Atualmente os golpes por celular estão se tornando cada vez mais criativos e comuns, pelo fato do avanço da tecnologia.Assim, os criminosos conseguem colher diversas informações da vítima, tentando clonar o número de telefone, documentação e além de dados bancários.
Porém, o que preocupa todos é a forma em que eles ocorrem, cada vez mais adaptado. Seja por uma mensagem no e-mail, em aplicativo de mensagem, promoções e vagas de emprego.
Para ter noção, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, o número de estelionatos no Brasil aumentou nos últimos cinco anos. Em 2022, foram registrados 1.819.409 casos do crime, 326% a mais que em 2018, quando ocorreram 426.799 registros.
Dessa forma, o advogado e professor doutor em Direito do Consumidor, Rafael Quaresma, dá dicas importantes, mas nem sempre levadas a sério.
Golpe do parente
Um golpe que vem ganhando força é aquele em que o filho manda mensagem por aplicativo para o pai ou parente dizendo que mudou o número do celular solicitando dinheiro.
Sendo assim, o advogado menciona que é necessário primeiro analisar a rotina e dinâmica da família, se há o costume dos filhos pedirem para os pais pagarem as contas. E se trocam códigos de barras por whatsapp.
“Se chega mensagem de uma pessoa da família de número diferente dizendo que mudou o número e pedindo pagamento de uma conta, ela nunca é da pessoa. É um pix, transferência, algo para terceiro. É necessário que chame atenção”.
“A dica é que os pais e responsáveis sejam ativos, façam ligação para filho para ver se o suposto número antigo estará funcionando”.
Portanto, se a pessoa ligar para o número cadastrado vai se comunicar e saberá que é um golpe.
Produtos
Recentemente uma fake news (notícia falsa) em um suposto vídeo ocorrido em Goiânia (GO) ganhou as redes. Era uma promoção de TV por R$ 105.
Porém, segundo o Procon goiano, o vídeo foi editado, sendo que a TV custaria R$ 2 mil. Com isso, já pode-se observar um golpe na internet, sem mesmo imaginar que possa ser real.
Quaresma reforça a importância e o cuidado com esses tipos de fraudes. “Não há milagre. Um valor médio de R$ 100 cair para 50, 40 ou 30. Ou o produto não está em perfeito estado, ou ele a loja não existem. Desconfie dessas megas promoções. Existem sites que trazem médias de preços, garantindo referencial de preço do valor médio praticado. Por exemplo, uma TV de determinado modelo. Ele te diz o valor e dá referência”.
Quaresma fala o mesmo dos sites de reclamação, como o ReclameAqui. “Ele busca a reputação do site que vende a TV barata. Se o site não é conhecido, veja nas redes o que falam dele. É uma forma de se proteger desses golpes”.
Banco
Existem aqueles golpes mais ousados que pedem a senha do cartão ou da conta do banco.
Dessa maneira, o advogado afirma que não existe fornecimento e entrega de cartão, pois é necessário consumidor sair da inatividade, ou seja, deixar que os golpistas realizem as coisas por ele.
“Quando não é cauteloso, ele acaba indiretamente contribuindo para o golpe. Por isso o consumidor não é ressarcido. Embora seja golpe, não agiu com cautela mínima necessária do que se espera de alguém mais atento e agiria de forma adversa numa situação idêntica”. Um golpe que até já rendeu algumas reportagens é o de aniversário, em que o motoboy vai entregar um presente para o aniversariante dizendo que foi algum parente que enviou.
Contudo, ele afirma que apenas haverá cobrança da entrega (8 reais por exemplo) e que não pode ser realizada em dinheiro, seja pelo motivo que o entregador não possui autorização para receber e isso dá confiança ao consumidor que vai pagar no débito ou crédito.
“Quando põe o cartão na máquina, concretiza-se o golpe. A entrega de R$ 8 vira uma transação não reconhecida de R$ 4, 5 ou 10 mil. Eu tenho um caso no escritório de uma consumidora médica que foi vítima desse golpe. Ela teve duas transações que somadas totalizam R$ 15.500. Assim, você vai vendo como a coisa é sofisticada”.
Por isso, confira no quadro abaixo alguns golpes e formas de evitar:
Foto: Arte Mala
Leis do consumidor
Quaresma também comenta sobre o papel que as leis de proteção ao consumidor desempenham na prevenção e no combate a golpes via celular. “As leis de proteção ao consumidor e o Código de Defesa do Consumidor tratam de forma genérica, não há dispositivo específico em relação aos golpes”.
Contudo, as leis estabelecem princípios e outras situações que servem para proteger o consumidor, criando direitos básicos, como direito à informação e segurança. Tudo isso acaba servindo para defender o consumidor que agiu de forma cautelosa ou que não agiu de forma displicente.
Desse modo, em um mundo cada vez mais digital, a prevenção e o cuidado contra golpes por celular são fundamentais. Por conta de medidas como a atualização constante sobre táticas de phishing (golpe em que o criminoso tenta “pescar” a vítima, chamando atenção por uma mensagem seja por email, SMS ou aplicativo de mensagem).
Além da instalação de aplicativos de segurança e adicionar senhas maiores, podem prevenir a privacidade e evitar danos financeiros e emocionais. A conscientização e educação são inevitáveis para um ambiente digital mais seguro e confiável para sociedade.