O déficit de profissionais da polícia civil (delegados, investigadores, escrivães, médicos legislas, entre outros) no Estado de São Paulo chega a 15 mil, segundo cálculos da Feipol – Federação Interestadual das Polícias Civis.
Somente na Baixada Santista, são 600 vagas, no mínimo, a serem preenchidas.
Os números foram divulgados pelo presidente da federação, Marcio Pino.
Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quarta (27).
E pior: nem mesmo o concurso, cujas inscrições se encerram hoje (28), serão suficientes para abrandar a situação.
Afinal, são 250 vagas para delegado e 54 para médicos legistas, sendo 22 para a Baixada Santista.
Trata-se do segundo maior número, ficando apenas atrás da Capital e Grande São Paulo.
Impactos
Em razão deste déficit, a situação tem sido cada vez mais complicada para os profissionais e população.
No caso dos profissionais, ele cita a situação do 5º Distrito Policial, na Zona Noroeste.
“São apenas quatro investigadores para acompanhar os boletins, fazer custódia de preso (há uma cadeia na unidade), plantão e intimações, por exemplo”, enfatiza.
Assim, o sindicalista é favorável ao fechamento da unidade no período noturno para garantir maior segurança aos profissionais que ali trabalham.
E assim, evitar riscos, como tentativa de resgate de presos, por exemplo, como ocorrido em fevereiro passado.
Pino exemplifica o caso das unidades do IML – Instituto Médico Legal na Baixada Santista ao se referir ao impacto da falta de profissionais na população.
Das 3 unidades, apenas a de Praia Grande funciona de forma plena, atendendo a todo o litoral e Vale do Ribeira.
Afinal, o IML de Registro conta com apenas um médico legista.
Isso porque faltam profissionais e, em especial, médicos legistas (o concurso prevê 22 vagas para a região).
Em Guarujá, a unidade funciona por alguns dias e horas, em razão da falta de médicos.
Por sua vez, na de Santos, nem isso.
Dessa forma, Praia Grande recebe os casos, trazendo prejuízos à população, especialmente às vítimas de violência doméstica.
“Ainda que ocorra o concurso, serão necessários mais oito meses para os profissionais começaram a atuar”, acrescenta.
Ou seja, somente em 2023, em um eventual novo governo estadual, a situação deverá ser normalizada.
Palácio da Polícia
Assim, Pino também falou sobre a luta da entidade para a reforma do Palácio da Polícia, na Avenida São Francisco, no Centro de Santos,
Além da discussão da transferência do atual local do IML, na entrada de Santos, para o bairro do Estuário, um bairro residencial.
A mudança é alvo de polêmicas e críticas, pois o local irá receber também o futuro IC – Instituto de Criminalística.
Dessa forma, segundo especialistas na área de segurança, isso pode atrair tentativas de resgate de armas e drogas que são apreendidas em operações policiais.
“E colocará em risco a população vizinha ao futuro prédio”, salientou.

O presidente da Feipol Marcio Pino falou dos impactos do déficit de policiais civis e outros problemas inerentes à categoria, que atingem a população. Foto: Carla Nascimento
Educação, a melhor arma
Portanto, durante a entrevista, o profissional também ressaltou a necessidade dos governos ampliarem os investimentos em Educação e atendimento às comunidades mais carentes.
“Antes de armar a população, deve-se armá-la com mais Educação”, enfatizou, criticando os defensores do uso de armas como resposta para a segurança particular do cidadão.
Dessa forma, ele próprio critica o uso do termo Bancada da Bala, usado por representantes tanto da polícia civil como da militar – e também das Forças Armadas – que ocupam cargos eletivos.
“Soa como algo repreensivo”, dispara.
Além disso, Pino também falou sobre a Atividade Delegada.
Ele a criticou ao defender melhores salários em substituição ao ‘bico oficializado’ feito no dia de folga ou férias dos profissionais.
Não bastasse, sobre como as guardas municipais têm suprido as demandas de segurança tanto nas polícias civil como militar, onde faltam profissionais.
“Os municípios ficam com as responsabilidades, mas não recebem recursos para tal. Deveria existir algo como o SUS, um Sistema Único de Segurança”, pontua.
Eleições 2022
Filiado ao PDT, Pino não descarta a possibilidade de disputar um cargo eletivo nestas eleições.
“Coloquei minha nome à disposição do partido”, acrescenta, cuja legenda lançará Ciro Gomes à presidência da República e Elvis César ao governo paulista.
Confira o programa completo