A defesa do ex-ministro Antônio Palocci rebateu as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que nesta quarta (13), em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, classificou a conduta de Palocci como fria e calculista e disse que o ex-ministro mentiu ao dizer que Lula tinha um “pacto de sangue” com o empresário Emílio Odebrecht, fundador da construtora, para supostamente receber propinas.
“Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente e virtuoso. Depois que resolveu falar a verdade, passou a ser tido como calculista e dissimulado. Dissimulado é ele, que nega tudo o que lhe contraria e teve a pachorra de dizer que se encontrava raramente com o Palocci a cada 8 meses”, escreveu o advogado Antonio Bretas, responsável pela defesa do ex-ministro.
Na semana passada, em depoimento, Palocci disse a Moro que Lula fez um “pacto de sangue” com Emílio e que “o pacote de propinas” envolveria um fundo de R$ 300 milhões para “atividades políticas” do ex-presidente, que responde nesse processo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Eu fiquei vendo o Palocci falar. Ele inventou uma frase: ‘pacto de sangue com Emílio Odebecht’. Mas ele é quem fez um pacto de sangue com os delatores, com os advogados dele e talvez com o Ministério Público, porque ele disse exatamente o que o power point [referência à entrevista coletiva de procuradores da Lava Jato em que foi exibida uma apresentação em power point apontando o ex-presidente como ‘comandante máximo’ do esquema do petrolão] queria que ele dissesse”, disse Lula a Moro.
Terreno do Instituto Lula
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), a empreiteira Odebrecht comprou um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula.
A denúncia diz que a construtora também pagou R$ 12,4 milhões pelo terreno, mas a obra não foi executada.
A empreiteira também teria comprado um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP).
Ao iniciar o depoimento, Lula disse que “apesar de entender que o processo é ilegítimo e injusto”, pretendia falar.
“Eu vi o Palocci mentir aqui esta semana”, disse Lula, acrescentando que viu atentamente o depoimento de seu ex-ministro, que classificou como “cinematográfico” e que parecia ter sido escrito por um roteirista de televisão.
“Talvez eu seja a pessoa que mais queira a verdade neste processo”, disse.
Lula diz a Moro que Palocci mentiu
A reação de Palocci deve-se ao fato de, horas antes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na Justiça Federal em Curitiba, que o ex-ministro da Fazenda de seu governo Antonio Palocci mentiu durante depoimento prestado à Justiça Federal.
Lula disse a Moro que Palocci mentiu para conseguir os benefícios de uma delação premiada e que teria ficado com pena do ex-ministro.
Ao iniciar o depoimento, Lula disse que “apesar de entender que o processo é ilegítimo e injusto”, pretendia falar.
“Talvez eu seja a pessoa que mais queira a verdade neste processo”, afirmou.
“Eu vi o Palocci mentir aqui essa semana”, disse Lula, acrescentando que viu atentamente o depoimento de seu ex-ministro, que classificou como “cinematográfico” e que parecia ter sido escrito por um roteirista de televisão.
“Você vai dizer tal coisa, os lides [no jornalismo, a primeira parte de uma notícia] são esses, preparam alguns lides para dizer e o Palocci, se não fosse um ser humano, ele seria um simulador. O Palocci é tão esperto que ele é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade”, disse.
“Frio e calculista”
“Ele é médico, é calculista, é frio. Nada é verdadeiro. A única coisa que tem verdade ali é ele dizer que está fazendo a delação porque ele quer os benefícios da delação ou quem sabe um pouco do dinheiro dele que vocês bloquearam”, completou Lula.
O ex-presidente responde processo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, a empreiteira Odebrecht comprou um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), a Odebrecht pagou R$ 12,4 milhões pelo terreno, mas a obra não foi executada.
A empreiteira também teria comprado um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP).
O depoimento do ex-presidente durou cerca de duas horas e dez minutos.
Lula chegou ao prédio da Justiça Federal por volta das 13h50.
Além de Lula e Palocci, também é réu no processo o assessor do ex-ministro Branislav Kontic, que foi interrogado logo depois de Lula.
Também são réus o dono da empresa DAG Construtora Demerval de Souza Gusmão Filho; o primo do pecuarista José Carlos Bumlai, Glaucos da Costamarques; o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht; o advogado Roberto Teixeira e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, que seria ligado à Odebrecht.