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Meio acadêmico

28 DE OUTUBRO DE 2016

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Walking Dead é objeto de estudo sociológico em universidade

A série se insere no conceito de New Horror, um subgênero do terror que envolve criações pós-11 de setembro

Por: Da Redação

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Imagem de abertura da 7ª temporada da série, iniciada no domingo passado.

Imagem de abertura da 7ª temporada da série, iniciada no domingo passado. Foto: Divulgação

 

Lançado no ano de 2010 e já em sua sétima temporada, The Walking Dead é visto por um público eclético, cultivando seguidores e fãs que curtem, não só a série, como também a temática abordada. Mas como entender esse fenômeno? Ou mesmo explicar esse interesse criado pelos telespectadores?

Foi diante desse cenário que Jorge Henrique Fugimoto, pesquisador e mestre em Ciências Sociais pela Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) – Campus Guarulhos, realizou uma interessante análise das cinco primeiras temporadas, com a “ideia de, a partir dos aspectos estéticos e os conceitos da Sociologia, polemizar as possíveis razões do tema ‘zumbi’ estar tão presente nas produções contemporâneas, especialmente em um seriado consumido por milhões de pessoas”.

Segundo Fugimoto, a figura do zumbi, conhecida hoje, pode ser entendida dentro do conceito de New Horror, elaborado por Angela Ndalianis (professora da Universidade de Melbourne). Esse subgênero do terror envolve criações pós-11 de setembro que estabelecem vínculos, de forma implícita, aos eventos que sucederam esse fato, expondo uma alta carga de violência, destruição do corpo e sangue. “Há um forte paralelo com as produções zumbis, em especial The Walking Dead, por representarem a ruptura da sociedade, despertando no público as fantasias de sobrevivência e os sentimentos de ansiedade e desconfiança”, analisa Fugimoto.

 

Visão pós-apocalíptica

A abertura do seriado, por exemplo, obedece a aspectos dessa nova linguagem cinematográfica. Algumas das imagens conduzem a uma atmosfera pós-apocalíptica, com elementos associados ao caos (objetos quebrados ou desordenados, sujeira, espaços abandonados). O tom sépia traz referências de algo antigo ou envelhecido, seja pelo gasto com o tempo, seja como representação do passado no interior da trama. A música tema, por sua vez, remete a uma composição típica de filmes de terror ou suspense, causando desconforto, tensão e angústia. “O mundo construído é de um ambiente desordenado, restando aos personagens lutarem por si próprios”, comenta o pesquisador.

A aparição do nome do seriado na abertura da primeira e segunda temporada, por exemplo, contribui para fortalecer o envolvimento do público com a história, já que traz alusão, de modo sútil, aos zumbis. A sequência de surgimento das palavras The, Dead e Walking, nessa ordem, mostra a passagem de transformação do ser humano em um morto-vivo, já que ele precisa primeiro morrer para, em seguida, voltar à vida e sair caminhando. “O padrão das aberturas, por exemplo, apesar de serem diferentes, estabelece uma conexão direta com o universo da série, criando um ‘clima’ para os telespectadores”.

A percepção individual também é bastante explorada pelo subgênero. Mas, além de ser uma resposta ou repulsa contra aquilo que é perigoso, essa manifestação está relacionada com a fronteira entre vida e morte. “A experiência, dependendo da conjuntura sensorial, emocional e intelectual, nos induz a perceber, sentir e interpretar aquela experiência de modo diverso. O dano corporal é amplificado, servindo como aparato para explorar o sensorial da audiência, forçando a reação daqueles que assistem. A todo tempo vemos os mortos-vivos caminhando. É quase perceptível sentir o cheiro do apodrecimento. Para contribuir: as moscas, que exercem tanto um papel visual, quanto sonoro”.

Conceitos familiares

A série movimenta elementos sociais com os quais os espectadores estão familiarizados. Como fio condutor, está a representação da família burguesa: o pai, que constitui o herói e líder; a mãe, responsável pela manutenção da união entre os entes; e o filho, superprotegido e representando a inocência. Já os demais sobreviventes, com suas próprias peculiaridades, representam certos estereótipos na sociedade de origem étnica ou de origem social. “Os indivíduos se mostram inicialmente divergentes e conflituosos, unidos somente pela necessidade, sobretudo a sobrevivência. Porém, com o passar do tempo, essas diferenças começam a diminuir e há uma ligação maior entre eles”.

Para o pesquisador, embora não seja possível mensurar e apurar a correlação entre o sucesso do seriado e os anseios e desejos dos espectadores, o público embarca na história. “A audiência não se conservaria fiel a um produto com o qual não estabelecesse certa relação de reconhecimento ou afinidade”, comenta. “Ainda que explore um mundo devastado, a trama do seriado aposta na busca do estabelecimento e construção de regularidades e cotidiano, de parâmetros sociais nos quais a própria audiência está inserida”, analisa.

Confira o trailer da 4ª temporada

 

Confira o trailer da 5ª temporada

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