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Nacional

20 DE AGOSTO DE 2011

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Gastone lembra do impeachment de Collor

Além disso, Gastone aponta Lula como o grande líder popular do país. Confira abaixo: O senhor acompanhou os seis presidentes que o Brasil teve após a Ditadura (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma). Qual deles, na sua opinião, foi o melhor?O Lula. Ele é o maior líder que esse país já conheceu como liderança […]

Por: Da Redação

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Além disso, Gastone aponta Lula como o grande líder popular do país.


Confira abaixo:


O senhor acompanhou os seis presidentes que o Brasil teve após a Ditadura (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma). Qual deles, na sua opinião, foi o melhor?
O Lula. Ele é o maior líder que esse país já conheceu como liderança popular. Com todos os erros dele. E o maior deles é permitir ainda que o PT exista. Isso é um desastre. A Dilma que o diga. Você vai ver se essa moça aguentar, tenho lá minhas dúvidas. Porque se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Se ela ceder, os Temers da vida vão engolir ela inteiramente. Não se esqueça que o Temer administrou o Porto de Santos por cinco anos. O Wagner Rossi, com aquele chefe de gabinete dele, que está com ele em Brasília. O Temer é isso ai. E depois do Temer quem veio para o Porto? O Valdemar Costa Neto, o Boy. É um negócio escandaloso. Veja bem, um político tem interesse em nomear um cargo na sua Região, nada mais que justificável, afinal é um político do Governo com mandato no local, que tem interesse em indicar alguém que faça exemplo do cargo, que tenha interesse em ajudar a Região. E mais: ele mostra seu prestígio e força política. Na Codesp ficou um Temer que nem sabe onde é Santos. O Valdemar Costa Neto, que é lá de Mogi, se vem aqui, vem disfarçado de freira. Atualmente, alguns anos, o Ciro Gomes indicou também. Qual o interesse? Ninguém para pra pensar? Qual o interesse desses sujeitos com Santos? É tão óbvio isso caramba! E nós convivemos com esse desastre.



