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11 DE AGOSTO DE 2008

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Compras em excesso

Quer descobrir se você sofre de Oneomania? Experimente ficar pelo menos um dia sem comprar nada, nem uma bala sequer. Se não conseguir ou se sentir ansioso porque não gastou nada, preste atenção porque esse pode ser um sinal de Compulsão por Consumo. Veja um caso típico desta situação: Qual o seu exemplo de consumo […]

Por: Da Redação

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Quer descobrir se você sofre de Oneomania? Experimente ficar pelo menos um dia sem comprar nada, nem uma bala sequer. Se não conseguir ou se sentir ansioso porque não gastou nada, preste atenção porque esse pode ser um sinal de Compulsão por Consumo. Veja um caso típico desta situação:


Qual o seu exemplo de consumo compulsivo?


– Olha, acho que eu tenho uns 50 pares de sapato, mas eu comprava junto com eles a bolsa e o cinto.


Mas você consegue usar todos?


– Claro que não. Hoje eu estou um pouco depressiva e acabei engordando depois que me dei conta do tamanho das minhas dívidas. Meu salário é de R$ 3 mil, mas eu cheguei a dever mais de R$ 8 mil.


Como você percebeu que estava na hora de parar?


– Só fui perceber quando não tinha mais dinheiro e também não tinha mais como arrumar emprestado. Foi aí que vi o quanto eu era consumista. Hoje eu não compro mais nada, tenho medo de entrar em uma loja.


Medo? Por quê?


– Porque não sei se vou conseguir comprar só o que preciso e não quero mais voltar a ser como antes.


O relato é da funcionária pública Rosemary da Silva, 47 anos, que se auto-classifica como consumista compulsiva.


A história de Rosemary é mais comum do que se imagina. Tudo começou com a morte da mãe há cinco anos e para fugir dessa carência afetiva, ela começou a comprar o que via pela frente sem se importar com o preço.


Então, ela descobriu que sofria de Oneomania e resolveu frear as despesas para colocá-las em dia.


Numa sociedade onde tudo se resume à aparência, o consumo é impulsionado pelo status e reforçadas por propagandas que tornam qualquer objeto em algo indispensável à sua vida. O consumo é a coração do capitalismo, mas não é o único causador do problema.


O estopim do distúrbio é a carência emocional independente de qual área da sua vida está em turbulência. Pode ser um problema com os pais, com o namorado ou até mesmo com o trabalho que despertam a necessidade de descontar em alguma coisa. É aí que se junta o útil ao agradável: carência afetiva com crédito na praça.


Imagine-se logo após uma discussão com o namorado, parada em frente à vitrine de uma loja no shopping e com cartão de crédito ou talão de cheque na bolsa. Qual seu primeiro pensamento? “Vou comprar uma blusa nova para sair hoje à noite”, indagariam boa parte das mulheres.


Não é difícil adivinhar o que se passa pela cabeça, porque esse é o momento em que a pessoa precisa suprir uma necessidade que, aparentemente, não está associada ao acontecimento anterior.


Até este ponto, não há problema algum. Ele começa quando todas as vezes que você apresenta algum desequilíbrio, vai gastar para descontá-lo, o que acaba afetando seu orçamento. Se você gasta, mas tem consciência de que não vai te atrapalhar, ótimo, mas se você não pensa antes de comprar é melhor tomar cuidado.


As psicólogas Maria Elisabete Simões e Daniela Gomes Pereira Toledo explicam que a maior característica da compulsão é o excesso de dívidas que fogem do orçamento. “A pessoa não se dá conta de que sofre do problema e começa a mentir para a família, para os amigos e busca qualquer forma de empréstimo para pagar as contas que não cabem mais no bolso”.


Durante o ápice da Oneomania, o prazer em gastar é mais constante, porém depois do consumo surgem sentimentos de culpa e vergonha. Culpa por comprar algo desnecessário e vergonha por saber que sua situação financeira dificultará o pagamento da dívida em dia.


Maria Elisabete esclarece que as pessoas que sofrem deste distúrbio, geralmente possuem todos os cartões de créditos estourados, ultrapassam o limite do cheque especial e mesmo assim continuam gastando para satisfazer um desejo momentâneo e incontrolável.


Falta de controle sobre os desejos é o ponto de partida para identificar os sintomas compulsivos.


Sob a perspectiva psicológica esta falta de controle é associada à sensação de poder. “Eu posso comprar, eu posso ter o que quero. Não preciso que ninguém faça por mim”, ou seja, é uma forma de se auto-afirmar perante a sociedade, mas é também a válvula de escape da carência emocional acompanhada de depressão posterior.


Outro ponto que pode ser avaliado é se este consumo implica na realização de planos de vida como uma viagem com os amigos ou problemas de relacionamento.


Segundo Daniela as propagandas reforçam ainda mais essa necessidade por mostrarem, indiretamente, que o novo produto resume a felicidade da pessoa e a posição social que ela ocupa. “Mostrar que você faz parte da sociedade está intimamente ligado ao que você compra, mesmo sem precisar”.


Em média, afirma Daniela, o problema aparece por volta dos 18 anos, especialmente entre as mulheres, porque é o momento em que se começa a ganhar autonomia sobre a própria vida, entretanto leva-se de 10 a 15 anos para identificar a Oneomania.


A dificuldade do diagnóstico também contribui para o prolongamento da compulsão, pois nem sempre a pessoa se dá conta do que está acontecendo. Enquanto consegue pagar as dívidas, ela não percebe, mas quando as dívidas acumulam e a pessoa precisa de empréstimos para pagar, a consciência avisa que é hora de procurar ajuda.


A psicoterapia é a única forma de tratamento da compulsão, mas só funciona se a pessoa estiver ciente da condição que enfrenta e realmente quiser se cuidar. Em casos mais graves, esclarece Maria Elisabete, o paciente também pode precisar de acompanhamento psiquiátrico.

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