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23 DE MARÇO DE 2020

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O que fazer, quando não há o que fazer?

Escritor promove reflexão durante o período de quarentena

Por: Da Redação

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Bem, algumas ações independem de nossa vontade. Respirar, por exemplo. Se bem que, em certas situações, alguns nem isso querem fazer…

Considerando o atual período de exceção, quando nossas atividades corriqueiras e o direito de ir e vir dão lugar à consciência de que ficar em casa é um bem, há que arranjar o que fazer, para passar o tempo ou, em alguns casos, não pirar.

A exceção meritória fica por conta dos profissionais da saúde, que continuam a atuar nos hospitais, farmácias e afins; dos membros da segurança pública, que zelam pelo cumprimento das medidas emergenciais; dos servidores públicos que cuidam da limpeza urbana e das ações sociais; dos funcionários de supermercados e prestadores de serviços essenciais; dos profissionais dos meios de comunicação social honestos; dos trabalhadores portuários, motoristas de caminhões e demais atores logísticos, que asseguram que remédios, equipamentos e alimentos continuem a ser distribuídos.

Todos têm colocado sua saúde em risco, para assegurar um bem que nem todos reconhecem!

Curiosamente, essa crise tem contribuído para facilitar nossa vida! Já notaram o processo de desburocratização em processo? Espero que não haja retrocesso, depois.

Nesse cenário estoico e mutante, talvez a pior sensação que alguns experimentem é a de inutilidade.

E o confinamento, sobretudo para os que vivem sós, pode ser terrivelmente triste e desalentador.

A “sorte” de nossos tempos é que temos meios de comunicação á distância que, se não permitem o afago físico, ao menos proporcionam o carinho e incentivo das palavras, gestos e olhares.

As mídias sociais permitem esse contato, e têm tido um papel fundamental na sobrevivência a esse necessário confinamento.

Muitos estão em regime de “home office”, trabalhando em casa, como é o meu caso, servidor e público e professor, agradecendo sobejamente o apoio das equipes de internet, que trabalham 24 horas por dia para viabilizar a prestação serviços e o apoio didático a alunos.

No mais, tem muito mais coisas que podem ser feitas nesse tempo forçosamente “livre”: ver TV, jogar “videogames” ou jogos convencionais, ler, conversar, aperfeiçoar os cardápios caseiros, crochê, tricô, desenhar, pintar, dançar, ouvir música, estudar, fazer ginástica, conhecer os cômodos da casa, organizar a bagunça, enfim, fazer o que o torvelinho do cotidiano nos impede. Mas tudo sem incomodar os vizinhos!

Mas, talvez a principal oportunidade que esse momento nos proporciona é a de revisar nossos conceitos, nosso modo de vida e de como vemos o mundo; de encarar todo o mal que tentam nos incutir todos os dias, mesmo agora, e dizer: Basta!

Basta aos que tentam tirar proveito do desespero ou ignorância do semelhante! Basta ao egoísmo, aos radicalismos políticos, ideológicos e religiosos! Basta a tudo o que separa os seres humanos, por estupidez ou oportunismo!

Enfim, há muita coisa útil para se fazer, mesmo quando não estamos fazendo o que nos cabe no cotidiano do convívio profissional e social.

Mas isso fica por conta do livre-arbítrio, que todos temos e deveríamos exercer, isentos de doutrinações, atentos para não disseminar “fake news”, alarmismos e terrorismos; dispostos a contribuir, mesmo que a distância, para atenuar os temores e dores do semelhante.

Assim, seguramente sairemos dessa crise seres humanos melhores!

Adilson Luiz Gonçalves

Escritor, Engenheiro e Professor Universitário (UNISANTA)

Membro da Academia Santista de Letras

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