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Jair Bolsonaro

19 DE MARÇO DE 2019

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Um esboço de governo

O autor analisa os primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, com seus pontos positivos e negativos.

Por: Aloysio Azevedo
Da Redação

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Após derrotar as esquerdas com uma plataforma ideológica radical, o governo Bolsonaro amadurece seu programa de atuação política com definições que vale a pena ser discutidas.

A primeira delas, o êxito de Moro ao derrotar o terrorismo criminoso no Ceará, ao transferir e endurecer o tratamento da cúpula do PCC e, sobretudo, ao amenizar a definição do crime de Caixa 2, acabou por trocar seu papel de ministro da Justiça para outro, também importante, de Chefe de Polícia competente.

Moro parece não se importar com os efeitos políticos desse recuo, mas eles sempre ocorrem e não são nada gratificantes.

Outra mutação envolve a repercussão do crime ambiental de Brumadinho, cujos efeitos horrorosos parecem não ter fim, e poderá alterar a conduta dúbia e diversionista do ministro do Meio Ambiente por outra maneira de ser mais independente.

A excêntrica ministra da Família está assustando os especialistas e o corpo profissional mais destacado daquele universo, à medida que, ao se achar portadora de uma verdade amalucada, cada vez mais se afasta da realidade.

O ministro colombiano da (des)Educação age como alienado, acreditando ser sua missão silenciar a discussão, a dúvida e a criatividade nas escolas, além de por em dúvida o laicismo no ensino público..

(Caso o STF acabe por definir a homofobia como um crime a ser apenado como é o racismo, a ala religiosa mais atrasada sofrerá uma derrota estratégica, capaz de provocar uma diminuição de sua influência no governo.)

Laranjal partidário

A denúncia do “laranjal” partidário, principalmente nas hostes governamentais, e as enroscadas envolvendo filhos mandatários do presidente tendem a estabelecer uma distância mais republicana entre eles, reduzindo sua até então preponderante influência no governo.

O encosto superiormente influente de Mourão no ministro Araújo e o controle absoluto da operação Venezuela assumido pelos militares, com o chega pra lá na demagogia irresponsável do Trump, está desidratando o “nosso estranho” chanceler.

Confirmadas essas observações e somadas à definição tipo “Robin Hood” da Reforma da Previdência (quem ganha mais paga mais), o governo Bolsonaro poderá disputar eleitorado mais amplo e até esvaziar algumas causas da esquerda, aproximando-se de um governo de união.

E mais importante, essas ações destacam esse governo como o principal adversário do lobby das poderosas e privilegiadas CORPORAÇÕES ESTATAIS, com ferramentas capazes de, em fim, ameaçar o regime PATRIMONIALISTA.

No entanto, não é pouca obra, se essa mudança radical nas relações de poder se verificar, completada com a promessa de desinchar a máquina do Estado.

Contendo esse revisionismo otimista, é importante ter presente que, mesmo golpeado pela Lava Jato, esse lobby burocrático não pode ser subestimado, suas raízes são extensas e profundas.

O regime marcou nossa cultura com o enaltecimento da esperteza em prejuízo do mérito. Longevo, tornou-se draconiano, como provaram disso os presidentes Jânio, Collor e Temer, que antes, independente de juízo de valor, atentaram contra seus privilégios.

Naquelas oportunidades, essa cúpula dos “servidores públicos” agia na sombra, mas hoje perdeu todo e qualquer escrúpulo, bastando observar a movimentação aberta da corporação judiciária, a mais poderosa e privilegiada, em defesa de seus penduricalhos milionários (os ilustres desembargadores suportariam publicá-los?).

 

Reforma da Previdência

Finalmente, é oportuno que se reconheça, uma eventual aprovação da Reforma da Previdência não provocará uma redução da fila dos desempregados nem um aumento da renda das maiorias, imediatamente.

Ao contrário, caso Paulo Guedes consiga prosseguir as reformas segundo sua cartilha neoliberal, haverá um agravamento desses quesitos, inicialmente.

Assim, essa “maldade” poderá, no entanto, ser compensada, se o prometido equilíbrio fiscal resultante propiciar melhorias nos serviços públicos afetos às maiorias e se, conforme promessa, a Reforma da Previdência reduzir as vergonhosas desigualdades de tratamento entre os diversos agentes no interior do Estado.

Apesar de tantas dúvidas por aqui, ainda bem que não somos governados autoritariamente por milhares de generais corrompidos e despreparados, que foram capazes de criar um impasse tão sombrio e na sofrida Venezuela.

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