A possibilidade de investigar as empresas públicas e privadas instaladas na Baixada Santista que praticaram demissões políticas e impediram a livre organização dos trabalhadores durante a ditadura civil-militar (1964-1985) será tema de uma audiência pública nesta sexta-feira (2), às 18 horas, na Câmara de Santos.
O evento é promovido pelo vereador Francisco Nogueira (PT).
Durante o encontro, também será discutida a proposta de averiguar a possível omissão e descaso das autoridades da época em relação às companhias instaladas no Polo Industrial de Cubatão e nas demais cidades da região que praticaram crimes ambientais, cujos efeitos prejudiciais são sentidos até hoje pela população local.
A audiência pública tem o objetivo de dar o pontapé inicial de uma discussão para viabilizar a apuração da contribuição de empresas localizadas na Baixada Santista em atividades da ditadura civil-militar, como já ocorre na Volkswagen.
Desde setembro de 2015, o Ministério Público Federal apura a colaboração da montadora de veículos com órgãos de repressão e violações de direitos humanos naquele período.
A proposta a ser concretizada na Baixada Santista segue um dos princípios da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que foi criada com a finalidade de efetivar o direito à memória e à verdade histórica, assim como promover a reconciliação nacional.
A ideia é que as empresas locais colaborem abrindo seus arquivos para que o Ministério Público e a sociedade civil possam prosseguir com as investigações diante do fim da CNV.
Um dos grupos de trabalho da CNV foi “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical”, que trouxe a informação que mais de 80 companhias do País estão envolvidas em envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários durante a ditadura civil-militar.