A Pesquisa de Opinião Pública 2020, realizada pelo IBOPE e a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) sobre o que pensa e quer o brasileiro do setor elétrico, apontou que 88% dos entrevistados acham muito cara a energia e 80% gostariam de escolher sua operadora de energia elétrica.
Desde 2013, quando publicou-se a primeira pesquisa, o valor pago pelos consumidores se tornou um tema evidente nas despesas familiares, e isso acarretou no aumento no número de brasileiros, que consideram a energia elétrica no país cara ou muito cara, saindo de 67% para 84%.
O presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, ressalta que os dados confirmam os usuários não estão contentes com o atual serviço prestado pelas companhias elétricas.
“A pesquisa mostra claramente que as pessoas gostariam de escolher sua empresa fornecedora de energia. Eram 66% dos brasileiros há 7 anos; agora são 80%, um recorde. Ou seja, a cada 10 pessoas, 8 querem mudanças na sua conta de luz. Isso também mostra que as pessoas estão mais atentas a seus direitos e que este debate sobre o mercado livre de energia precisa continuar no Congresso Nacional para respeitar os anseios da população”, destacou.
Mudanças
O estudo apontou que de 10 brasileiros, seis trocariam o sistema do mercado cativo de energia – onde o consumidor é obrigado a compra energia da distribuidora – para o mercado livro – quando o consumidor tem a possibilidade de escolher quem será a sua fornecedora de energia.
Segundo o relatório, 83% ressaltaram que o valor cobrado hoje é devido aos impostos e também a falta de concorrência no setor elétrico.
Hoje, em Santos, a CPFL é a responsável pela energia dos moradores.
Segundo Medeiros, o mercado livre está amadurecendo e já é uma realidade entre os consumidores e pagadores de conta de luz.
“Eles não toleram mais pagar caro pela energia. Tanto que 62% dos entrevistados acreditam que a conta de energia deve diminuir caso seja implantado a livre escolha e haja concorrência entre operadores. Estamos nesta luta há mais de 20 anos e até agora a liberdade de escolha segue restrita apenas para a grande indústria. O pequeno consumidor segue tutelado pelo Estado que escolhe a conta de luz que ele vai pagar”, completa.
Outro resultado que mostra a mudança no perfil do pagador de energia, é que 17% das pessoas escolheriam sua operadora se baseando em uma geração de energia mais limpa.
Questionado se gostaria de gerar sua própria energia em casa, 90% disse que sim – o número é 13 pontos percentuais maior que 7 anos atrás.
Para Medeiros, o modelo atual gera ineficiência.
Crescimento
Nos últimos 12 meses, o segmento do mercado livre aumentou em 23% no número de consumidores.
Hoje, este tipo de iniciativa é responsável por 30% de toda a energia consumida do país e está presente, segundo a pesquisa, em 85% das indústrias.
O presidente acrescenta que o pós-pandemia irá cobrar ainda mais eficiência do setor elétrico, que hoje se encontra com críticas vindas de munícipes.
“Em que aprovar a reforma do setor. A energia barata só será obtida por meio da eficiência; o modelo atual é indutor de ineficiência e a insatisfação do consumidor/contribuinte está escancarada nesta pesquisa que realizamos”, finaliza Medeiros.