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10 DE FEVEREIRO DE 2025

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Avenidas da Orla (Parte 1) – Vicente de Carvalho

Poeta do Mar, o santista Vicente de Carvalho dá nome a um trecho da Avenida da Orla, o mais frequentado pelos jovens e pelos os esportistas

Por: Ronaldo Tarallo Junior
Da Redação

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A orla da praia da cidade de Santos, famosa pelos seus jardins e pela sua ciclovia, liga a cidade de São Vicente à travessia de Balsas.

Dessa forms, conta com mais de 7km e diversos nomes, segundo o abairramento oficial da cidade.

Assim, considerando as avenidas e praças, são 9 logradouros oficiais ao longo de toda sua extensão.

Iniciando uma série sobre as homenagens dada a “Avenida Beira-mar” santista, o primeiro trecho escolhido é o mais frequentado pelos jovens e pelos os esportistas.

Por essa razão, ele pode até ser chamado de área mais “hypada” da orla atualmente, a Avenida Vicente de Carvalho.

Também é oocal com maior número de barracas de praia de clubes, redes de Futevôlei e Beach Tennis.

Portanto, em dias de sol sempre é possível ver a alta concentração de pessoas praticando algum esporte no entorno da estátua do poeta santista.

Hoje, esse trecho da orla também é conhecido como “praia do Moby Dick”, mas também já foi apelidado de “praia da Joinville”, onde os jovens se reuniam para tomar sol e o famoso chá do sr. Paraná.

QUEM FOI VICENTE DE CARVALHO?

Vicente Augusto de Carvalho nasceu em Santos, em 5 de abril de 1866.

Filho do major Higino José Botelho de Carvalho e de Augusta Carolina Bueno de Carvalho, é descendente direto de Amador Bueno.

Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1886.

Abolicionista convicto e republicano veemente, defendia suas ideias em jornais de Santos e São Paulo.

Assim, fez parte da chamada Boêmia Abolicionista, cujas reuniões, por vezes, se realizavam em bancos de praças públicas.

Casou-se em 1887 com Ermelinda Ferreira de Mesquita.

Teve com ela 10 filhos: Ermelinda Vicente de Carvalho, Vicentina Mesquita de Carvalho, Mercedes de Carvalho Moreli, Maria Adelaide de Carvalho Moreli, Dadinha Vicente de Carvalho, Conceição Vicente de Carvalho, Maria Augusta Vicente de Carvalho,Paulo Mesquita de Carvalho, Francisco Benedito de Carvalho e Arnaldo Vicente de Carvalho.

Eleito deputado em 1891, fez parte da comissão que elaborou a Constituição.

Durante uma pescaria, seu esporte predileto, feriu-se seriamente num dos dedos, tendo de amputar o braço por volta de 1907.

O poeta faleceu em Santos a 22 de abril de 1924.

Seu túmulo foi considerado monumento nacional, por força do decreto-lei 382, de 25 de março de 1944, assinado pelo prefeito municipal, dr. Antônio Gomide Ribeiro dos Santos.

Em 1953, o prefeito municipal, dr. Antônio Feliciano declarou de utilidade pública a região de Indaiá, em Bertioga (ainda distrito de Santos), local onde ficava a antiga residência praiana de Vicente de Carvalho.

No entanto, não há registros se sua residência foi preservada.

EMPRESÁRIO

Em 1889, fundou o Diário da Manhã, em Santos.

Da mesma forma, colaborou como jornalista para o jornal O Estado de São Paulo.

Tornou-se fazendeiro em Franca, em 1896, onde permaneceu durante cinco anos.

O insucesso da vida agrícola o levou de volta a Santos, em 1901, quando passou a se dedicar à advocacia.

Assim, em 1902, criou a firma Silva Martins & Cia. em sociedade com João da Silva Martins, que explorava a navegação no Ribeira de Iguape.

OBRAS E ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Em 1885, Vicente de Carvalho publicou seu primeiro livro de versos, Ardentias, dedicando-o a seus pais, e cujo nome foi inspirado na fosforescência das ondas.

