Nesta sexta-feira (19), comemora-se o Dia Mundial da Fotografia, linguagem que permite eternizar o registro de um momento único e especial em sua vida. Em São Vicente, de geração em geração, Joaquim Angelo Perez Mesa, de 67 anos, ‘um dos últimos moicanos’, como ele próprio se denomina, dedica a vida ao setor fotográfico há mais de 50 anos. O profissional é proprietário do tradicional estúdio Foto Astral, localizado no Centro.
O talento é hereditário. A história do Foto Astral começou em 1956, quando a família de Joaquim, que tinha apenas 1 mês de vida na época, mudou-se da capital paulista para a Primeira Cidade do Brasil. Na Rua Martim Afonso, seu pai, Joaquim Perez Rojas, fundou a loja, que dali em diante se tornaria patrimônio do Município, com registros e acervos históricos.
Observando o talento do pai, ainda adolescente demonstrou interesse pela área. “Eu observava o trabalho dele, e isso me despertou uma vontade de aprender. Fiz curso de fotografia, mas o ensinamento deixado por ele foi o grande legado”, explicou.
Em 1975, quando Joaquim tinha apenas 19 anos, o pai faleceu de derrame cerebral. A vida tomou um rumo inesperado, fazendo com que o jovem refletisse sobre importantes questões. “Foi um choque. Ele era um paizão. Deixou valores e princípios que moldaram minha vida, como profissionalismo, honestidade e o caráter”, relembrou.
A fase não era fácil. Porém, Joaquim tinha uma missão: dar sequência ao legado do pai. Junto ao então funcionário do Foto Astral, Elias, que se aposentou há cerca de dez anos, ele passou a administrar o comércio. “O Elias ajudou muito neste processo de reconstrução”, recordou.
Dali em diante, o fotógrafo seguiu os passos do pai, mantendo o estúdio como um dos estabelecimentos mais antigos e conhecidos do Centro. O local possui registros valiosos, como a inauguração da Ponte Pênsil, em 1914, e a segunda casa reconstruída por Martim Afonso de Sousa, imagem de autoria do pai de Joaquim.
Segundo ele, havia ainda mais arquivos preciosos no antigo prédio da loja. Entretanto, um incêndio em 1970 acabou destruindo as memórias. Além disso, o comerciante explica que passou muitas relíquias a um historiador da Cidade.
Joaquim ainda conta que chegou a se formar em Educação Física, em 1994. Porém, a vocação era, realmente, a fotografia. “Aprendi a gostar da profissão. Herdei e também adquiri uma grande clientela e estou nessa luta por todos esses anos. O trabalho me remete a uma questão nostálgica, pois lembra meu pai”.
Com o avanço da tecnologia, Joaquim admite que passar pela transição do filme para o digital não foi tarefa fácil no começo, mas com o tempo ele aprovou. “Um antigo funcionário me auxiliou com a ferramenta”, disse.
Após mais de cinco décadas de empenho diário à fotografia, Joaquim cogita se aposentar. “Ando um pouquinho cansado. Ao todo, tirei férias por três vezes em minha vida e foram paradas obrigatórias, por conta de cirurgias”.
O profissional relata que o objetivo é, em breve, visitar a Espanha, país de origem de seus antecedentes. “Sou muito grato a tudo que o comércio e a Foto me deram, mas acho que já estou merecendo um descanso”, brincou.
Por fim, aos 67 anos, Joaquim recordou o longo percurso na área, e definiu o que a fotografia representa em sua vida. “Ela ilustra a vida. Registra marcos que transcendem o momento”.
O estúdio Foto Astral é situado na Rua Martim Afonso, 175 – Centro, e atende de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. O local faz revelação, restauração de fotos, entre outros.
Texto: Guilherme Sibilio
Fotos: Cynthia Rocha