A eleição do último domingo serviu para quebrar mitos e traçar um novo quadro de forças políticas do Município. Inicialmente, esta foi a primeira vez na história da Cidade que não houve segundo turno, ao contrário do que ocorrera em 1992, 1996, 2000 e 2004, desde o início desta prática surgida com a Constituição de 1988.
Não bastasse, a vitória do prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) foi a maior já registrada por um candidato em Santos, em decorrência dos 190.705 votos obtidos – o equivalente a 77,22% dos sufrágios válidos, o mais amplo percentual em uma eleição municipal em Santos e que dificilmente será quebrado, em razão do histórico de divisão política que marca as eleições municipais.
Além disto, a expressiva votação do prefeito serviu para dar um novo gás ao PMDB, que surgiu das cinzas como uma fênix, desde que o partido ocupara o poder entre 1984 a 1988, na gestão Oswaldo Justo.
Apesar da vitória de Papa em 2004 colocar o partido de volta ao cenário local, foi nesta eleição que efetivamente a agremiação ganhou o espaço necessário e se consolidou como a principal força política da Cidade na atualidade, até para ampliar a sustentação política ao prefeito reeleito.
Em âmbito regional, o partido também ganhou em Guarujá, com a vitória de Maria Antonieta Brito, a maior surpresa desta eleição, que venceu o atual prefeito Farid Madi (PDT) no primeiro turno.
Nada mal para uma agremiação que na década passada figurava como coadjuvante nas eleições majoritárias em Santos, com votações insuficientes para levar a legenda ao segundo turno. Oswaldo Justo concorrera em 1992 e 1996, sem sucesso. Em 2000, o partido resolveu apoiar o PPB (atual PP), do então prefeito Beto Mansur, indicando o atual prefeito Papa para o cargo de vice.
Nova força
O crescimento e a aprovação ao governo Papa – pesquisa da Enfoque/jornal Boqueirão realizada no final de setembro apontou que o governo tem conceito de ótimo/bom de 70,6% – foram fundamentais para o renascimento do PMDB. Se em 2004 o partido elegeu apenas dois vereadores (Antonio Carlos Banha Joaquim e Manoel Constantino) no domingo passado foram eleitos cinco edis (além dos dois já citados, Marcus de Rosis – que pertencia ao extinto PFL em 2004; Roberto de Jesus, suplente pelo PTB na ocasião; e Geonísio Pereira Aguiar, suplente do PMDB à época.)
Em quatro anos, o partido aumentou em 89,64% o total de votos. Foram 28.603 em 2004 e 54.244 em 2008, sendo 14.150 votos na legenda e 40.094 para os vereadores da agremiação. Em 2004, o partido só conseguira 3.630 votos de legenda e ínfimos 577 votos em 2000.
Um crescimento, portanto, de 289,8% somente para o número 15 em quatro anos. Em relação à votação final, apenas os destinados à legenda corresponderam ao total de 5,73% de todos os votos válidos (246.971) para vereadores na última eleição – o suficiente para fazer um vereador.
Especialistas políticos consultados pelo Boqueirão acreditam que a enxurrada de votos na legenda decorre do fato de muitos eleitores terem votado achando que estavam escolhendo o prefeito Papa. Como na urna o primeiro voto era destinado aos candidatos à Câmara, tal afirmação é coerente. Além disto, não se descarta o fato de eleitores que não tinham escolhido o vereador optaram em teclar o número 15 para os cargos de prefeito e vereador, sem nominar qual o candidato.
Além do PMDB, outros partidos foram melhores votados, como o PSB, que manteve as duas cadeiras de 2004, ambas com Fabião e Benedito Furtado, reeleitos. A agremiação, que lançou a ex-deputada Mariângela Duarte à Prefeitura, obteve 13,44% a mais de votos (aumentou de 21.814 em 2004 para 24.746 em 2008).
O maior crescimento, porém, ocorreu no PMN – que chegou a ter três vereadores no início dos anos 90, incluindo Manoel Constantino, hoje no PMDB -, partido que naquela ocasião era aliado político do PT e desta vez apoiou o PMDB.
Se em 2004 o partido teve apenas 1.218 votos, desta vez montou uma chapa forte o suficiente para fazer uma cadeira, obtendo 16.994 votos – um crescimento impressionante de 1.295,23% no período.
Outros partidos também cresceram no total de votos, mas de forma insuficiente para atingir o coeficiente eleitoral e obter uma cadeira. Nesta eleição, o índice foi de 14.333 votos. O PV chegou próximo: conseguiu 13.772 (em 2004 foram 5.113), enquanto o PRP garantiu 13.338, 81,25% a mais que em 2004 (7.359 votos).
Outros também que cresceram foram o PSC, PSDC, PRTB e PR, nascido da fusão do PL e Prona, em março do ano passado. Há casos também de partidos que diminuíram o total de votos recebidos, mas ampliaram o número de vereadores.
O PSDB, por exemplo, perdeu 8,19% dos votos (27.956 em 2004 e 22.883 em 2008), mas garantiu três cadeiras no Legislativo (Sadao Nakai, José Lascane e Arlindo Barros), ao contrário das duas em 2004 (Paulo Barbosa – que não concorreu – e José Lascane).
Quedas
Excluindo os partidos considerados nanicos, grandes agremiações também perderam espaço nesta eleição. O PPS manteve seus dois vereadores, mas perdeu 11,63% dos votos (22.801 em 2004 para 20.149 em 2008); o PDT, que elegeu dois vereadores em 2004 (Sandra Arantes, falecida, e José Antonio Marques Almeida, Jama, que não concorreu), caiu 72,46% dos votos em 2008 e não elegeu qualquer candidato; além do PTB, que obteve 12.146 votos em 2004 e elegeu um vereador, Carlos Mantovani Calejon, mas que desta vez fez dobradinha com o PR e não elegeu ninguém.
Aliás, esta dobrada só foi interessante ao PR, pois o partido teve menos votos (9.021) que o PTB, que obteve 9.154 sufrágios. Porém, o vereador eleito, Odair Gonzalez, pertence ao Partido da República. Ao PTB, restou a suplência. Algumas coligações ao cargo proporcional (vereadores) também nada acrescentaram aos partidos. Caso do PMDB, coligado com os nanicos PSL e o PTN. O primeiro garantiu apenas 83 votos para a coligação, enquanto que o segundo, meros 32. Sozinho, o PMDB ficou com um total de 54.244 votos. Foram necessários 14.333 votos para obtenção de uma cadeira.
10 DE OUTUBRO DE 2008
Saldo da gangorra eleitoral
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