Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), dia 4 de fevereiro é lembrado como o Dia Mundial de Combate ao Câncer.
Assim, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) aproveita a data para fazer um alerta sobre o diagnóstico precoce para o enfrentamento da doença.
Segundo levantamento feito pela entidade, 31% dos mais de 760 oncologistas clínicos entrevistados para um censo consideram o diagnóstico tardio como um dos principais problemas para o controle do câncer no Brasil.
Entre os oncologistas, 19% apontam falhas no acesso e qualidade dos exames de detecção e controle do câncer e 5% se queixam da falta de campanhas ou programas eficientes de conscientização e prevenção, além da baixa adesão da população aos programas de prevenção e tratamento já existentes.
O maior problema apontado pela pesquisa realizada no ano passado foi a dificuldade de acesso a novos tratamentos.
Desafios
Segundo a Presidente da SBOC, Anelisa Coutinho, o censo permitiu que a entidade conhecesse os desafios apresentados pelos profissionais.
“A partir dessas informações, a SBOC tem buscado ampliar parcerias para auxiliar o governo e demais tomadores de decisão em diferentes ações voltadas ao acesso a novas terapias. Em nossos eventos e canais de comunicação com a sociedade, também temos promovido diferentes ações de conscientização e prevenção do câncer.”
Para contribuir e fortalecer o tratamento do câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), a SBOC vai oferecer, por meio de uma dessas parcerias, um treinamento virtual sobre oncologia clínica direcionado para os agentes comunitários de saúde.
O conteúdo será disponibilizado pelo aplicativo Con.te.
Trata-se de uma plataforma voltada a esses profissionais e mantida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Grupo Laços.
“A atuação da SBOC neste projeto será de curadoria e produção de conteúdos técnicos sobre oncologia com foco nos agentes de saúde”, explicou a SBOC.
Câncer de mama
Após Dia Mundial do Câncer, o dia 5 de fevereiro foi definido como o Dia Mundial da Mamografia, mais uma oportunidade para reforçar a necessidade da prevenção.
O câncer de mama é o subtipo mais comum da doença entre as mulheres.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que o Brasil tenha cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025.
O câncer é a segunda doença que mais mata no mudo, com cerca de 9,6 milhões de mortes anuais.
O câncer de mama é o primeiro mais incidente, atingindo 10,5% da população, seguido do câncer de próstata, com 10,2%.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), entre 30% e 50% dos cânceres podem ser evitados.
Isso por meio da implementação de estratégias baseadas na prevenção.
Por isso, as entidades médicas aproveitam essas datas para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Exames
Uma pesquisa encomendada por um laboratório farmacêutico revelou que a disseminação da prevenção ao câncer de mama ainda é baixa no Brasil.
Segundo o estudo, apenas dois terços das 1.007 entrevistadas realizam autoexame, exames clínicos e mamografias.
Ou seja, quando estimuladas e orientadas por seus médicos.
Os dados mostram que 64% das brasileiras acreditam que o câncer de mama se desenvolve exclusivamente de forma hereditária.
Os números também indicam que 42% das mulheres nunca realizaram a mamografia, porque algumas se consideram jovens demais e outras alegam falta de pedido médico.
Foram entrevistadas mulheres entre 25 e 65 anos.
Pesquisa
A pesquisa O que as mulheres brasileiras sabem sobre o câncer de mama, atitudes e percepções sobre a doença mostrou que sete em cada dez mulheres consultaram ginecologistas no último ano, com variações notáveis entre as classes sociais.
Dessa forma, entre as classes mais altas e com maior escolaridade a taxa é de 80, enquanto 2% das entrevistadas afirmam nunca terem consultado ginecologista.
Assim, com relação à realização do exame de mamografia, 49% das mulheres afirmam que fazem regularmente.
Pelo menos 60% são das classes A/B, enquanto 37% são das classes D/E.
Além disso, duas em cada dez mencionaram que o exame ocorreu porque o médico solicitou (20%).
Por sua vez, 16% afirmaram que o fizeram devido à sensação de um caroço ou nódulo.
Assim, a recomendação do Ministério da Saúde é que a mamografia de rastreamento, aquela que é feita quando não há sinais nem sintomas, seja realizadas em mulheres com idade entre 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos, como forma de identificar o câncer antes do surgimento de sintomas.
Assim, a diretora de oncologia do laboratório responsável pela pesquisa, Flávia Andreghetto, ressaltou que é preciso ter um diálogo aberto e claro com as mulheres.
Como o fato de enfatizar a importância da conscientização sobre os problemas que podem afetar a saúde feminina.
“Ao considerar que muitas mulheres já compreendem que a detecção precoce da doença pode significar uma perspectiva de vida melhor, tornando-se crucial quando se aborda os diferentes subtipos, diagnosticar a doença nos estágios iniciais pode culminar em tratamentos mais eficazes, oferecendo, conforme o subtipo, opções mais vantajosas para as pacientes”, disse.
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