Com o câmbio oscilando na sexta, o dólar paralelo para venda estava cotado a R$ 2,40 e o turismo, R$ 2,45), as empresas de transportes, hospedagens e agências de turismo estão se adaptando às novas tendências do mercado para não perder mais o movimento da alta temporada, que se aproxima. Em razão das oscilações, o público fica na expectativa: escolhe agora o pacote ou espera as próximas semanas?
De acordo com a diretora da agência de turismo Boqueirão, Carla Sofia Silva Alves, a opção mais indicada neste caso é aproveitar as vantagens que o setor turístico oferece para programar o passeio.
“Descontos, câmbio congelado ou maior número de parcelas são algumas das alternativas que as empresas estão criando para atrair os turistas. Acredito que é válido aproveitar o momento e estas vantagens, pois o dólar está voltando à cotação normal”, diz.
Carla afirma que o período de baixa da moeda americana agitou o ramo do turismo e as pessoas se acostumaram com os baixos valores, mas, na verdade, era apenas uma fase e quem já tinha isso em mente não está tão surpreso com a valorização. “Claro que é interessante aproveitar a queda para viajar ou fazer compras no exterior. No entanto, agora a moeda está voltando aos níveis normais”, explica.
Mercado interno
A operadora de viagens CVC Turismo preparou promoções com dólar mais baixo e congelamento do câmbio para as viagens internacionais, sempre anunciando uma cotação abaixo do câmbio de mercado, para estimular a procura.
Como reflexo da instabilidade econômica, o euro e a libra também foram reajustados e contribuem para o encarecimento dos pacotes de viagem que tenham como destino algum país europeu. No entanto, as opções oferecidas na América do Sul são alternativas a quem pretende conhecer outras culturas.
Além disso, a procura por cruzeiros marítimos, cotados em dólar, também caiu consideravelmente. Para se ter uma idéia, uma viagem de três dias no Island Escape, com saída no dia 19 e chegada no dia 21 de dezembro, estava com o câmbio congelado até a última sexta-feira. O valor era de R$ 606,00 por pessoa, quantia que poderia ser dividida em até cinco parcelas, com tarifa de embarque inclusa. Mais barato que a diária de um quarto de hotel de bom padrão.
Desta forma, os passeios internos (como Nordeste, por exemplo) e América do Sul, onde alguns países aceitam o real, como Argentina e Chile, passaram a ser mais procurados. Em contrapartida, os preços para estes roteiros subiram, em decorrência do aumento da demanda.
No ano passado, por exemplo, com o dólar em baixa, o cliente chegava a se hospedar no hotel cinco estrelas Beach Class, em Porto de Galinhas, no litoral de Pernambuco, pagando menos de R$ 4.800,00 o casal por uma semana em pleno janeiro.
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Porto de Galinhas |
Na ocasião, os preços caíram em razão da forte concorrência com os transatlânticos na temporada passada, que atraiu especialmente turistas de São Paulo, incluindo o interior, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, por exemplo, mesmo público que costuma passar as férias no Nordeste. Hoje, o pacote custa R$ 3.398,00 por pessoa ou R$ 6.796,00, o casal, conforme a operadora CVC. Alta superior a 40%.
Quanto ao exterior, na mira dos agentes e dos clientes, está a capital argentina, Buenos Aires, que permite ao turista consumir produtos e serviços na moeda brasileira.
Nesta temporada, conforme Carla Sofia, a tendência internacional está voltada para esta região do continente. “Além de Buenos Aires, os viajantes podem optar por conhecer Punta Del Este, no Uruguai, e algumas cidades chilenas, mas é preciso alertar que a oferta de reservas, principalmente das companhias de áreas, diminuiu nos últimos anos. Hoje temos apenas duas grandes empresas e isso também contribui para o aumento no valor dos pacotes”, ressalta.
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Buenos Aires |
Vendas
Maior operadora do País, a CVC Turismo, conforme sua assessoria de imprensa, garante que foi possível superar a meta de crescimento de 25% estipulada todos os anos. Ainda conforme a empresa, a quantidade de passageiros que viajam tanto para o exterior como os que escolhem destinos nacionais deve continuar em alta, principalmente por conta dos parcelamentos sem juros, em 10 ou até 12 vezes.
A expectativa é aumentar em 30% a venda de pacotes turísticos nacionais e internacionais, passando de 640 mil para 830 mil passageiros embarcados na temporada de verão.