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13 DE NOVEMBRO DE 2009

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Novos sons da orla

Técnica de combinar os sons de maneira agradável ao ouvido. Assim define o dicionário a palavra música. Mas seu significado transpõe definições precisas para quem a faz, porque essa arte possui força suficiente para falar sozinha. E na vida de quem a carrega como profissão, música é sinônimo de inspiração, prazer, liberdade de sentimento, alma, […]

Por: Da Redação

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Técnica de combinar os sons de maneira agradável ao ouvido. Assim define o dicionário a palavra música. Mas seu significado transpõe definições precisas para quem a faz, porque essa arte possui força suficiente para falar sozinha. E na vida de quem a carrega como profissão, música é sinônimo de inspiração, prazer, liberdade de sentimento, alma, criação e sonho. No entanto, apesar de a internet ser grande aliada na divulgação de obras artísticas e da era de lançamentos de cds independentes – que romperam com a ditadura que limitava o sucesso somente diante de contratos e parcerias com grandes gravadoras – ser músico também exige superação de obstáculos: barreiras financeiras, elevada concorrência de mercado e até mesmo preconceitos social e familiar.  Afinal, existe uma receita de sucesso para os jovens talentos da atualidade?
Fórmula pronta ou sorte?

Perseverança, disciplina, fé, inovação e sorte, muita sorte. Essa seria a fórmula para a concretização do ideal artístico de acordo com a maioria dos músicos de hoje.

Compositor e cantor há mais de 14 anos, Luccas Trevisani já lançou álbuns com composições próprias e, atualmente, divide o tempo direcionado ao amor incondicional à música em dois projetos: a administração da loja de instrumentos musicais Calango Music e o Programa Prata da Casa que apresenta na Rádio Rock (98,1 FM), às terças, quintas e aos sábados, às 18 horas, no qual divulga músicas próprias de bandas e artistas da região para os ouvintes.

“Somente no dicionário a palavra sucesso vem antes de trabalho. Não existe fórmula pronta, mas com trabalho e vontade de aprender dá para chegar bem longe”. Para o artista Louis Riel – músico que já participou de diversos festivais, entre os quais o “Prêmio Visa/MPB” de Música Brasileira, em 2000, e após ter músicas gravadas por outros intérpretes, idealizou o Álbum Acústico Louis Riel, com 40 canções próprias e inéditas – a palavra-chave é inovação. “Não bastam talento, carisma e afinidade entre os músicos da banda. Somente os que inovam e lutam para conquistar seu espaço têm mais chances de consolidar a carreira”, defende. “Um grande erro é querer fazer músicas no mesmo estilo das que fazem sucesso. A qualidade musical quase sempre é deixada em segundo plano devido ao fator ‘comercial,”diz.

Professora, musicista “noturna” e compositora, Anna Beatriz atua há mais de 10 anos no ramo. Já se apresentou em casas noturnas da Baixada Santista e de São Paulo, além de programas de rádio e televisão regionais e nacionais. A musicista ressalta que os obstáculos compreendem desde a necessidade de investimento “razoável” para a publicação da obra até espaço para apresentar o trabalho.

“É preciso criar metas, ter um planejamento e fazer jus naquilo que você acredita”, defende. “A situação é complicada, difícil. É preciso ter muita força de vontade para seguir em frente, principalmente quando a mídia nacional é fechada. É preciso de contatos, dinheiro e ‘QI’”.

O compositor e cantor Zéllus Machado “entrou de cabeça”, há mais de 30 anos, no apaixonante mundo das artes. Vive integrado – “sem vírgulas”, como gosta de dizer – em movimentos relacionados ao teatro, música, ecologia e literatura que o  levaram a conhecer o Brasil inteiro, além das mais diversas culturas e populações do País durante suas jornadas artísticas.  Atualmente, desenvolve, participa e dirige o projeto Trupe D’Areia, por meio do qual conta a história de Santos de 1545 aos dias atuais em meio a canções e narrativas poéticas.