Para Gastone, Lula foi o melhor
presidente do Brasil após a Ditadura


O senhor foi da Tropa de Choque do Presidente Collor e se absteve na votação do Impeachment dele. Por quê?
Eu não era da Tropa de Choque. Pelo contrário. Eu já não era nem líder do PTB por causa do Collor. Ele me tirou da liderança do PTB. Ele já tinha tentado tirar um ano, não conseguiu, mas no outro, quando ele se aliou ao PFL, com Antonio Carlos Magalhães e o diabo, ele conseguiu. Eu perdi a eleição por um voto dentro do partido. Eu sou um homem muito disciplinado. Meu partido apoiava o Collor. Das duas, uma. Ou eu saia do partido, ou eu cumpria meus deveres dentro dele. Eu fundei o PTB e até hoje sou filiado nele. Não concordo com o que hoje está acontecendo. Acho uma lástima. Roberto Jeferson foi minha cria, meu vice-líder por oito anos. Aprendeu tudo comigo. Só que aprendeu um pouco a mais, e esse um pouco a mais deu no escândalo todo do mensalão. Tudo começou com o Collor, com um sujeito chamado José Carlos Martinez, do Paraná. Eu era presidente nacional do PTB e líder do partido na Câmara. Dai veio o Collor e me tirou para colocar o Martinez, envolvendo o Roberto Jefferson também. E ele acabou se elegendo presidente do partido. Dai me afastaram. Continuei como presidente do PTB em São Paulo, mas já estava doente, com problemas cardíacos, em 1995 eu parei. No impeachment, eu justifiquei a minha abstenção. O problema é que ninguém publica a justificativa. A questão era que eu fui nomeado presidente da Comissão de Impeachment. Quando veio o processo, o presidente da Câmara nomeia uma comissão e esses deputados elegem um presidente e um relator. Eu fui o presidente e o Nelson Jobim, que até outro dia era ministro da Defesa, era o relator.  Eu notifiquei o Collor para apresentar a defesa em oito ou dez dias. O advogado me levou a defesa no hotel, para evitar a imprensa. Eu marquei uma reunião da comissão para o dia seguinte e passei a noite lendo a defesa. Uma defesa de oitenta páginas. Ele pedia para realizar provas testemunhais, periciais, e o diabo. As acusações não eram claras. Mas, já existia uma irregularidade. Eu pedi a presidência da Câmara que enviasse o pedido do impeachment, feito pelo Marcello Lavenère, da OAB, e pelo Barbosa Lima Sobrinho, da ABI. Esse meu pedido nunca foi atendido. A representação não veio. Mandei três ofícios e não me foi encaminhado. Tínhamos alguns inserts pela imprensa, mas ela inteira não tinha em nenhum lugar. O advogado do Collor reclamou, mas ele tinha a cópia da representação. E com ela fez a defesa. No dia seguinte, na reunião, eu abri os trabalhos e disse que estava com a defesa do advogado e que estava despachando dando vistas ao relator, deferindo algumas provas que ele pedia, como extratos de sua conta corrente, e oito testemunhas lá arroladas. Fiz isso porque me competia na condição de presidente. Não deferi algumas provas demoradas que ele pediu, por que achei que não tinha cabimento. Quando acabo de ler o despacho, perguntei se queriam que eu lesse a defesa para a Comissão. O líder do PMDB dispensou a leitura e pediu ao relator que relatasse o processo. Eu ai disse: “Espera um pouco, o relator vai responder as preliminares. Mas ele tem que ver as provas. Quais provas o relator quer fazer. E eu já deferi as provas tais”. Dai o Nelson Jobim deu parecer pedindo que não se defira nada e já apresentava sua resposta à defesa, um calhamaço de 100 folhas. Eu falei que tudo bem dele apresentar a resposta à defesa, mas que as provas eram direito constitucional do réu. Eu indeferi o pedido dele e mandei realizar as provas. O líder do PMDB recorreu de minha decisão e foi ao presidente da Câmara. Ele já tinha o despacho no mesmo ato do presidente da Câmara indeferindo a realização de provas. Isso tudo levou 15 minutos. Eu disse que ia recorrer ao plenário da Câmara. Ai o Jobim, com justa razão, lembrou que meu recurso não tinha efeito suspensivo e sugeriu que prosseguíssemos. Como sou legalista e ele tinha razão, dermos prosseguimento. Pedi para o relator ler seu parecer. O líder do PMDB novamente pede a dispensa da leitura do parecer do relator, pois todos lá conheciam. Eu falei que como presidente eu não conhecia. Que tinha o direito de ao menos ler o relatório. Dispensaram a leitura e pediram para eu colocar o relatório em votação. Eu me recusei. E novamente, em 15 minutos, eles tinham recorrido ao presidente da Câmara que determinou a votação. Em 15 minutos tudo foi posto a votação. Portanto, me abstive nessa votação e no plenário porque não tinha elemento nenhum. O sujeito teve todos os seus direitos de defesa cerceados. Não havia processo. Mas não adiantou. A máquina atropelou. Não deram direito de defesa ao Collor. E para mim, que passei por isso na época da ditadura, isso era sagrado. Não importa se ele era culpado ou não. Isso era outra conversa. Como advogado e legalista, passei momentos como esse de cerceamento do direito de defesa. E isso é sagrado. E o dele era também. Quando votei no plenário eu me abstive e disse que presidi a comissão de impeachment e na presidência constatei que não teve provas e nem elementos para poder se julgar. Só que ai fica o voto de abstenção. Esse voto é um voto de absolvição. Para Impeachment de um presidente era preciso que houvesse dois terços dos votos pela cassação. A abstenção e o voto não é a mesma coisa. Até hoje não existe esse processo. O Collor sempre fala isso. E ele foi processado pelo que no Supremo? Que a secretária dele recebeu do PC Farias R$ 8 mil na conta dela, com o qual ela comprou uma perua FIAT. Isso não era crime nenhum. Mas digo que era evidente que havia, mas o fato de você presumir que haja é uma coisa. Agora no exercício da função de presidente da Comissão de Inquérito, tendo que votar, eu não podia fazer diferente. O futuro um dia irá me julgar. Perguntem a quem votou pela cassação quais provas eles viram? É claro que a mídia fez o jogo livre dela. Mas quem julga, não pode se comportar como antigamente, quando se julgava em praça pública. Não é possível, senão a humanidade acaba, corroborar com isso. Eu estava politicamente contra o Collor. Estava marginalizado. Mas, como homem, advogado, não poderia corroborar com isso.

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