Ex-ministro da Saúde entre 2014 e 2015, o médico e professor universitário da Unifesp, Arthur Chioro (foto), teme pelos rumos do País em relação à pandemia do Covid-19 após duas sucessivas trocas de ministros na pasta a qual ele ocupou durante o governo Dilma Rousseff.
“É uma tragédia”, resume.
“A troca em si já seria um grave problema, mas no atual momento é uma atitude criminosa, que terá gravíssimas consequências para o País”, salientou Chioro em entrevista concedida ao jornalista Fernando De Maria, durante o programa Notícias do Dia, divulgado nas redes sociais do Boqnews (facebook, instagram e youtube).
Apesar de discordar das ações implementadas pelo atual governo em relação ao primeiro ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta “que não preparou o Brasil para a testagem, nem leitos de UTIs”, a primeira troca já foi um problema para o funcionamento da máquina administrativa do ministério, pois foi necessário recomeçar um novo ciclo com a chegada do médico Nelson Teich para substitui-lo em meados de abril.
Teich, porém, pediu demissão do cargo nesta sexta (15).
Há quem garanta que o presidente Jair Bolsonaro o demitiu por não aceitar o uso pleno da cloroquina como solução para o combate ao covid-19 em casos graves, além de ser contrário ao isolamento social, defendendo o isolamento vertical – onde apenas as pessoas com morbidades e idosos não sairiam de casa.
“Teich também não tinha contato com a área pública de saúde ao assumir, mas nem dá para fazer qualquer avaliação pelo curto espaço de tempo que ele ficou na pasta”, acrescentou Chioro.
Interferência
O ex-ministro teme a interferência do presidente Bolsonaro na escolha do futuro ministro pelo uso do medicamento para o combate à doença, algo não recomendado pelos médicos em decorrência dos graves efeitos colaterais.
Apesar de achar difícil, ele espera que o sucessor de Teich seja alguém da área médica.
Conforme ele, haverá dificuldade, porém, em encontrar algum profissional que acate plenamente as ideias do presidente, contrariando a área médica e até de organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde.
“Há uma profunda irresponsabilidade do presidente da República”, disparou.
Confira a entrevista concedida pelo ex-ministro ao programa Notícias do Dia neste link.