Zuummm, Piiiii ou Shhhh. Imagine escutar alguns desses sons o dia todo. Não na rua, mas dentro do seu ouvido. O zumbido é um sintoma bastante frequente. De acordo com o Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 28 milhões de brasileiros são acometidos pelo distúrbio.
De acordo com a presidente do Instituto Ganz Sanchez, Tanit Ganz Sanchez, esse barulho significa um sinal de alerta do ouvido. “É uma consequência da perda da audição, na qual normalmente o paciente não sabe que isto está ocorrendo”, afirma.
Causas
Diversos fatores causam o problema, que pode ocorrer em um ou nos dois ouvidos. Os principais são a perfuração no tímpano, infecções, labirintite, tumores, poluição sonora, incluindo som no último volume, muito comum entre jovens, além de estresse e ansiedade.
Outra causa que normalmente as pessoas desconhecem são excessos na alimentação. Cafeína também estimula o aparelho auditivo. Doces mudam a bioquímica do ouvido, alterando as taxas de cálcio, sódio e potássio. Já as gorduras entopem a única artéria presente neste órgão, causando o zumbido.
Tratamento
Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor será para tratá-lo. “Especialmente se for um zumbido com menos de um ano de existência. Dependendo do caso é mais fácil ser tratado”, destaca a profissional.
Existem estratégias de tratamento que são aplicadas ao paciente dependendo da causa e do histórico da pessoa, desde correção de hábitos alimentares até a eliminação das fontes causadoras de ruídos, uso de aparelhos auditivos, terapia de habituação e enriquecimento sonoro para evitar o silêncio.
O primeiro médico a ser procurado é o otorrinolaringologista, que irá investigar as possíveis causas e direcionar o tratamento correto, que pode ser em conjunto com fonoaudiólogos e psicólogos. São necessários exames complementares para investigação, que podem ser de imagem, de laboratório, eletrofísicos e audiológicos.
Quem sofre
De acordo com a médica, cerca de 17% da população apresenta zumbido. Este número pode se elevar no caso dos idosos, com 33%. De acordo com estudo orientado pela profissional em 2005, crianças de 5 a 12 anos foram analisadas e 19% delas apresentaram indícios de zumbido.
A cirurgiã dentista Rosa Canhassi, 35 anos, possui um zumbido constante no ouvido direito. Segundo ela, o desconforto começou aos 18 anos. Era um tumor cerebral. “Fui operada em 2002 para retirada do tumor, que ocorreu com sucesso, mas o zumbido continuou, pois o nervo auricular foi destruído, o que me deixou sem a audição deste”, afirma Rosa, que consegue lidar com o problema, como, por exemplo, dormir com a televisão ligada, para o ambiente não ficar silencioso.
Alerta ao Zumbido
O segundo ciclo de palestras da Campanha Nacional de Alertaao Zumbido, idealizada pelo Instituto Ganz Sanchez, ocorreu no final de agosto, com o objetivo de esclarecer dúvidas da população e capacitatar profissionais da área médica acerca do tema, segundo a presidente do instituto. “É um momento de transição da forma de abordar o problema, principalmente entre profisisonais médicos. Em março de 2011, o país receberá em Florianópolis, o evento Mundial de Combate ao Zumbido, 10º International Tinnitus Seminar, que será transmitido via Web”, finalizou Tanit.