O filme Ainda Estou Aqui, indicado pelo Brasil para disputar o Oscar 2025 na categoria filme estrangeiro, já levou mais de 2 milhões de pessoas aos cinemas, sendo a segunda maior marca do cinema nacional pós-pandemia.
Baseado na obra não ficcional de Marcelo Rubens Paiva, filho do engenheiro e político santista Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), a obra tem recebido aplausos do público internacional e coloca novamente o Brasil com reais chances de indicação.
Exatamente, 25 anos após a chegada às tela de Central do Brasil.
Por coincidência, obra do mesmo diretor, Walter Salles.
Na ocasião, o destaque foi a atriz Fernanda Montenegro, que também tem participação importante em Ainda Estou Aqui.
Desta vez, com holofotes totais para sua filha, Fernanda Torres, ambas com papeis e atuações impecáveis – como de costume.
No entanto, poucos, porém, sabem que antes de ser cassado pelo regime militar no AI-1 e após seu retorno ao Brasil ser morto e torturado pela ditadura militar, Rubens Paiva foi um renomado construtor.
E empresário do setor à frente da empresa S.A Paiva Construtora.
Assim, ele deixou sua marca em dois edifícios localizados na orla de Santos, no litoral paulista, cidade onde nasceu.
Casos do Porto Fino e Porto Velho, cujas edificações iniciaram em 1961 – ainda no governo Juscelino Kubitschek.
A informação – desconhecida de boa parte do público – ganhou projeção após texto do jornalista Raul Juste Lores, aliás, mais um conterrâneo de Rubens Paiva.

Santista, o engenheiro Rubens Paiva, morto pela ditadura militar. Foto: Divulgação
Coisa de cinema
Sob o título Os prédios do deputado Rubens Paiva também são coisa de cinema, publicado no site Uol, o autor resgata três edificações do engenheiro e construtor.
Aliás, duas em Santos, sua cidade natal, e uma na Capital.
Ambos em frente à orla da praia.
Tratam-se dos edifícios Porto Fino, na esquina da avenida da orla de Santos com o Canal 1 (Av. Pinheiro Machado), uma edificação construída em terreno estreito de largura, mas amplo de profundidade.
E outro, o Porto Velho, na Avenida Presidente Wilson, na praia do Gonzaga, próximo à Avenida Bernardino de Campos (Canal 2).
Na Capital, a edificação retratada pelo autor é o prédio Solar do Conde, na rua Pará, em Higienópolis.
Curiosidades sobre as edificações estão presentes no importante e interessante site Arquivo Arq.

Porto Fino fica na orla da praia de Santos, esquina com a Avenida Pinheiro Machado (Canal 1), em frente ao local onde foi construído o primeiro dos canais da Cidade, em obra de Saturnino de Brito. Foto: @j.xavier Revista Acrópole
Porto Fino
Com 17 andares e 6 elevadores, totalizando 102 unidades, o Porto Fino surge entre 1961 a 1964 pela S.A. Paiva Construtora.
Ele se destacava na paisagem nas imediações da praia do José Menino junto ao Canal 1 (o bairro da Pompeia, onde ele está hoje, foi criado bem depois).
Aliás, projeto estrutural do renomado engenheiro paulistano, Roberto Zuccolo, autor de vários empreendimentos e assim como Paiva, morreu cedo (aos 42 anos).
O nome faz referência à enxuta área do terreno – o bloco tem 8,5 metros de largura por 55 metros de altura.
Logo após sua entrega, em 1964, a revista Acrópole, ligada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, destacava em ampla reportagem sobre o edifício.
As fotos de J. Xavier na época retratam bem a imponência do prédio – isolado em relação aos vizinhos, visão bem distinta dos dias atuais.
A grande sacada dos profissionais é que todos os seis apartamentos por andar têm a mesma vista para o mar – em direção ao bairro do José Menino e na vizinha São Vicente.
Vista para o mar
Assim, permite-se que todos os moradores desfrutem do olhar para o mar – ainda que construções posteriores tenham prejudicado a vista nas unidades dos andares mais baixos.
Como o prédio está de frente ao Canal 1 -primeiro canal construído pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito -, sua vista frontal jamais será prejudicada, pois nada pode ser construído sobre o canal, tombado.
Assim, em um mesmo bloco, os seis elevadores dividem as duas unidades por andar – totalizando seis apartamentos por pavimento, com dois dormitórios cada, concebidos de forma semelhante.
Não bastasse, o projeto original previa até uma loja – algo hoje comum em grandes empreendimentos, onde estabelecimentos funcionam para atender os moradores.
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Porto Velho fica na Avenida Presidente Wilson esquina com a Rua Quintino Bocaiúva. Foto: Acervo Pedro Paulo de Melo Saraiva
Porto Velho
Em frente à praia do Gonzaga, o Porto Velho passou por mudanças significativas em sua fachada.
No entanto, suas pequenas varandas geometricamente colocadas atestam um charme à edificação.
Está no número 45 da Avenida Presidente Wilson, esquina com a Rua Quintino Bocaiúva.
Aliás, seu projeto também é de 1961, com participação também de Zuccolo na parte estrutural.
Por sua vez, a autoria arquitetônica é de Francisco Petracco e Pedro Paulo de Melo Saraiva.
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