Yves Salgado (*)
O jornalista Maurício Noriega, 41 anos, lançou na última segunda (29), na Livraria Realejo, em Santos, o livro Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro, que traz a trajetória de onze técnicos selecionados pelo jornalista e analisados por profissionais do futebol que tiveram ligação direta – dentro e fora de campo – com o ídolo. Os técnicos escolhidos foram os seguintes: Oswaldo Brandão, Bela Gutman, Vicente Feola, Lula, Zagallo, Rubens Minelli, Ênio Andrade, Telê Santana, Luxemburgo e Muricy Ramalho.
Em noite de autógrafos, o público pode prestigiar e conferir não só o terceiro livro lançado por Mauricio Noriega, mas também bater um papo com o comentarista esportivo e personalidades do futebol, como Pepe (ex-jogador do Santos), Marcio Fernandes (ex-treinador do Santos), além de outros jornalistas presentes ao evento.
Presença ilustre no evento, José Macia (o Pepe) elogiou a obra e acredita que Noriega conseguiu evidenciar as qualidades de cada treinador. “Num País como o Brasil, onde esquecemos o passado recente, é de suma importância um trabalho como este. O livro foi muito bem elaborado e a escolha dos onze nomes está de parabéns”.
Questionado se ele enfatiza algum nome, Pepe responde facilmente: “Logicamente, terei um carinho especial por quem me lançou no futebol, portanto gosto muito do Lula. Mas, todos os outros são muito bons”.
O Canhão da Vila ainda brinca quando questionado se faltaria algum nome na lista de Noriega. “Eu! Ficaria feliz que ele tivesse se lembrado de mim.”
No livro, Noriega faz uma qualificada seleção dos mais importantes técnicos que marcaram história no futebol brasileiro. A trajetória profissional deles, suas principais passagens pelos clubes/ seleção, a história pessoal de cada um e suas principais contribuições para o esporte de hoje. A obra ainda traz relatos curiosos, “causos” e lendas das muitas personalidades contadas muitas vezes por quem conviveu de perto com um dos treinadores escolhidos.
Maurício Galizia Noriega, paulista de Jaú, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Em mais de 20 anos de carreira, trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Diário Popular, Gazeta Esportiva e Lance!. Já no rádio atuou pela Bandeirantes. Desde 2003, é comentarista e apresentador do canal SporTV e também comentarista de esportes do jornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo.
Confira a entrevista na íntegra:
De onde surgiu a iniciativa de escrever o livro Os Onze Maiores Técnicos?
A idéia surgiu de outro projeto, um livro específico sobre Osvaldo Brandão (perfil sobre ele) escrito por mim. E conversando com Jaime Pinsky, dono da Editora Contexto, ele me propôs para escrever este livro, que é o embrião de uma série dos onze melhores. Logo, serão lançados livros com os onze zagueiros, os onze laterais, os onze goleiros e assim por diante.
Qual foi o critério de escolha?
É um livro basicamente de opinião, muita coisa parte do que eu penso dessa história e para chegar a esses onze tinha de ter um critério, uma nota de corte que na verdade foi um ano de corte. Assim, eu tomei como base 1958, ano em que para mim o futebol brasileiro atingiu a “maioridade” com o titulo mundial e logo depois em 59, quando surgiram os torneios nacionais. A partir daí dá para se ter um parâmetro do que se transformou o futebol brasileiro.
No livro, você realizou entrevistas sobre os treinadores. Como foi esse trabalho?
Para evitar o fanatismo do torcedor comum e dar um sabor diferenciado a análise sobre o treinador, decidi buscar a opinião de profissionais do futebol que tiveram ligações com os técnicos escolhidos. Portanto, cada perfil contém uma entrevista com atletas treinados por ele. Como, por exemplo, Wanderley Luxemburgo que escreve no livro sobre Zagallo, mas poucos sabem que Luxemburgo foi treinado por ele.
Foi difícil escolher 11 treinadores?
Sim, muito difícil determinar onze nomes para um País como o Brasil que se caracteriza por possuir ótimos técnicos. Mas, acho que em 70% da lista há uma concordância.
Faltou alguém?
Poderiam estar os nomes de Zezé Moreira, Claudio Coutinho e até mesmo, da nova geração, como Paulo Autuori.
Há uma restrição no surgimento a novos treinadores por parte da imprensa?
A questão da imprensa vem melhorando. Ela está dando mais tempo aos novos nomes e sabendo analisar o seu trabalho. Agora há um circulo vicioso nesse cenário e o próprio lado comercial, porque para conseguirem espaço os técnicos necessitam ter empresários, assim já vira uma relação comercial. O empresário é amigo do dirigente, que tem negócios com o clube, que possui jogadores dentro desse clube e ai acaba colocando o treinador lá. Portanto, não é mérito, mas uma questão política e comercial.
No caso do Dunga, ele tem conseguido surpreender a crônica esportiva. Você crê que tal feito é importante?
Com todo respeito ao Dunga, eu sou contra essa situação. Seus resultados são bons, a equipe que ele formou é brigadora e tem grandes chances de tornar-se hexacampeã em 2010, porém não se pode começar do fim. Não podemos dar o comando da seleção brasileira (maior do mundo) a um iniciante na profissão, ainda mais hoje em dia, onde o Brasil exporta técnicos.
Os onze técnicos marcaram a história do futebol brasileiro, porém você marcaria algum deles como símbolo da seleção brasileira?
Mario Jorge Lobo Zagallo! O único e verdadeiro tetracampeão, participando como jogador, auxiliar e técnico.
Técnica ganha jogo?
Jogador ganha jogo, técnico ganha campeonato!
(*) Aluno do curso de Jornalismo da Universidade Santa Cecília – Santos (SP)