O Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontou que o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina.
Além disso, a entidade estima que surgiram mais de 16.370 novos casos no Brasil em 2018.
Três anos antes, o último levantamento da instituição revelou que 5.727 pessoas faleceram por conta da doença.
A aposta para ajudar a reduzir o número de mulheres que desenvolvem a patologia e das que morrem por conta da doença é a conscientização.
Este é o principal objetivo da campanha Janeiro Verde.
A ginecologista Anna Paula Freitas Lemes, da clínica Solaciis, entende que a iniciativa é importante para mudar a situação da patologia no país.
Segundo ela, “informar a população e orientar a procura regular do ginecologista” é fundamental no combate à doença.
Para a especialista, a conscientização pode mudar o quadro nacional, que considera grave.
“A gravidade do tema no Brasil está relacionada ao grande número de casos que poderiam ser evitados. Impedir o aparecimento do câncer passa por exame simples e barato, como um preventivo (Papanicolau). Isso já é suficiente para investigação diagnóstica”.
Anna Paula lembra que a prevenção passa por vacina contra o papilomavírus humano (HPV), que é o causador de grande parte dos casos de câncer.
A ginecologista cita o momento ideal para que seja feita a imunização.
“A vacinação deve ser feita antes do início da vida sexual ativa. As meninas devem ser vacinadas entre nove e 14 anos de idade, e os meninos, entre 11 e 14 anos”, afirma, ressaltando ainda:
“A realização da vacina não exclui o uso de preservativo, ou ainda a realização do preventivo após o início da vida sexual”.
Outra forma de evitar o contágio é com o uso de preservativos.
Isso porque eles impedem a transmissão do HPV durante relações sexuais.
Mais declarações da especialista
1. Como ocorre a infecção pelo HPV?
No contato direto com a pele ou mucosa infectada.
A principal forma é por via sexual (genital-genital, oral-genital ou mesmo manual-digital).
Pode haver, apesar de rara, transmissão durante o parto.
Não há comprovação da infecção por uso de objetos.
2. Como é o tratamento?
Não há tratamento específico para eliminar o vírus.
O tratamento é individualizado, de acordo com cada caso, podendo ir desde medicação, cauterização ou até mesmo cirurgia.
3. Algum tipo de mulher tem pré-disposição ao câncer ou a problemas no colo do útero?
Na realidade, existem fatores de risco, que estão relacionados ao que podemos chamar de aumento da pré-disposição.
São eles: tabagismo, início precoce da vida sexual, elevado número de parceiros, imunidade e até mesmo idade, pois a maior parte das infecções em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente.
4. Quais sintomas devem ser percebidos e que podem indicar um problema no colo do útero?
Na maioria das vezes, a infecção pelo HPV é assintomática, sem manifestações clínicas.
As lesões, normalmente, são microscópicas ou não produzem lesão (infecção latente).
Estima-se que cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV irão desenvolver algum sintoma.
Normalmente, as manifestações clínicas se apresentam como verrugas (condilomas acuminados, vulgarmente chamados de “crista de galo”).
5. A prevenção é simples? Como é a prevenção?
Muito simples. Basta a realização do exame preventivo (Papanicolau ou citopatológico), que pode detectar lesões percursoras.
É possível prevenir a doença em 100%.
Hoje em dia, também há a vacinação, que deve ser feita antes do início da vida sexual ativa.
As meninas devem ser vacinadas entre nove e 14 anos de idade, e os meninos, entre 11 e 14 anos.
A realização da vacina não exclui o uso de preservativo ou ainda a realização do preventivo após o início da vida sexual.