O camisa 10 não só liderou o acesso à Série A3 após seis anos com marcou um dos gols do título rubro-verde.

Meia com passagem por clubes como São Paulo, Palmeiras, Internacional e Sport, Ricardinho chegou à Briosa após conquistar o acesso à Série A1 do Paulistão do ano passado pelo Água Santa. Na Portuguesa, apesar da eliminação na primeira fase da Segundona, o veterano agradou à diretoria e à torcida. “O professor Ricardo (Costa, técnico) quis contar comigo. Essa confiança, o carinho e o respeito que tiveram comigo e pela minha carreira me motivaram (a retornar)”, disse.

Além de comandar o time em campo, o armador era também o líder no dia a dia. “Como capitão eu passava a eles (atletas) a importância de valorizarmos o clube que estamos defendendo, buscar ser campeão e atingir objetivos”, destacou. “Conseguimos formar uma família. Todos – jogadores, comissão, diretoria – entenderam as dificuldades da competição e da divisão”, completou.

O meia esteve em 16 jogos da campanha rubro-verde, balançando as redes cinco vezes. Foi um dos mais empolgados com o acesso e o título. “Tudo foi muito alegre, emocionante. Peguei um grande carinho, me identifiquei com todo mundo”, contou Ricardinho, que em 2005 foi campeão da Copa do Brasil pelo Paulista. Ele quer permanecer na Briosa para 2017, na A3, mas evita fazer planos. “Se estiver com a cabeça boa e focado, estiver em condições e não tirar lugar de outros atletas, penso em continuar. Mas não depende só de mim”, finalizou.

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