Sua grande obra, Poemas e Canções, obteve grande sucesso em 1909.

No dia 1º de maio de 1909, passou a ocupar a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Artur Azevedo, sendo recebido por carta na sessão de 7 de maio de 1910.

PRAIA PARA TODOS

Assim, em 1921, Vicente de Carvalho escreveu uma carta aberta ao então presidente da república, Epitácio Pessoa (de quem era amigo pessoal).

A correspondência pedia que não se admitisse a exploração da faixa de orla pela especulação imobiliária.

O presidente, sensibilizado, permitiu a incorporação do espaço ao patrimônio dos santistas.

MONUMENTO EM SUA HOMENAGEM

O então prefeito de Santos, Antônio Gomide Ribeiro dos Santos, decidiu criar uma homenagem ao poeta no início de 1942.

Convocou a Comissão Municipal de Cultura para planejar algo que preservasse a memória de Vicente de Carvalho.

Surgiu a ideia de  construir um monumento diante do mar e nos jardins da orla santista, local que dedicou suas obras literárias e vida política.

Três profissionais foram convidados para esta empreitada: Victor Brecheret – planejou e esculpiu em maquete o Monumento às Bandeiras (cartão postal da cidade de São Paulo) -, Galileo Emendabili – autor do obelisco do Ibirapuera, o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista – e Caetano Fraccarolli – membro da família proprietária do Parque Balneário Hotel -. Emendabili recusou e a disputa ficou entre os dois primeiros.

Venceu Fraccarolli, então com 29 anos.

A instalação da estátua dedicada à Vicente de Carvalho na praia do Boqueirão, ou Miramar (como também era conhecido à época) no final da Avenida Conselheiro Nébias, de frente para o mar, veio a correr junho de 1945, .

No entanto, devido diversos acontecimentos como o fim da 2ª Guerra Mundial, o fim do governo do presidente Getúlio Vargas, do Estado Novo, sua renúncia e a eleição do General Eurico Gaspar Dutra, a inauguração ficou para o ano seguinte

Sua estátua, que eterniza sua memória está nos jardins da praia do Boqueirão desde 21 de julho de 1946.

Sua filha, Ermelinda, retirou o manto que cobria o monumento produzido por Caetano Fraccarolli.

Anos mais tarde, a estátua de Vicente de Carvalho foi deslocada de seu lugar original, em direção do Gonzaga, local que se encontra até hoje, ficando de costas para o mar, tema predominante de sua poesia, sob a alegação que ficaria de frente a avenida que leva seu nome.

OUTRAS HOMENAGENS

No dia 8 de março de 1949, houve cerimônia na Biblioteca Pública Municipal em homenagem à memória de Vicente de Carvalho, Martins Fontes, Paulo Gonçalves e Monteiro Lobato, com a inauguração das placas com seus nomes.

A Praça do Boqueirão, onde começa a Avenida Vicente de Carvalho, foi inaugurada a 26 de janeiro de 1957, pelo dr. Antônio Feliciano, seu criador e a Fonte Luminosa do Boqueirão recebeu o nome do santense em 17 de dezembro de 1958, em lei sancionada pelo prefeito Sílvio Fernandes Lopes.

Atualmente, o escritor também dá nome a um distrito de Guarujá e a um bairro em Bertioga e no Rio de Janeiro.

A AVENIDA

Com cerca de 950m, a Avenida também já levou o nome de 318 e corta os bairros Gonzaga e Boqueirão, tem em seu decorrer, na parte dos jardins, a Concha Acústica, o Cine Arte Posto 4, relógio solar e a Feir Art aos fins de semana.

Em 13 de junho de 1917, o vereador João Manuel Alfaia Rodrigues Júnior propôs que a praia entre a Avenida Ana Costa e a Avenida Conselheiro Nébias, passasse a se denominar Vicente de Carvalho deixando de ser Bartholomeu de Gusmão neste trecho, sendo oficializada pela lei 647, de 16 de fevereiro de 1921, sancionada pelo prefeito municipal, coronel Joaquim Montenegro.

Na Baixada Santista, apenas Cubatão não homenageia o escritor em suas vias.

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