Um das coisas mais frustrantes que ocorrem no cotidiano é não se lembrar de algo que iríamos dizer. E não para por aí: a chateação costuma aumentar proporcionalmente à importância da informação esquecida.
Ao contrário do que muitos pensam, isso não tem a ver com a memória, mas com a atenção e com o descarte natural de dados desimportantes do nosso cérebro, a chamada memória recente ou de curto prazo.
Esquecer um número de telefone ou uma senha alguns dias depois mesmo após tê-la repetido por poucos minutos é um exemplo.
“Isso é um reflexo do mundo moderno. O estresse e o hábito de fazer muitas coisas ao mesmo tempo facilitam esta situação. Isso não tem necessariamente a ver com a idade’’, afirma Mauro Gomes Araújo, neurologista do Hospital Ana Costa.
Para consolidarmos a memória são usadas algumas regiões do cérebro, entre elas, o hipocampo. É claro, que tendemos a recordar de coisas mais relevantes, normalmente quando há sentimentos envolvidos e as lembranças são mais vívidas. “Uma das razões é porque o hipocampo está anatomicamente localizado no sistema límbico (unidade responsável pelas emoções)”, esclarece Gomes.
Formação da memória
Aprendemos e formamos a memória por meio de conexões dos nossos neurônios, em um processo conhecido como sinapse, uma estimulação de ligação das células cerebrais que estão próximas, mas separadas.
A atividade sensorial também está diretamente relacionada com as lembranças, quando recordamos de momentos que até parecem filmes estampados em nossa cabeça. Conseguimos visualizar aquela festa com os amigos, sentir o gosto daquela pizza que você jantou outro dia, ou até sentir o cheiro do perfume da (o) namorada (o). Isso porque “a parte sensorial ajuda a construir e reavivar memórias”, diz Gomes.
Amnésia
Ao contrário do esquecimento, que é uma falha na evocação de dados da memória, a amnésia tem caráter patológico e pode estar associada a diversas doenças.
A Síndrome de Korsakoff, que é frequentemente causada por alcoolismo crônico, por exemplo, gera amnésia anterógrada, onde o indivíduo perde a capacidade de reter memória recente.
Situações de demência, como a famigerada doença de Alzheimer, que acomete especialmente os idosos, apresenta no início do quadro uma memória anterógrada, podendo desenvolver-se até para um estágio retrógrada (esquecer informações antigas).