No último dia 25 de julho foi comemorado o Dia do Escritor, data instituída no ano de 1960, com base em iniciativa da União Brasileira de Escritores (UBE). O objetivo da data é oferecer mais visibilidade ao trabalho desses homens e mulheres que se esforçam para narrar histórias, criar universos poéticos, observar o dia a dia e entreter por meio da palavra escrita.
De acordo com a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, em 2022, houve um crescimento nominal nas vendas do setor editorial brasileiro, sem descontar a inflação, de 3% em comparação ao ano anterior.
Considerando a inflação do período, com a variação de 5,79% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o resultado de 2022 apresenta um declínio de 2,6% na produção e nas vendas das editoras.
Sobre a leitura, o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, inteiros.
Outro dado importante é do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS). Em um ranking internacional de leitura, o Brasil ficou entre os últimos colocados. Esse ranking avaliou o desempenho de estudantes do quarto ano do Ensino Fundamental.
Importância da data
De acordo com a escritora e jornalista Helena Fraga, de 62 anos, escrever é uma forma de comunicar ao mundo ideias e maneiras de sentir. “O dia de hoje enaltece todos os que fazem da escrita um caminho para levar ao coração humano conhecimento e sonhos”.
A social media e escritora Ágata Ferreira, de 21 anos, conta que para ela a profissão de escritor é fundamental, pois a forma de arte criada pelo escritor é única e valoriza qualquer tipo de sensação que a leitura traz.
“Comece de algum lugar, pois ninguém cresce da noite para o dia. Mas seja realista. O caminho é longo e existem estratégias que tornam ele mais longo ou mais curto. Em suma, entenda o que você quer e corra atrás”.
Desafios
Como toda jornada é repleta de desafios, Helena comenta que o mais difícil é conseguir divulgar o trabalho. Isso em razão que atualmente há diversos meios digitais, porém um mar de escritores. Contudo, ela informa que a única coisa mais importante é ser lido. Ágata aponta que as dificuldades são inúmeras. Desde da construção do público, até mesmo elitização da profissão.
“Acho que o que mais prejudica escritores iniciantes é a falta de apoio e a dificuldade monetária de transformar as palavras que escrevemos em um livro de fato. Um livro que seja reconhecido como tal”.
Motivações
A profissão de escritor muitas vezes pode ser solitária por conta do processo para construção de uma obra literária. Inclusive, Helena confirma essa questão, dizendo que a produção é solitária e em alguns momentos isso acaba sendo ruim, pois falta troca.
Mas hoje, ela faz parte da Rede Sem Fronteiras, voltada para divulgação e onde fez amigos. Ela afirma que aprendeu com outros escritores, agregando no seu conhecimento.
Ágata tenta se manter no seu caminho. “Produzir arte em si é solitário e eu acho que conhecer a minha escrita e saber o que eu quero com ela faz com que as coisas funcionem. Além de me manter inspirada não é fácil e nem sempre o que eu escrevo é fruto da inspiração, mas ter uma playlist temática ou ler outros livros do gênero me ajudam a cultivar ideias”.
Digital
Com o mundo cada vez mais digital, os escritores enfrentam novos desafios e oportunidades, para Helena a internet ajuda com a proximidade ao leitor. Ela afirma ser um meio que pode ajudar na divulgação do trabalho.
Ágata segue na mesma linha de raciocínio, relatando que há necessidade de se expor para ser reconhecido como escritor. “Não basta só escrever, é necessário criar uma legião de fãs e se tornar um influenciador. Viver 100% do tempo dentro do mundo virtual e depender de seguidores para ser considerado um escritor”.
Ela menciona que o desafio de conciliar tarefas o trabalho de escrever e divulgar por consumir tempo. Porém existem vantagens, a proximidade com o leitor, a facilidade em disponibilizar o trabalho para e as conexões que são formadas.
A chegada da inteligência artificial trouxe benefícios como a criação de grandes textos e elaboração de ideias para quebrar o bloqueio criativo.
Segundo a social media, ela acha que isso tanto pode beneficiar como prejudicar. “Há quem vá querer se intitular escritor utilizando textos produzidos por IA (como já acontece) e há quem use a ferramenta para otimizar seu processo, como, por exemplo, pedindo ajuda para montar um cronograma. Vai de quem utiliza e da consciência do que se entende por escrita”.
Diversas emoções
Além das questões técnicas, a escrita muitas vezes envolve uma jornada emocional. Para lidar com a pressão de compartilhar seus sentimentos e pensamentos por meio da escrita, Helena não possui mais medo de me expor. Ela fala o que sente e escreve o que pensa. Alguns temas não gosta, porém ela revela que existem muitas formas de se falar ou escrever o que se sente e cada escritor tem o seu caminho.
Ágata diz que não existe pressão também. “Eu trabalho com ficção, não sou uma personagem das minhas histórias e eu gostaria que as pessoas entendessem mais isso. Meus livros não são diários, são histórias e sentimentos humanos, mas não são meus e a intenção é que se distanciem o máximo possível de mim. Fora isso, eu adoro escrever sobre emoções humanas, me permite ir além de tudo que o audiovisual pode proporcionar”.
Projetos
Helena possui 5 livros de poesia publicados: Ser feliz é uma escolha; Hoje e sempre; Alma de mulher; Retalhos e vai lançar sua nova obra, Aconchego, no dia 2 de outubro. Assim como, uma biografia – A Grande travessia. Além de dois livros infantis – As aventuras de Jonny e Anita – o mistério do bolo de Natal e A máquina do tempo. Além de um de crônicas – Transforme-se.
Ágata têm seis obras publicadas. Efeito Madness, O Coração de Eliza, Meu Milagre de Natal, Um Natal Para Salvar Alguém e A Última Bruxa. Sobre os projetos futuros são 1006 Minutos Para o Fim do Mundo e Amor em Páginas.
Desse modo, é importante tanto o escritor, como o incentivo ao hábito da leitura, pois ambos desempenham um papel fundamental no enriquecimento da cultura, na formação do conhecimento e no desenvolvimento pessoal e social. Atualmente, por conta de um grande acesso à tecnologia, podem haver iniciativas diretamente nas redes sociais, como Instagram, TikTok e Twitter, além de outras.
Na pandemia, um período “agitado” para todos na questão do convívio social, pode ter resultado no uso constante de celular, TV e computadores (“3 telas”). Com isso, há chances de estimular jovens e adolescentes para conhecer obras nacionais e internacionais.
Portanto, por meio da magia das palavras escritas, a literatura consegue moldar e enriquecer vidas de maneiras profundas e significativas.