No maior dos 35 presépios, uma forma de alerta e esperança. Fotos: Nando Santos
“Mesmo nas tragédias, temos que ter fé. Jesus vai estar ao seu lado nos piores momentos. Não perca a fé”.
“Atenção. O que está acontecendo com o planeta é culpa nossa. Ainda dá para salvar. Eu quero deixar para os meus filhos um mundo melhor. E você?”
As frases que merecem reflexão constam no maior dos 35 presépios da 26ª Exposição de Presépios do Santuário do Valongo, em Santos, no litoral paulista.
Wilson César, responsável pelo presépio que retrata a pequena cidade, com casas e igrejas, atingidas por tragédias ambientais, usou papel kraft e cerâmica.
Na obra de César, o autor tomou como inspiração as tragédias de Brumadinho e Mariana, ambas em Minas Gerais, além da queda de um edifício em Muzema, na Zona Oeste do Rio.
Mas poderia ser em Fortaleza ou em qualquer outro canto do País.
Tristes tragédias do nosso cotidiano que deixaram um rastro de mortos. E continuam deixando, a medida que uma nova catástrofe surja.
Além disso, serviram de reflexão e inspiração para o trabalho do artista, cujos detalhes podem ser conferidos em cada ponto da obra, localizada na área central da exposição.
Assim, ao lado da estrada cortada, casas soterradas, e da igreja surgem do solo palavras como ira, luxúria, inveja.
Elas dividem o espaço com outras expressões, como caridade, respeito, esperança e paz.
“O trabalho apresenta os pecados capitais. E enfatiza as virtudes do homem”, explica o estudante franciscano Josiélio Silva Oliveira, que atua como monitor do espaço.
Um dos expositores inseriu carrinhos como forma de homenagear a data. Foto: Nando Santos
Simbolismo
Ao todo, são 18 expositores que retratam – cada qual de uma forma criativa diferente – o simbolismo do nascimento de Cristo.
Tanto que existem modelos feitos à base de chocolate e outro com carrinhos da marca Hot Wheels.
Alguns optaram por madeira, resina, tecidos, feltros.
Outros por palha de milho, MDF, entre outros materiais.
Portanto, a criatividade é livre.
Brasil e do exterior
Assim, dos 35 presépios, dois são do exterior (Angola – foto acima – e Itália).
Do Brasil, são trabalhos de Goiás e São Paulo, mas a maioria é feita por profissionais de Santos, como o de Flávia Homem de Bittencourt Chagas, que usou a criatividade e montou uma espécie de vitral feito com chocolate. (foto abaixo)
Ou de Alexandre Siqueira, também de Santos.
Ele montou seu presépio com bailarinas e substituiu a manjedoura por uma sapatilha, onde o Menino Jesus repousa (foto abaixo).
Já tradição, a exposição natalina atrai gente da região e de outras localidades.
Apesar de recém-inaugurada (oficialmente, as atividades iniciaram no domingo, dia 15, mas na prática, o fluxo começou na terça, dia 17), no livro de acesso é possível ver a origem dos visitantes, especialmente do interior paulista, mas também de outros estados.
Público pode conferir a exposição até o dia 26 de janeiro, aniversário de Santos. Foto: Nando Santos
E quem vem, retorna.
É o caso das irmãs Luíza Borba Nunes e Dinorá Borba Nunes, que há mais de quatro anos prestigiam o evento.
“Já virou tradição”, diz Luíza.
Desta vez, levaram o neto João Otávio, de 1 ano e 3 meses, que ficou encantado com as cores e luzes de alguns dos modelos em exposição.
Serviço
A 26ª Exposição de Presépios do Santuário do Valongo prossegue até o dia 26 de janeiro, aniversário de Santos.
A visitação, gratuita, ocorre sempre de 3ª feira a domingo, das 9 às 17h30.
O espaço não abrirá nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 1º de janeiro.
Quem quiser poderá comprar uma rifa – no valor de R$ 2 – para concorrer a um modelo de presépio em exposição.
A igreja funciona à R. Marquês de Herval, 13 – Valongo.
Informações neste link.