Brasileiros devem conviver com alta da inflação ao longo dos próximos meses | Boqnews
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Economia

15 DE OUTUBRO DE 2021

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Brasileiros devem conviver com alta da inflação ao longo dos próximos meses

Segundo os professores, a alta da inflação vai perdurar este ano e prosseguirá em 2022, quando o Brasil terá eleições, com situação semelhante a 2018.

Por: Fernando De Maria

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Entre os 20 países do G-20, o Brasil ocupa a terceira colocação na taxa da inflação.

Segundo levantamento do Trading Economics, até setembro, apenas 3 países do G-20 (maiores potências mundiais) tinham taxa de inflação superior a dois dígitos.

A líder é a Argentina, com 52,5%; seguida da Turquia, com 19,58%; e o Brasil, com 10,25%.

Na sequência estão a Rússia, México e Estados Unidos, com quase a metade da inflação brasileira.

Confira a listagem completa aqui.

Este cenário, portanto, mostra que o argumento da pandemia não se sustenta entre aqueles que apontam que a inflação decorre do vírus.

“Existe lição que não está sendo feita aqui. Não dá para jogar toda a culpa na pandemia. Não cola este discurso de que apenas os problemas externos impactam a nossa inflação”, destaca o coordenador dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Econômicas da Unisantos, Elias Haddad.

Ao lado do também professor da Unifesp e pós-doutor em Economia, Paulo Sá Porto, ambos participaram do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quinta (14).

Os docentes analisaram o cenário econômico do País e não se mostraram animados com a situação que se apresenta na economia brasileira até o final do ano e em 2022.

Riscos e inflação

Além disso, Haddad enumera os riscos de se investir no Brasil neste momento.

“Investimentos gostam de estabilidade”, destaca.

Ele lamenta o clima de ‘Fla x Flu’ que permeia a política nacional, ainda mais com a aproximação das eleições presidenciais dentro de um ano.

Dentro deste cenário, Haddad recorda que as eleições de 2022 serão tão instáveis como a de 2018.

“Naquela ocasião, o real desvalorizou muito naquele ano”, lembra.

Apenas nos 11 primeiros meses daquele ano eleitoral, a desvalorização chegou a 14,1%.

E o dólar valia R$ 3,79.

Na quinta, encerrou o pregão a R$ 5,51 – alta de 45,4% em três anos.

“Espero uma recuperação, mas as perspectivas não são animadoras”, reconhece.

Por sua vez, Porto acredita que é possível uma desaceleração da inflação.

No entanto, ele teme um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, afetando ainda mais a desvalorização do real.

Por exemplo, a inflação americana atual está em 5,4%, um escândalo para os padrões dos Estados Unidos.

“Temos que ficar de olho neste cenário”, salienta o docente.

Além disso, ele reforça também os riscos da instabilidade política e das ações de políticas públicas serem corroídas pela alta inflacionária.

Taxa de juros

Assim, o aumento crescente da taxa de juros preocupa.

Já está em 6,25% – com tendência de acréscimo de mais um ponto percentual na próxima reunião do Copom no final do mês.

Assim, ultrapassará, com folga, a taxa de 6,5%, em julho de 2019, a mais alta até então no governo Bolsonaro.

Conforme Paulo, a elevação da taxa de juros é uma ferramenta frequente adotada pelo Banco Central para frear o consumo e tentar debelar a inflação.

“Esta é a situação clássica, mas na economia brasileira estamos percebendo um aumento generalizado de custos em todos os setores. Há tempos isso não ocorria”, destaca.

Ele aponta três fatores que contribuem para esta situação: pandemia, mercado externo e a atual gestão pública do País.

A elevação da taxa de juros também tem outro componente: atrair capital estrangeiro, em busca de maior rendimentos.

Mas esta estratégia já se comprovou ser ineficaz.

“É um capital especulativo, que não gera empregos. Vai embora do dia para a noite”, salienta Haddad.

O professor acrescenta que os últimos governos abriram mão dos estoques reguladores – houve uma redução de 96% no volume de alimentos estocados na última década.

“Perdemos assim a capacidade de gerenciar os alimentos, especialmente os da cesta básica. Como há a lei da oferta e da procura, os preços explodem”.

Casos do feijão, óleo de soja, arroz só para citar alguns exemplos recentes.

Que o digam os consumidores, especialmente as classes mais baixas.

Mais preocupação

Outro ponto importante é a falta de reajustes dos servidores em todas as esferas que, em alguns casos, se arrastam desde 2019. Pelo menos.

A combinação aumento da inflação com ano eleitoral revela um cenário ainda mais preocupante, pois não será surpresa se o governo imprimir dinheiro para fazer frente à esta demanda.

“Prevejo uma retroalimentação inflacionária”, acrescenta Paulo.

“Vamos voltar a ter que emitir moeda”, reconhece Haddad.

Ele destaca que a inflação atual já asfixiou a classe baixa, hoje atinge a classe média e tende a subir para as demais camadas sociais.

Os docentes também falaram sobre as diferenças da economia americana com a brasileira, gestão do ministro Paulo Guedes, aumento de impostos municipais para 2022, entre outros assuntos, durante o programa comandado pelo jornalista Francisco La Scala.

 

Programa completo

 

 

Análise do cenário econômico com o professor Elias Haddad

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