ONU: socialismo e religião são destaques no discurso de Bolsonaro | Boqnews
Foto: Alan Santos/PR Bolsonaro Onu

Internacional

24 DE SETEMBRO DE 2019

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ONU: socialismo e religião são destaques no discurso de Bolsonaro

Fala do presidente na Assembleia Geral durou cerca de 30 minutos

Por: Andreia Verdélio
Da Redação

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O discurso do presidente Jair Bolsonaro hoje (24) na 74ª Assembleia Geral da ONU durou cerca de 30 minutos. Bolsonaro dedicou a maior parte à questão ambiental.

O presidente começou falando sobre a reconstrução do país, que, para ele, “ressurge depois de estar à beira do socialismo”.

“Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições”, disse.

O presidente citou o programa Mais Médicos, criado em 2013, em parceria com o governo cubano.

Desenvolvido para suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias do país, o Mais Médicos está sendo reformulado pelo governo.

“Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir”. Segundo Bolsonaro, a situação dos cubanos configurava “um verdadeiro trabalho escravo”.

No discurso, Bolsonaro disse que os médicos que permanecem no Brasil serão submetidos à qualificação para exercer a profissão no país.

Ideologia

Ainda sobre socialismo, o presidente relacionou os governos cubano e venezuelano. Disse que “a história nos mostra que, já nos anos 60, agentes cubanos foram enviados a diversos países para colaborar com a implementação de ditaduras”.

De acordo com Bolsonaro, hoje, a Venezuela é controlada por agentes cubanos levados pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.

“A Venezuela, outrora um país pujante e democrático, hoje experimenta a crueldade do socialismo”, disse.

A Operação Acolhida, desenvolvida pelo Exército brasileiro para atender os refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil, foi elogiada por Bolsonaro. Além disso, destacou que trabalha com outros países para que a democracia seja restabelecida na Venezuela.

E, ainda, para combater o socialismo na América Latina, que “ainda continua vivo”.

Bolsonaro citou ainda o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que comandou os processos da primeira instância da Operação Lava Jato, quando juiz em Curitiba (PR). Incluindo o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Há pouco, presidentes socialistas que me antecederam desviaram centenas de bilhões de dólares comprando parte da mídia e do Parlamento, tudo por um projeto de poder absoluto”, disse Bolsonaro.

De acordo com o presidente brasileiro, nas últimas décadas, um sistema ideológico “se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas”.

O objetivo, sobretudo, seria “investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família”.

Mas, para Bolsonaro, as Nações Unidas podem “ajudar a derrotar o ambiente materialista e ideológico que compromete alguns princípios básicos da dignidade humana”.

“Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um ‘interesse global’ abstrato. Esta não é a Organização do Interesse Global, é a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer”, disse.

Liberdade, religião e redução da criminalidade

O presidente reafirmou seu compromisso com os mais altos padrões de direitos humanos; com a defesa da democracia e da liberdade de expressão, religiosa e de imprensa.

“É um compromisso que caminha junto com o combate à corrupção e à criminalidade, demandas urgentes da sociedade brasileira”, disse, destacando a redução de 20% no número de homicídios nos seis primeiros meses de seu governo e os recordes nas apreensões de cocaína e outras drogas

Além disso, Bolsonaro também criticou a perseguição religiosa em todo mundo. Defendeu, ainda, a criação do Dia Internacional em Memória das Vítimas de Atos de Violência baseados em Religião ou Crença.

“É inadmissível que, em pleno século 21, com tantos instrumentos, tratados e organismos com a finalidade de resguardar direitos de todo tipo e de toda sorte, ainda haja milhões de cristãos e pessoas de outras religiões que perdem sua vida ou sua liberdade em razão de sua fé”, disse, destacando a participação do Brasil nas missões da ONU.

Economia

Na área econômica, Bolsonaro destacou a abertura comercial brasileira. E, ainda, o programa de concessões e privatização, bem como a ampla agenda internacional do governo, “no intuito de resgatar o papel do Brasil no cenário mundial e retomar as relações com importantes parceiros”.

“Em busca de prosperidade, estamos adotando políticas que nos aproximem de países outros que se desenvolveram e consolidaram suas democracias. Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica”, disse.

A assinatura dos acordos comerciais do Mercosul com a União Europeia e com a Área Europeia de Livre Comércio (EFTA), bem como a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foram exemplos dados pelo presidente de que a economia brasileira está reagindo. E que, além disso, o país está reconquistando sua confiança política e econômica.

“Já estamos adiantados, adotando as práticas mundiais mais elevadas em todo os terrenos, desde a regulação financeira até a proteção ambiental”, disse.

Isenção de vistos

Ao falar sobre a isenção de vistos para países como Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá, Bolsonaro convidou os presentes a conhecerem o Brasil e a Amazônia. Além disso, disse que “ele é muito diferente daquele estampado em muitos jornais e televisões”.

Segundo o presidente, também está em estudo a isenção dos vistos para turistas chineses e indianos.

Bolsonaro chegou na tarde de ontem (23) a Nova York para o debate geral anual. Na ocasião, líderes mundiais se reúnem na sede da ONU para discutir questões globais.

Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral. O tema deste ano do debate geral e da 74ª sessão da assembleia é “Galvanizando esforços multilaterais para erradicação da pobreza, educação de qualidade, ação climática e inclusão”.

Após a fala de Bolsonaro, foi a vez de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os dois trocaram cumprimentos no momento em que Trump se encaminhava para a tribuna.

Antes de abrir o debate na Assembleia Geral, Bolsonaro se reuniu rapidamente com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

No entanto, não estão previstos encontros bilaterais com outros chefes de Estado.

Posteriormente, o presidente brasileiro tem encontro marcado com o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. A previsão é que embarque de volta ao Brasil por volta das 21h45. Bolsonaro deve chegar a Brasília às 7h30 desta quarta-feira (25).

Repercussão

No Brasil e no mundo, especialmente nas redes sociais, o discurso teve repercussão negativa.

Entre os críticos da fala, está o governador paulista João Dória: “Primeiro, inadequado. Segundo, inoportuno”.

A plataforma de checagem Aos Fatos trabalha nos pontos levantados pelo presidente ao longo do discurso.

Entre as falas de Bolsonaro, existem afirmações falsas, verdadeiras e imprecisas.

O trabalho completo pode ser conferido posteriormente neste link.

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