A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,43% em abril. Apesar da alta, o índice mostra desaceleração pelo segundo mês seguido. Em março, a variação foi de 0,56%, enquanto em fevereiro chegou a 1,31%.
Mesmo em queda, o índice de abril é o maior para o mês desde 2023, quando registrou 0,61%. Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 5,53%, acima da meta do governo e o maior patamar desde fevereiro de 2023.
O dado foi divulgado nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.
Alimentos e remédios puxam a inflação
Entre os nove grupos de produtos analisados, oito apresentaram alta. Os maiores impactos vieram dos grupos alimentação e bebidas (0,82%) e saúde e cuidados pessoais (1,18%), que juntos contribuíram com 0,34 ponto percentual para o índice do mês.
Alimentos continuam pesando mais no bolso, ainda que tenham desacelerado em relação a março (1,17%). Itens como batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) registraram fortes altas. O café se destacou com uma impressionante alta de 80,2% em 12 meses, o maior salto desde o início do Plano Real, em 1994.
Em contrapartida, alguns itens ajudaram a conter os preços. O arroz caiu 4,19%, e os ovos recuaram 1,29%, após um longo período de alta.
Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, a variação dos alimentos reflete, principalmente, fatores climáticos. “Ou chove muito ou não chove, e isso impacta diretamente a produção e os preços”, explica.
O índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento de preços, passou de 55% para 70% entre os alimentos, mostrando uma alta disseminação da inflação no setor.
Medicamentos também sobem
O grupo saúde foi impulsionado pelo reajuste nos preços de medicamentos, autorizado a partir de 31 de março, com teto de 5,09%. Só os produtos farmacêuticos subiram 2,32% em abril.
Transportes aliviam a média
Por outro lado, o grupo transportes recuou 0,38%, contribuindo para conter o IPCA. A principal queda veio das passagens aéreas, que caíram 14,15%, representando o maior impacto negativo no índice do mês.
Combustíveis também ajudaram, com quedas em todos os subitens:
Óleo diesel: -1,27%
Gás veicular: -0,91%
Etanol: -0,82%
Gasolina: -0,35%
Fernando Gonçalves aponta que o recuo se deve à redução de preços nas refinarias e ao avanço da safra de cana-de-açúcar, no caso do etanol.
Meta de inflação está comprometida
A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. Desde o início de 2025, os índices ficaram acima do teto mês após mês. Pela nova regra, isso pode significar o descumprimento da meta se durar seis meses seguidos.
Juros seguem em foco
O comportamento dos serviços e dos preços controlados também é monitorado pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano.
Serviços desaceleraram de 0,62% em março para 0,20% em abril, enquanto os preços monitorados subiram de 0,18% para 0,35%, puxados pelos remédios.
INPC sobe mais que IPCA
O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Em abril, o INPC subiu 0,48%, acima do IPCA.
Isso ocorre porque os alimentos têm peso maior no INPC (25%), refletindo o impacto proporcionalmente maior nas famílias de menor renda. O índice influencia diretamente reajustes salariais e benefícios sociais ao longo do ano.
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