Marielles | Boqnews

Crime sem solução

06 DE ABRIL DE 2018

Siga-nos no Google Notícias!

Marielles

Artigo da gestora cultural e relações públicas, Denise Covas Borges, relembra um mês da morte da vereadora carioca Marielle Franco, crime ainda sem solução.

Por: Denise Covas Borges
Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Neste sábado(14), o assassinato da vereadora, socióloga, feminista e militante dos direitos humanos Marielle Franco completa um mês sem solução. Um ato brutal, envolvendo muitas questões sociais e políticas – que prefiro pensar ser somente ignorância alguns comentários desprezíveis nas redes sociais. Um total desconhecimento do significado mínimo do que sejam Direitos Humanos, lembrando que em 2018 comemora-se 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É importante saber da atuação de milícias e grupos políticos de extrema direita impunemente manchando a história do nosso país. Precisamos distinguir o que é uma democracia e do que foi a ditadura.

Do entendimento básico dos graves efeitos das desigualdades sociais, forte herança do triste período da ditadura militar (de 1964 a 1985), onde o método do extermínio de lideranças, de intelectuais e de quem só queria um país justo, também acontecia em larga escala.

Por que tanta repercussão com seu assassinato já que tantas pessoas são assassinadas diariamente no Rio de Janeiro? Porque justamente Marielle representava todas essas pessoas assassinadas.

 

Mulheres, negros e negras humilhados no seu dia a dia, os milhares de gays e trans assassinados todos os anos, as milhares de pessoas decentes moradoras das comunidades ou favelas – e não só seus 46.502 mil eleitores do Rio de Janeiro.

Nesse vale-tudo social é preciso lembrar também dos familiares dos policiais, brutalmente assassinados no correto exercício de sua honrada profissão, que a vereadora também os acolhia. Marielle representava cada um de nós. Será que não é merecedora do “estardalhaço”?

Ela tinha todos os requisitos para ser mais uma estatística da “bala perdida”: pobre, negra, mulher e moradora de uma favela. Todavia, ela não se curvou diante de sua realidade. Reverteu esse destino pré-concebido estudando, se engajando e conquistando o direito legítimo de lutar e mudar a vida dos que não tiveram a mesma força.

Que pena não termos conhecido seus feitos como vereadora, como mulher, como líder antes da tragédia. Ficamos com a impressão de que os bons políticos só aparecem nessas horas. Será que a mídia e todos nós também não temos nossa porção de culpa? O que estamos fazendo pelas pessoas, políticas ou não, defensoras do bem comum, da justiça, dos direitos humanos? Sim, porque os defensores dos maus políticos estão aí viralizando seus candidatos inundados em fakenews.

Não podemos deixar que mais uma vez “forças ocultas” e outras “bem visíveis” espalhem o terror, amedrontem e matem. Estamos em ano eleitoral, não podemos retroceder em conquistas de direitos humanos. Temos obrigação de conhecer a verdadeira história do nosso país, por meio da boa literatura existente, e não por robôs/bots – programas de computador criados para automatizar processos ou ações repetidas vezes em um padrão, que disseminam mentiras nas redes sociais. O desastre Donald Trump é resultado desse método sujo. Pesquisar de que lado os atuais candidatos estão e estiveram nas lutas por um país melhor também pode ser um ótimo exercício para o voto consciente.

Só temos que agradecer a Marielle Franco. Seu nome jamais será esquecido e a luta continuará. O lado por ela escolhido jamais será apagado dentro da história dos que lutaram por um Brasil digno e justo.

Denise Covas P. Borges, produtora e gestora de projetos culturais e corporativos

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.