Confira abaixo:
O senhor é conselheiro honorário do Santos FC. Como vê o atual momento do time?
Eu sou o conselheiro mais antigo do Santos, junto com o Júlio Teixeira Nunes. E eu acho que o Luís Álvaro está conseguindo tirar um pouco do provincianismo aqui de Santos. Há um negócio que precisa acabar. Se quisermos ser um país de primeiro mundo, tendo um clube que dispute no primeiro mundo do futebol, precisamos perder um pouco do provincianismo. Esse bairrismo que torna as divisas do Município seu limite. É preciso extrapolar isso. Essa história do Santos ser o meu segundo lar não dá certo. Tem que espraiar. Há muito tempo, o Santos deveria ter uma sub-sede em São Paulo. Com o Roma e o Marcelo de Castro Leite, nos criamos essa sub-sede. Depois veio outra diretoria e acabou com ela. Nós tínhamos um projeto interessante de tentar arrendar o Pacaembu. O Corinthians estava tentando criar seu campo, como agora. O Palmeiras e o São Paulo já tinham os deles. A Portuguesa tem o Canindé. E o Pacaembu é um peso para a Prefeitura. Esse negócio de fazer arena aqui na Baixada é outro absurdo. Se alguma empresa quiser bancar, tudo bem, mas campo de futebol é prejuízo. Não tem cabimento. O negócio que você usa dez vezes por ano e alguns shows não pode dar lucro. A Vila Belmiro mesmo nunca teve sua capacidade total atingida. Os jogos do Santos têm em média cinco mil pessoas. Para que construir um estádio para 40 mil para um ou dois jogos no ano? O Pacaembu, estando feito, podendo virar uma arena multiuso, seria um grande negócio. Acho que o Luís Álvaro tem aberto a cabeça do clube. Ele ainda não chegou ao instante certo de fazer o modelo certo de gestão. Eles querem o futebol-empresa. Eu acho uma burrice você querer que o Santos FC seja uma empresa. O Santos FC é uma associação sem fins lucrativos. Uma associação desportiva. O Santos não pode almejar lucro. O objetivo de uma empresa privada é o lucro. Portanto o Santos não pode ser empresa. Como conciliar isso? O Santos deveria constituir uma sociedade em uma empresa com fins lucrativos. Digamos, uma sociedade limitada em que o Santos seja o dono. Essa empresa iria comprar passe, vender passe, fazer negócios. O Santos FC não pode sonegar e praticar ardil. Não pode pegar um menino que vale um milhão e dar apenas cem mil ao pai do menino. Fica feio. Já a empresa pode. O Luís Álvaro já percebe isso, mas ainda não encontrou o modelo que é esse. O Santos FC ser acionista de uma empresa. Ele esta com a proposta de chegar a este modelo. Eu cansei de vender esse modelo mas não quiseram comprar com medo de perder poder, o que é uma idiotice, porque aumenta o poder deles. Porque além do clube, ainda mandam na empresa. Quanto ao time, ele está ótimo, só que este técnico não conseguiu montar a equipe de modo a funcionar. Ela detém os melhores valores de ataque. Um clube que conta com Ganso, Neymar, Elano, Arouca e Borges têm o melhor ataque do futebol brasileiro, senão do mundo. Dai para trás que começa a complicar. De um lado tem o Léo, que é excelente, mas já tem idade. Do outro, o Pará. O diabo é que essa formação com cinco atacantes que não se distribuem como um 4-2-4. Mas, não é essa a formação. O Neymar e o Borges são ponta de lança. E o Elano, o Arouca e o Ganso jogam no centro. Nenhum é ponta. É um problema para o técnico resolver e ele não está resolvendo. E os dois beques deixam a desejar. São bons, mas não são excepcionais, como era o Mauro. O goleiro tem ido bem. Mas o problema da armação é sintomático. Como está vai perder jogo. Eu não entendo como não colocam o Ganso e o Elano mais à frente.
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O senhor acredita que Neymar poderá superar o Pelé?
É difícil, a época é outra. São períodos diferentes. Jamais se poderá fazer essa comparação. Mas tem uma coisa. Na soma de capacitações físicas, dão ao Pelé uma superioridade muito grande. O modelo físico do Pelé é muito superior. Mas, o Neymar poderá ser o melhor jogador do mundo, sem sombra de dúvida. Esse Messi não supera o Pelé. Pode ser que surja algum jogador que o supere. Eu vou ao Japão no dia 18 de dezembro para assistir a final do Mundial com o Santos.