Detona Ralph | Boqnews

Opiniões

15 DE JANEIRO DE 2013

Detona Ralph

Por: Da Redação

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As crianças de hoje dificilmente vão sentir a sensação e a
ansiedade de se jogar em um fliperama – que, fora do Brasil, é conhecido como
Arcade. Não que seja difícil de encontrar alguma máquina para jogar, pelo contrário,
ainda existem muitas espalhadas por aí. Digo isso é pela falta de interesse: por
que gastar dinheiro com moedas que lhe darão direito a jogar com um número
determinado de “vidas”, se possuem infinitas delas na memória eletrônica do videogame
caseiro atualmente? Além disso, também têm a internet para fornecer diversos
macetes e dar “vidas” extras que deixariam o encanador italiano Mário, boquiaberto,
um arsenal de armas de causar inveja a Marcos Rossi, de “Metal Slug” e munição
o suficiente para acabar com qualquer exército alienígena em “Contra”.

Apresentando um potencial enorme de jogadores entre os anos
1970 e 80, – as máquinas eram encontradas com muita frequência na maioria dos
bares, restaurantes, cinemas e casas especializadas em quase todas as cidades
do país – no momento, ainda podem ser consideradas um passatempo divertido em
casas de entretenimento, mas logo estarão somente preservadas exclusivamente em
museus e em nossas memórias. E é nessa linha temática que o filme “Detona
Ralph” entra e acerta um “combo especial” na narrativa e nos envolve nos
bastidores do mundo dos games que, independente de quantas moedas inseridas,
têm muita “vida” e fôlego para jogar com o público.

“REPLACE coin”, a mensagem pisca na tela do mecanismo
eletrônico. Um desespero toma conta dos personagens que fazem o jogo acontecer
atrás da grande tela de vidro. Um deles, grita: “vamos, pessoal, o jogo já vai
começar!”

É delicioso se divertir imaginando esta situação realmente
acontecendo. Eu, pelo menos, já não considerado mais criança pelo estatuto da
maior idade, me senti hipnotizado por ver ganhando vida e sentimento humano, personagens,
mesmo que poucos, da minha infância como Robotnik e Sonic, Bowser (Mário
Bros.), Zangief e Bison (Street Fighter), Clyde (Pac-man), Kano (Mortal Kombat)
entre outros. É claro que alguns já apareceram em filmes, como é o caso de
Zangief e Bison no deprimente Street Fighter (1994) e de Kano, em Mortal Kombat
(1995). Mas, na produção da Disney, é realmente engraçado vê-los em uma espécie
de reunião anônima, onde só participam vilões com problemas e conflitos
emocionais.  Ao final de cada sessão, os
participantes, em coro, dizem: “Um jogo de cada vez” – uma sátira às frases
geralmente ditas no final das reuniões como a dos Alcoólicos Anônimos e dos Narcóticos
Anônimos.

O protagonista Ralph, desde o início, ganha o público. Sua
fala mansa e sincera nos faz acreditar que realmente a vida que ele leva como
vilão não está fazendo bem para ele. Já Félix, o “herói” do jogo, sustenta com
apreço seu papel glorioso, mas sem perder seu carisma. O estilo de jogo onde os
dois são personagens lembra muito uma mistura dos jogos “Rampage” e o clássico
“Donkey Kong Jr.” O assunto tratado na trama é relativo ao que o jogador sente
ao acabar com o vilão da história. O bem e o mal. Uma disputa básica e simples
para fazer um jogo de sucesso e muitos filmes também.

O longa insere muitas referências relativas a jogos
clássicos. Para conhecedores, uma vantagem para se encantar e se divertir ainda
mais com o filme, porém, nada que interfira de forma negativa para os leigos.
Até nisso há equilíbrio.

O enredo é básico: um vilão que quer conquistar sua medalha e
virar um herói. Como ele vai fazer isso? Causando confusão entre todos os jogos
da pequena loja de fliperamas, arriscando o futuro de algumas máquinas e
fazendo novas amizades. Um prato cheio para toda a família conferir.

O mais interessante é notar como foi cuidadosa e eficiente a
produção na construção dos efeitos gráficos e sonoros, além do próprio diálogo
entre os personagens. A todo o instante o espectador se sente com o joystick na
mão e olhando para um jogo em tempo real. Os movimentos são muito bem feitos.
Dependendo dos bits do game, as caricaturas se movem de acordo. Os sons
emitidos são fantásticos. Meio abafados e em tons agudos, dando a sensação que
estão saindo de caixas baratas de som. Existem gírias engraçadas que jogadores
usam no dia a dia para designar problemas nos jogos que são usadas nas frases
dos diálogos como: “Acho que você é um bug!”, ou “Será que deu tilt?”.  

Não, não posso deixar de citar os risos que me causaram uma
rosquinha e uma bomba de chocolate representando dois policiais no jogo “Rush
Candy”. Sátira nível “muito difícil”. Dei muita risada. Tudo é feito para que
imaginemos como pode ser um ambiente real por trás de simples placas
esverdeadas com transistores.

P.S.: Não saiam nos créditos. Existem cenas com os
personagens principais interagindo com outros jogos clássicos. É bem legal de
ver. Aliás, nunca saia da sala de cinema antes de acabar os créditos. Mesmo. O
momento faz parte de um processo neurológico que faz com que você consiga estabelecer
uma melhor capacidade de raciocínio diante de todas as imagens que acabará de
ver na telona.

Personagens memoráveis, enredo bem traçado e um trabalho de
arte impecável transforma “Detona Ralph” em uma das animações mais bem feita do
cinema. Com certeza entra para a lista dos melhores na categoria.

Aproveitando, deixo umas dicas de filmes. São outras
animações dos estúdios Disney que também fizeram bastante sucesso:

– Trilogia Toy Story

– Up – Altas Aventuras

– Ratatouille

– Bolt


Ficha técnica

Detona Ralph
(Wreck-It Ralph, 2012)

Direção: Rich
Moore

História:
Rich Moore, Phil Johnston e Jim Reardon

Roteiro: Phil
Johnston e Jennifer Lee

Vozes: John
C. Reilly (Ralph);

 Sarah Silverman (Vanellope); Jack McBrayer
(Felix)

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