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11 DE FEVEREIRO DE 2011

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Doente Imaginário

Focalização compulsiva do pensamento e das preocupações sobre o próprio estado de saúde, frequentemente acompanhada de sintomas que não podem ser atribuídos a nenhuma doença orgânica. A descrição do dicionário Houaiss revela exatamente os principais sintomas de um hipocondríaco. Estudos indicam que 4% a 7% das pessoas que buscam auxílio médico, de um modo geral, […]

Por: Da Redação

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Focalização compulsiva do pensamento e das preocupações sobre o próprio estado de saúde, frequentemente acompanhada de sintomas que não podem ser atribuídos a nenhuma doença orgânica. A descrição do dicionário Houaiss revela exatamente os principais sintomas de um hipocondríaco.

Estudos indicam que 4% a 7% das pessoas que buscam auxílio médico, de um modo geral, sofrem do problema, uma doença crônica, que já foi bem caracterizada inclusive na literatura pelo dramaturgo francês Molière, na comédia O Doente Imaginário, de 1693. A história mostra as preocupações e delírios do personagem Argan com seu estado de saúde.

O hipocondríaco, interpretado pelo próprio Molière e tantos outros atores, vivia sobre a cama, com a constante visita de médicos. Em uma de suas falas, o personagem mostra o grau de seu problema ao tentar casar a filha com um médico:  “Sendo eu enfermo como sou, quero ter um genro e aliados médicos para contar com o apoio de bons socorros contra minha doença e ter na minha família a fonte dos medicamentos, consultas e receituários”.

O texto atemporal satiriza impiedosamente a medicina e faz uma análise psicológica da hipocondria. Na vida real, entretanto, o problema  deixa de ter o lado cômico para se transformar em um sério problema que, dependendo da intensidade, pode trazer danos pessoas e sociais.

De acordo com o psicólogo e psicanalista, Arthur Abrahão, a doença é um exagero patológico da escuta do corpo. “A pessoa começa a focalizar todas as tensões no seu corpo e deixa de lado o mundo externo. A preocupação em adoecer se torna um dos pilares da vida, o que dificulta – principalmente – o relacionamento com outras pessoas”, diz.

Tratamento

Ao perceber possíveis sintomas, é importante que a pessoa – por iniciativa própria ou mesmo indicação de amigos, quando o hipocondríaco não consegue perceber sozinho o problema – procure especialistas em psiquiatria e também psicanálise. De acordo com Arthur, os dois tratamentos devem ser realizados de forma conjunta.

O psiquiatra, neste caso, irá prescrever medicamentos que ajudam a pessoa a controlar a ansiedade – muito presente nos casos de hipocondria – e controlar os demais sintomas. “Muitos quando começam a tomar a medicação e, consequentemente, se sentir melhor não procuram a psicanalise, porém é algo essencial para buscar respostas e a melhora definitiva”, revela.

O psicanalista explica que tudo que está em volta da pessoa tem uma interferência e deve ser analisado pelo paciente. “A psicanálise utiliza dos sintomas para tentar entender a relação do paciente com o mundo. Até porque os sintomas aparece, na verdade,  no lugar de outra coisa que a pessoa desconhece. A terapia contribui para fazer a pessoa entender o que há por traz disso, desta escuta exagerada do próprio corpo”, acrescenta.

Neste sentido não adianta apenas se medicar, tirando os sintomas, mas permanecer com a qualidade de vida baixa. Para Arthur é e essencial analisar e fazer a pessoa perceber como ela está na vida dela e o que pode ter trazido os sintomas.

O tempo de tratamento, de acordo com Arthur, varia de acordo com cada pessoa. “Da mesma forma que podem existir diversas explicações para o problema, o tratamento também pode variar dependendo da intensidade da patologia e o quanto isso influência o dia-a-dia da pessoa”, revela.

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