Em Santos, a data comemorativa às mulheres não ocorre apenas em março, mas também em junho.
Afinal, pela primeira vez a cidade abrigará o Chiquinha Gonzaga Fest, um festival com line-up 100% feminino, ideia surgida no ano passado.
Aliás, não é à toa que Santos é a cidade mais feminina do Brasil, segundo o IBGE (dados de 2010), com mais de 35 mil mulheres em relação aos homens.
Assim, o nome em homenagem a compositora brasileira negra – pioneira no Brasil em diversas áreas – caiu como uma luva.
Chiquinha foi a primeira mulher a reger uma orquestra, além de ter sido a pioneira a colocar letra em uma marchinha de Carnaval.
Ou seja, a famosa canção Ó abre alas.
Para isso, enfrentou uma sociedade patriarcal na época.
Fotos da ocasião mostram Chiquinha como a única mulher no meio de tantos homens.
“Sempre tivermos muitas dificuldades de encontrarmos mulheres no meio musical na Cidade. Afinal, onde elas estão?”, indaga a cantora e produtora cultural Carla Mariani.
Assim, ela se juntou a também cantora, professora e produtora Raffa Pereira e a produtora, cantora e compositora Letícia Alcovér para criar o evento.
Aliás, realizado com apoio por meio de emendas parlamentares dos vereadores Telma de Souza (PT), Lincoln Reis (PL) e Benedito Furtado (PSB).
Ao todo, 40 mulheres se inscreveram para participar, surpreendendo as produtoras.
No final, 13 artistas integram o primeiro evento do gênero, sendo que o line-up conta com 26 artistas.
Elas farão pocket shows, shows acústicos e elétricos, slam (composto por 8 mulheres), open mic, poesia, contação de história e dança – tudo autoral.
100% feminino
Dessa forma, a ideia é diversificar os estilos e propostas das participantes, tudo de forma gratuita.
Todas tendo as mulheres à frente dos eventos.
A estreia da programação ocorrerá na Lagoa da Saudade neste domingo (18), com a participação das profissionais e shows.
Ou seja, Slam (com 8 cantoras), Bona Koti, Raffa Pereira e Monna, as duas últimas participantes do Jornal Enfoque desta quinta (15) junto com a cantora Carla Mariani.
Portanto, durante o programa, elas falaram sobre a programação do Chiquinha Gonzaga Fest, os impactos da pandemia na área de shows e eventos.
Além disso, elas abordaram também a importância do retorno de casas noturnas ao Centro Histórico, como ocorria no início deste século, mas a situação foi se degradando e foi diretamente impactada com a pandemia da Covid-19 a partir de 2020.
“Vejo que há um esforço do Município em retomar as atividades ao Centro”, salienta Carla.
No entanto, reconhecem, a caminhada é longa.
Assim, ela torce para que o Teatro Coliseu, onde chegou a gravar um clipe, também seja reaberto em abril do próximo ano, como prevê o secretário de Cultura, Rafael Leal.
Aliás, ele adiantou a data durante participação do Jornal Enfoque do último dia 29 de maio.
Arcos do Valongo
Não bastasse, tanto as cantoras Raffa Pereira e Monna salientam a importância de chegar ao equilíbrio visando a reabertura do Arcos do Valongo para shows.
Dessa forma, a interrupção ocorre em razão de decisão do Ministério Público, após solicitação de um morador em frente ao empreendimento no Valongo, que reclamou dos impactos provocados pelo som elevado, a ponto de um telhado ter ido ao chão.
“É um espaço importante. Talvez desse para pensar em uma alternativa para abrigar alguns eventos. Se nada ocorrer, ele ficará abandonado, como outras casas do bairro”, lamentam.
Portanto, o espaço aberto tem limitação de uso em razão do impacto dos decibéis, praticamente impedindo a realização de shows.
“É uma minoria atrapalhando todo o circuito cultural”, lamenta Monna.
“Impacta a economia de muita gente. Há necessidade de uma solução consensual”, acrescenta Raffa.
Dessa forma, com a restrição no volume de som, o Arcos do Valongo limita-se a eventos sem shows, como ocorrerá com a Festa Inverno, em julho.
Dessa forma, o local será usado apenas para as barracas e restaurantes de entidades participantes do evento solidário.
Assim, os shows deverão ocorrer em frente ao Museu Pelé e Estação do Valongo.
Por sua vez, a Casa da Frontaria Azulejada será usada para exposições e trabalhos de artesãos santistas.
Confira a programação do Chiquinha Gonzaga Fest.
Programação – Domingo (18)
Abertura do Festival na Lagoa da Saudade (Morro da Nova Cintra)
14h – Slam
16h30 – Show Bona Koti
17h30 – Show Raffa Pereira
19h – Show Monna
Terça (20)
Casa do Artesão/Trem Bélico (Rua Tiro Onze, 11, Centro Histórico)
15h – Oficina ‘Filme Mobile – gravando vídeos com o celular’, com Mônica Donatelli | Inscrições
Mucha Breja (Av. Rei Alberto I, 161, Ponta da Praia)
19h – Encontrão das Minas + Open Mic
Quarta (21)
Merlô Vinho e Bossa (Bulevar Othon Feliciano, 10, Gonzaga)
19h – Pocket Show Gab Veneziani
19h30 – Roda de Conversa – Tema: Empreendedorismo Artístico
Quinta (22)
Instituto Arte no Dique (Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.349, Rádio Clube)
14h – Pocket Show Jungle Jun
15h – Contação de História, com Preta de Neve
15h30 – Pocket Show Isis Wit
19h – Oficina on-line ‘Música e Identidade Visual’, com Gabriela Rodrigues
Sexta (23)
Concha Acústica Vicente de Carvalho (Av. Vicente de Carvalho s/nº, ao lado do canal 3)
19h – Pocket Show Juliar
19h25 – Contação de História, com Preta de Neve
19h40 – Dança Flamenca, com Allany Leone
19h50 – Leitura de Poesia, com Bárbara Zarif
20h – Show Anne Marie
Sábado (24)
Casa do Artesão/Trem Bélico (Rua Tiro Onze, 11, Centro Histórico)
11h – Oficina ‘Expressão Corporal e Interpretação’, com Miriam Vieira | Inscrições
Sábado (24)
Herval 33 (Rua Marquês de Herval, 33, Valongo)
15h – Feira de Expositoras + música ambiente
16h20 – Dança, com Tatiana Justel
16h30 – Show Bárbara Pappert
17h30 – Poesia musicada, com Chris Ritchie
18h – Show Preta Jô
19h10 – Poesia musicada, com Chris Ritchie
19h30 – Show Ana Cigarra
20h50 – Poesia musicada, com Chris Ritchie
21h – Show Carla Mariani
Informações adicionais nas redes sociais do festival