O setor de cruzeiros marítimos vive em mares de almirante.
Afinal, na última temporada (de novembro de 2017 a abril último), R$ 1,792 bilhões foi o impacto econômico dessa atividade turística na economia do Brasil.
Esse número, que engloba tanto os gastos diretos e indiretos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes, foi 11,5% maior em comparação ao período 2016/2017.
Em números, um aumento de R$ 185 milhões.
Os dados foram divulgados durante o II Fórum CLIA Brasil 2018, o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil, realizado em parceria entre a CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ele trouxe dados inéditos da temporada 2017/2018 no Brasil e no mundo, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional e internacional no segmento e no comportamento do turista.
Diversos números do setor foram divulgados durante o evento, que contou com a presença do Ministro do Turismo Vinicius Lummertz, entre outras autoridades.
No evento, foram debatidos os entraves dos cruzeiros marítimos no Brasil, como o alto custo operacional no País, a carga tributária, a regulamentação e a questão de infraestrutura portuária.
Do montante
Do total de R$ 1,792 bilhão, R$ 827 milhões foram gerados pelos gastos das armadoras com combustíveis, taxas portuárias e impostos, compras de suprimentos.
E ainda: comissionamento de agências de viagens e operadoras de turismo, água e lixo, salários pagos, além de custos com marketing e escritório, entre outros.
Os gastos totais de cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque/ desembarque e trânsito.
Elas incluem compras de passeios turísticos, suvenires, alimentos e bebidas e transporte durante, antes e/ou após a viagem, foram de R$ 965 milhões.
“O potencial dos cruzeiros no Brasil é imenso e os números mostram que estamos retomando um leve ritmo de crescimento. Nosso impacto na economia na última temporada foi de quase R$ 1.8 bilhão, mas pode crescer se tivermos melhorias na regulação do setor, infraestrutura, custos e desenvolvimento de novos destinos. Se estivéssemos com o mesmo número de crescimento da temporada 2010/2011, o impacto já poderia ter ultrapassado R$ 4 bilhões”, salientou Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil.
O número de embarques na temporada foi de 418 mil cruzeiristas, quase 17% a mais em relação ao período de 2017/2018.
Esse acréscimo, mesmo com igual número de navios, pode ser explicado pelo aumento da eficiência das embarcações e roteiros.
O levantamento ainda mostra que o turista gastou, em média, R$ 2.214,00 com a compra de um cruzeiro marítimo, e o tempo médio da viagem foi de 5,9 dias.
Além disso, o estudo mostra que o impacto econômico médio gerado por cada cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 515.
Empregos
Na temporada 2017/2018 foram gerados 27.748 postos de trabalho na economia brasileira, quase 10% a mais que no período anterior.
Do total de empregos criados pelo segmento, 2.014 foram de tripulantes dos navios e outros 25.734 empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida.
Eles foram motivados pelos gastos dos turistas nas cidades portuárias de embarque/desembarque e visitadas, além dos gerados na cadeia produtiva de apoio ao setor.
Destinos
A maior parte dos pesquisados (mais precisamente 86,2%) deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro, e quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 58,1% deles informaram o Litoral do Nordeste e, em seguida, aparece a Costa Sul, com 16% da procura.
No exterior, 37,7% dos cruzeiristas indicaram o Caribe como preferência de viagem, seguido da Europa, com 36,4%.
Perfil do viajante
O segmento de cruzeiros é bem específico no que diz respeito aos hábitos de viagens dos cruzeiristas.
Os resultados da pesquisa destacam que a indicação de amigos e parentes (28,8%) e os preços baixos (12,1%) foram os principais fatores de influência na decisão de fazer uma viagem de cruzeiro.
Quanto à frequência, 51,7% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto que 48,3% já haviam viajado de cruzeiro (três vezes, em média).
Portanto, no que diz respeito à origem dos turistas pesquisados, 90,9% residem no Brasil, sendo a maioria dos entrevistados procedentes do Estado de São Paulo (54,9%).
Na sequência, Rio de Janeiro (16%) e Minas Gerais (6,3%).
Dentre os estrangeiros (9,1%), destaca-se a Argentina, com 55% dos pesquisados.
Assim, 86,2% dos pesquisados disseram que deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro.
Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 58,1% deles informaram o Litoral Nordeste.
Além disso, outros 37,7% dos cruzeiristas indicaram o Caribe como preferência de viagem no exterior.
Expansão e crescimento
Estão previstos 499.569 leitos na temporada 2018/2019, número 15% acima do período 2017/2018.
O Brasil já tem um novo destino em operação, Balneário Camboriú (SC), fato que levou os cruzeiristas a terem mais um fator de influência na hora de se decidirem pela viagem.
Assim, a busca por novos destinos (mercados nacionais) continua e podem ser incluídos no calendário de cruzeiros para as próximas temporadas brasileiras.
A realização de eventos corporativos tem sido uma tendência de mercado com resultados positivos já que as organizações, cada vez mais, buscam sair do convencional.
Assim, outro nicho a ser trabalhado como uma grande oportunidade é a realização de casamentos em alto mar onde os convidados, além de participar de uma festa, aproveitam para realizar a viagem de navio ao lado de amigos.
Dessa forma, na arena internacional de oportunidades de desenvolvimento para o mercado brasileiro, cabe atenção às tensões estabelecidas entre mercados da América do Norte e Caribe (por exemplo, EUA e Cuba).
Ou seja, isso poderá provocar movimentação de substituição de mercados, gerando necessidade de transferência de navios para outras rotas.
Ainda no ambiente de substituição de mercados, observa-se uma delicada situação vivida pelos cruzeiros que atendem ao mercado chinês nos mares do norte asiático, fazendo com que os navios não acessem a Coréia do Sul.
Neste sentido, o Brasil poderia se beneficiar da necessidade de deslocamento de rotas.
Os cruzeiros no mundo
No mundo, o setor de cruzeiros continua crescendo ano a ano. Esse acréscimo é impulsionado, principalmente, pelo aumento da quantidade e diversificação de Cruzeiros.
Além disso, até 2026, 100 navios entrarão em operação, trazendo mais 250 mil leitos (CLIA Global).
Portanto, segundo a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA), em 2017, o número total de cruzeiristas foi de 26,7 milhões.
Assim, a procura por cruzeiros aumentou 21% de 2011 a 2016.