“Hoje, está bem mais fácil  fazer  CD. Com um bom computador e programas específicos que podem ser baixados na  internet, você consegue fazê-lo com boa qualidade. A distribuição em sites é também um elemento bem facilitador”, revela.

O músico – que aponta páginas na web como preciosas ferramentas de divulgação de obras musicais – refere-se ao  Youtube e ao site de relacionamento Orkut, que permite divulgar à lista de amigos produções e eventos culturais em massa, além de outra página que vem sendo muito utilizada por artistas que aspiram o sucesso: o My Space. A crescente popularidade do site e sua habilidade de hospedar MP3s fez com que muitas bandas e músicos se registrassem, algumas vezes fazendo de suas páginas de perfil o seu site oficial. 

Conhecida pela sua riqueza cultural e propagadora de inúmeros talentos em a âmbito nacional e internacional,  Santos também oferece, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, inúmeras oportunidades de participação para artistas regionais em eventos públicos. Para fazer parte do quadro de artistas da Secretaria, é necessário cadastrar-se junto ao órgão, tendo em mãos portfólio e documentos pessoais. Mais informações pelo telefone 3226-8000.

“Costumo dizer que Santos é “a riqueza musical” em cidade, pois temos muitos talentos por aqui. É claro, existem dificuldades, mas mesmo se não houvesse uma resposta positiva sobre algo, sempre fui atendida e ouvida muito bem e direcionada para caminhos onde encontraria boas parcerias”, afirma a musicista Anna Beatriz. 

Transpondo barreiras
Baixa remuneração, preconceito social e familiar, problemas envolvendo direitos trabalhistas, regulamentação e burocracia para comercialização da música, além da imprecisão no recolhimento de direitos autorais  e falta de espaço para divulgação nos meios de comunicação. São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelo músico durante os “anos de estrada” que percorre com o intuito de levar adiante sua arte.

A cantora Anna Beatriz, porém, agarra-se à percepção de um mundo melhor que adquire por meio de sua profissão para ultrapassar as barreiras impostas. “Sempre que respondo que sou musicista, tem uma pessoa que me pergunta: ‘interessante, mas o que faz além disso?’. Sou formada em Comunicação, mas a música é minha vida e nunca consegui me separar dela”, diz.

Zéllus defende que o músico, atualmente, luta contra mais uma imposição: a obrigatoriedade da carteira da Ordem dos Músicos do Brasil que, segundo ele, “é um absurdo, pois está há décadas sob os desmandos de uma família imperial, que não dá nada de retorno para o profissional”. “Alguns músicos estão ganhando causas na Justiça, conseguindo liminar que libera-o dessa sórdida obrigatoriedade. Além disso, seria muito digno se as rádios da Cidade pudessem divulgar os artistas conterrâneos”, complementa.

O cancioneiro também alerta para o fator “sorte” inserido no atual  mundo comercial do cenário da música.  “Muitos músicos estão vivendo bem. Outros mal. Qualquer garoto, hoje, aprende alguns acordes e, tendo a sorte, ou encontrando um produtor bem medíocre, que ganha grana vendendo coisas medíocres, se dá muito bem financeiramente. E as rádios continuam sobrevivendo dos “jabás,”dispara.

Mas, mesmo diante de todos os obstáculos impostos pelo mundo das artes, a palavra desistir é riscada do caderno de partituras desses artistas. “Desistir jamais! Meu amor pela música é maior do que qualquer dificuldade. Fazer música já é, de certa forma, lutar por ela. E isso é uma das coisas que adoro fazer”, afirma Trevisani.

De acordo com a psicóloga Glaucia Vianna, isso acontece porque o ramo está atrelado, antes de tudo, ao perfil do profissional sonhador. “O homem, por sua natureza, deseja e esse desejo pode ser tanto físico quanto emocional. Nada mais natural do que termos o que, popularmente, chamamos de sonhos, impulsionando a nossa vida e, por isso, não desistimos até tê-los realizado. Somos testemunhas diárias de relatos de pessoas que se mantiveram determinadas e alcançaram seus sonhos e podemos ver em seus olhos a felicidade que isso traz. E quem não quer ser feliz?,”indaga.

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