Em razão da grave situação no Rio Grande do Sul, responsável por 71% da produção de arroz no País, o Governo Federal definiu os parâmetros para a importação de arroz beneficiado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Assim, a decisão ocorreu em Portaria Interministerial publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta terça-feira (14).
A medida pretende reduzir as consequências econômicas (e sociais) dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul e orienta a distribuição do produto em regiões metropolitanas.
A estimativa é que o quilo do arroz importado custe R$ 4,00.
“O governo garante um preço mais justo aos consumidores: arroz a R$ 4 o quilo. Esse é o preço que o consumidor vai pagar do arroz que o governo está importando para abastecer o mercado nacional”, diz o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
“Vai fazer com que diminua o custo de vida, já que o arroz é importante na refeição do povo brasileiro”, ressalta.
Levantamento do DPEC, do Banco Bradesco, mostra os impactos das perdas do estado em relação à agricultura, por exemplo.
Afinal, o Rio Grande do Sul responde por 99% da produção de canola no País, 73% de aveia, 71% de arroz, 45% do trigo e 40% do centeio no contexto nacional.
E isso afetará a inflação, por exemplo, em maio.
Por sua vez, supermercados já limitam a compra de pacotes de arroz.
O pacote de 5 quilos já ultrapassa R$ 35,00 em vários locais. Com tendência de alta.

Supermercados já limitam compras de pacotes de arroz. Foto: Nando Santos
Estimativa
“Estima-se que a alta da soja e arroz represente uma elevação de 0,2% na inflação neste mês”, diz o professor de Economia da Unifesp – campus Osasco e pós-doutor pela Universidade de Gênova, Paulo de Sá Porto.
Especialista em Economia Regional e Urbana, ele analisou o cenário da tragédia gaúcha para falar dos impactos na economia, a curto, médio e longo prazos.
Em entrevista ao Redação Boqnews, o docente destacou o papel do Rio Grande do Sul na economia nacional.
E as ações necessárias para a economia do estado voltar a crescer.
“O estado responde por 12,6% do PIB Agrícola e 8,3% do PIB da indústria de transformação”, salienta.
Sem contar outras áreas, como turismo, como as Serras Gaúchas, e o setor de logística, atingidos pelas enchentes que interromperam o fluxo de veículos.

Professor Paulo de Sá Porto analisou o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul na economia do Brasil. Foto: Felipy Brandão
Maior que países vizinhos
Dados do DPEC revelam que o PIB do estado tenha sido de R$ 600 bilhões (US$ 116 bilhões) em 2022.
Sozinho, sua riqueza supera países como Uruguai (U$ 80 bilhões) e Paraguai (U$ 46 bilhões).
Em números, o Rio Grande do Sul corresponde a 6,5% do PIB brasileiro (dados de 2021 do IBGE de 2021, os mais recentes).
Assim, os setores agrícola (12,6% do PIB Agrícola) e da indústria de transformação (8,3% do PIB do setor) têm as maiores participações.
Leilão do arroz
Dessa forma, a partir da Medida Provisória nº 1.217/2024, a Conab foi autorizada a importar até um milhão de toneladas de arroz por meio de leilões públicos, ao longo de 2024.
Agora, com a portaria assinada pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Fazenda, a primeira aquisição, de até 104.034 toneladas do cereal no primeiro leilão, está marcada para terça-feira (21/5).
Para esta compra, R$ 416,1 milhões programados — outros R$ 100 milhões para as despesas relativas à equalização de preços para a venda do produto.
Assim, a primeira remessa de arroz destina-se à venda para pequenos varejistas e equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional das regiões metropolitanas dos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará e Ceará, conforme a portaria.
Evitar especulação
O ministro Carlos Fávaro (Mapa) já havia reforçado que a iniciativa visa evitar alta nos preços e que o arroz importado não irá concorrer com os agricultores brasileiros, pois o produto comprado no comércio externo deve ser repassado apenas para pequenos mercados.
“O Governo Federal não pensa, em hipótese alguma, em concorrer com os produtores de arroz que passam por dificuldades. Nosso objetivo é evitar especulação financeira e estabilizar o preço do produto nos mercados de todo o país”, argumentou.
“É arroz pronto para consumo, já descascado, para não afetar a relação de produtores, cerealistas e atacadistas”, explicou Fávaro.
O produto desembarcará nos portos de Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Itaqui (MA).
O cereal ganhará embalagem de 2 quilos padronizada, com a marca do Governo Federal.
“O arroz que vamos comprar terá uma embalagem especial e vai constar o preço a ser vendido ao consumidor”, reforçou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
(*) Com informações da Agência Brasil.
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