Peemedebistas afirmam que quase todos deputados da bancada da legenda eram favoráveis ao distritão, modelo defendido por Cunha. Na sessão, 13 votaram contra a proposta.
Na avaliação de Cunha, segundo a reportagem apurou, o que “atrapalhou” foi o PSDB, que havia negociado acordo para votar mas liberou a bancada após pressão do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Temer é criticado nos bastidores por Cunha e aliados porque, segundo eles, deixou Raupp “tocar” as tratativas sobre a votação. De acordo com esses deputados, o presidente interino do PMDB articulou com Gilberto Kassab (Cidades) e Aécio Neves contra os pontos votados na reforma política.
Temer é o patrono do distritão. Na segunda-feira (25), ele havia avaliado que o cenário estava, nas palavras de um interlocutor, “calmo”, e não descartava a vitória do modelo.
Esta foi a primeira grande derrota de Cunha à frente da presidência da Câmara.
Publicamente, o presidente da Câmara não individualizou responsabilidades pelo resultado, mas criticou o fato de “todos pedirem a reforma política”, mas na hora do voto, optarem por não mudar nada.
“Todo mundo chega na campanha eleitoral e diz que temos que fazer uma reforma política, porque ninguém aguenta mais fazer campanha como está. Mas ontem a Câmara votou, tomou sua decisão e ela não quer mudar o sistema eleitoral. O sistema que existe vai persistir. As eleições do ano que vem já estão organizadas”, disse nesta quarta-feira (27), durante evento da marcha dos prefeitos, em Brasília.
O resultado da reforma na Câmara foi a segunda derrota de Cunha no mesmo dia e praticamente sepultou a proposta capitaneada por ele e pelo PMDB. O projeto do distritão, também defendido por Cunha, já havia sido barrado por larga margem pouco antes.
O PT, que era contra o distritão e a favor do financiamento exclusivamente público das campanhas, acabou fortalecido com o resultado. O partido interrompeu assim uma série de revezes sofridos na gestão Cunha.