Instabilidade global deixa economia impactada | Boqnews
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Economia

16 DE MARÇO DE 2020

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Instabilidade global deixa economia impactada

Confira como o surto do coronavírus e a crise do petróleo vão impactar o dia a dia das famílias

Por: João Pedro Bezerra
Da Redação

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O dólar disparou nos últimos dias ultrapassando a marca de R$ 5,00 pela primeira vez na história. Já o Ibovespa teve queda de mais de 15% e interrompeu as ações três vezes na semana, após acionar o circuit breaker, termo usado para suspender os negócios por 30 minutos.
Diversos fatores explicam o aumento do dólar e a crise na bolsa de valores.

Segundo a economista e professora da Universidade Católica de Santos (Unisantos), Viviam Ester de Souza, a alta da moeda norte-americana foi determinada por vários acontecimentos externos e internos que criaram um ambiente de incertezas para o mercado financeiro.

“A combinação destes fatores externos e internos, aliado à recente crise do coronavírus, e mais ainda com a crise do mercado de commodities, refletida pela forte queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, fazem com que a Bolsa de Valores seja afetada diretamente pela saída dos investimentos do mercado acionário (investimentos em ações das empresas), que migram para os mercados considerados de menor risco, como ativos em dólar, euro, libras e o ouro, gerando assim fortes quedas no índice Ibovespa (indicador da Bolsa de Valores brasileira) e consequente alta no valor do dólar”.

Por conta das mudanças na economia mundial é necessário ter atenção e repensar o investimento. De acordo com a investidora, Laura Zantut, dona da Cultura Trader, a situação está péssima para quem busca comprar algo barato e espera ter uma valorização. Porém, ela afirma que momentos de crises são ótimas oportunidades de trades (comércios).

Além disso, as pessoas devem tomar cuidado com propagações de fake news (mentiras) na internet sobre o tema principalmente agora com a instabilidade do mercado.

Coronavírus

Uma das principais razões para a crise na bolsa de valores é o coronavírus. Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia do vírus.

A Europa vive um momento de caos, com inúmeros casos. Diversos eventos esportivos e culturais foram cancelados, inclusive as eliminatórias da Copa e a Taça Libertadores. A situação mais grave é na Itália; onde o governo implantou um estado de quarentena para todo país em busca do controle da doença, que deixou até agora 1016 mortos

No Brasil, o cenário começa a ficar preocupante em relação ao covid-19. Só no estado de São Paulo há mais de 50 casos. Com o vírus circulando em praticamente todo o mundo, a economia dos países acaba sendo afetada e vários setores são prejudicados; como o turismo, indústria e comércio. Ou seja, lojas fechadas, medo de investimentos e incertezas provocam uma série de reações na área econômica.

Governo

O ministro da economia Paulo Guedes foi criticado nas últimas semanas pela declaração infeliz, dizendo que o dólar alto é bom, pois até empregada doméstica estava indo para Disney nos Estados Unidos.

Ele também comentou que o governo precisava fazer muita besteira para o dólar chegar a R$ 5. Na última sexta-feira (13), no auge da crise, o ministro prometeu medidas visando menores impactos na economia brasileira e não descartou nova liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Dessa forma, o cenário econômico brasileiro não é o dos mais animadores. O Produto Interno Bruto (PIB) que soma toda a produção do País cresceu apenas 1,1% em 2019.

Mudanças

Produtos importados, como chocolates, serão afetados pela alta do dólar, que ultrapassou a barreira dos R$ 5,00/ Foto: João Pedro Bezerra

Porcentagem, ações, números e matemática, a linguagem na área de economia é difícil de entender, principalmente quando se refere as mudanças que a crise pode trazer para o cotidiano das pessoas.

Um dos primeiros impactos são o aumento de preço de produtos importados e derivados. Nesta balança entram o pão francês (trigo) e seus derivados, perfumes e eletrônicos.

De acordo com Renato Gonçalves, proprietário da perfumaria Beverly Hills, com lojas em Santos, São Vicente e Praia Grande, o aumento dos produtos acontecerá daqui a três meses. Isso porque é o tempo que o fornecedor leva para entregar o pedido, mesmo com o esforço da perfumaria em controlar ao máximo o preço dos objetos pensando nos clientes.

O Laticínios Marcelo Import, um dos principais comércios da região e referência no setor, se depara com situação parecida. No entanto, os produtos também ainda não tiveram reajustes por conta do aumento do dólar, pois a loja conta com um amplo estoque de produtos, como vinhos, queijos, frutas secas e azeites.

De forma mais rápida, a alta do dólar tende a atingir o pão francês. Afinal, o Brasil não é autosuficiente no trigo, o que demanda importação do produto da Argentina, Estados Unidos, Canadá e França. Com o dólar nas alturas, será inevitável o reajuste do pão e seus derivados, como biscoitos.

Para alguns setores, a alta do dólar traz pontos positivos. É o caso do turismo regional. A desvalorização do real nos últimos meses levou as pessoas a optarem por viagens mais próximas e desistirem de ir ao exterior. Dessa forma, a Baixada Santista foi um dos locais preferidos pelos turistas no verão. Em Santos, os hotéis tiveram a maior taxa de ocupação nos últimos 10 anos no mês de janeiro. Segundo a rede hoteleira, aproximadamente 75% dos apartamentos lotaram.

No entanto, a incerteza do coronavírus pode ser prejudicial ao setor.  Assim, quem ganha mesmo com a alta do dólar é o setor de exportação.

Com o custo em reais e a venda em dólares, essa área terá mais vendas para o exterior, pois é mais lucrativo, o que deverá as exportações, impactando positivamente o setor agropecuário e de exportação, afetando diretamente na movimentação de cargas nos portos, como no de Santos.

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