A informação de que o governo autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança durante a manifestação na Esplanada dos Ministérios gerou tumulto hoje (24) no plenário da Câmara dos Deputados. Houve bate-boca e empurra-empurra entre parlamentares governistas e oposicionistas. A sessão foi suspensa, retomada e novamente paralisada. Uma reunião emergencial de líderes partidários está sendo realizada com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para debater a situação política no país.
Antes da suspensão dos trabalhos, o plenário discutia a Medida Provisória 767/17, que aumenta as carências para concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, no caso de o segurado perder essa condição junto ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e retomá-la posteriormente. Os deputados já questionavam a ação da Polícia Militar (PM) no protesto na Esplanada e pediam a realização de uma reunião do colégio de líderes, quando a notícia da autorização do uso de tropas federais repercutiu no plenário.
A decisão do Planalto foi tomada a pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após o acirramento do confronto entre a PM e os manifestantes. Os prédios dos ministérios foram evacuados e houve princípio de incêndio no da Agricultura. Ao informar sobre a decisão, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a medida foi necessária porque a marcha Ocupa Brasília, “prevista como pacífica, degringolou para a violência, desrespeito, ameaça às pessoas”.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa, a atuação das Forças Armadas se restringirá à área dos prédios dos ministérios e palácios e não incluirá o gramado da Esplanada. Ainda não há um efetivo confirmado.
GLO
A Garantia de Lei e da Ordem, conhecida como GLO, é regulada pela Constituição Federal, em seu Artigo 142, pela Lei Complementar 97, de 1999, e pelo Decreto 3897, de 2001. As operações de GLO concedem provisoriamente aos militares a faculdade de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.
Em medidas semelhantes, as Forças Armadas foram convocadas para garantir a segurança em grandes eventos como a Copa das Confederações, em 2013, quando houve uma série de protestos no país, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, no Rio de Janeiro. Também atuaram em situações extremas, como durante a greve de policiais no Espírito Santo.
Renúncia
Desde o início da tarde, manifestantes protestavam na Esplanada contra as reformas, pedem a saída de Temer e eleições diretas no país. O ato foi convocada por centrais sindicais.
Desde o início da tarde, manifestantes protestam na Esplanada contra as reformas, pedem a saída de Temer e eleições diretas no país. A manifestação, chamada Ocupa Brasília, foi convocada por centrais sindicais.
Parte dos manifestantes tentou furar o bloqueio feito pela Polícia Militar para isolar o gramado em frente ao Congresso Nacional. Com isso, os policiais atiraram bombas de efeito moral para dispersar. Teve início um tumulto e um grupo de manifestantes, usando máscaras ou cobrindo o rosto, começou a quebrar vidraças dos ministérios, orelhões, paradas de ônibus e banheiros químicos.
Alguns ministérios, como o da Fazenda, foram evacuados e os funcionários tiveram de deixar o prédio, que foi cercado por policiais. Segundo relator, houve princípio de incêndio no local. O Ministério da Agricultura foi evacuado depois que manifestantes entraram no prédio e colocaram fogo no auditório. De acordo com a assessoria, foram quebrados os quadros da galeria de ex-ministros.
Feridos
Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas no protesto. De acordo com a polícia, um manifestante foi atingido no rosto por um projétil. O homem foi socorrido por um médico que também participa do protesto e depois atendido pelo Corpo de Bombeiros e Samu. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) investiga o caso e não descarta que o ferido tenha sido atingido por arma de fogo.
A reportagem da Agência Brasil acompanhou outro atendimento, de um petroleiro de Macaé (RJ) que foi atingido por uma bomba de efeito moral. Uma repórter da TV Brasil foi atingida por estilhaços de bomba na perna, mas passa bem.
De acordo com a SSP, o Corpo de Bombeiros fez outros dois atendimentos, dentre eles o de um policial.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 35 mil manifestantes estavam na Esplanada dos Ministérios às 15h30. Uma grande bandeira verde amarela era carregada por várias pessoas, ao lado de cartazes contrários ao presidente Temer.
Durante o tumulto, um grupo de manifestantes encapuzado atirou pedras em direção à tropa de choque, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e tiros de bala de borracha. O grupo usa banheiros químicos como barricada, sendo que em alguns foram ateados fogo.
De dois carros de som, algumas lideranças do protesto, incluindo deputados federais, pediam que os policiais reagisse apenas contra quem os estava provocando. “Parem de atirar contra todos os trabalhadores”, disseram. Nos discursos, os líderes sindicais fizeram um apelo para que ambulâncias atendessem os feridos e que as forças policiiais recuassem.